VATICANO, Redacção •
23 de Abril, festa de São Jorge, dia do santo de Jorge Mário Bergoglio, Papa Francisco. O que faz o Papa para celebrar o dia da sua onomástica no meio da pandemia? Na Missa da manhã, reza pelas famílias com crianças que têm falta de dinheiro e comida nestes tempos. Depois dá, em vez de receber: dá ventiladores à Roménia, Itália e Espanha. Nestes tempos de tanta procura – que chegue mais apoio do Estado, que nos “devolvam” as Missas, que nos permitam sair à rua, que baixem os impostos, que nos dêem máscaras grátis, que, que… – o Papa Francisco dá. Com alegria. —
A sua oração na Missa da manhã dirige o nosso olhar para as famílias necessitadas – famílias como as dos jovens da Casa Madre de Tupãrenda no Paraguai, a Casa del Niño Padre José Kentenich en Florencio Varela e a Casa del Niño Maria de Nazaret em Villa Ballester, Argentina, Maria Ayuda no Chile, Dequeni no Paraguai, famílias como as que Juan Ramirez, de Ciudad del Este, Paraguai, juntamente com a Câmara de Comércio, ajuda eficazmente.
Francisco reza:
“Um dos efeitos desta pandemia faz-se sentir em muitos lugares: muitas famílias carenciadas e famintas e, infelizmente, o grupo de agiotas que as estão a ajudar. Esta é outra pandemia. A pandemia social: famílias de pessoas que têm um trabalho diário ou, infelizmente, um trabalho não declarado, que não podem trabalhar e não têm comida… com crianças. E depois os agiotas ficam com o pouco que têm. Rezemos. Oremos por estas famílias, pelas muitas crianças destas famílias, pela dignidade destas famílias, e oremos também pelos usurários: que o Senhor lhes toque o coração e os converta”.
Um abraço do Papa numa situação difícil para todos
No dia da sua onomástica, o Santo Padre fez um donativo de ventiladores, equipamento médico e material para os cuidados intensivos: máscaras, óculos de protecção para médicos e enfermeiros, luvas cirúrgicas, entre outros materiais.
Os presentes foram dados a partir de 23 de Abril aos hospitais da cidade de Suceava, na Roménia, local de um surto de Coronavírus no país, onde se esperam cinco ventiladores de última geração; outros dois irão para o hospital de Lecce, Itália, e três para Madrid, Espanha.
“Um belo sinal que cai neste dia específico em que o Santo Padre não recebe um presente, mas o dá a outros. Assim, o Cardeal Konrad Krajewski, o esmoler apostólico, contou ao VaticanNews o donativo iminente que ele define como “um abraço do Papa numa situação difícil para todo o mundo”.
“A Roménia está a viver uma verdadeira emergência. Na pequena cidade de Suceava, situada no nordeste do país, para onde vão os ventiladores, existe quase 25 % do total do contágio a nível nacional. A cidade, localizada na região mais pobre do país e da União Europeia, juntamente com vários municípios vizinhos, está em quarentena”.
Na Roménia, há mais de 527 vítimas e quase 10 mil infectadas. Os ventiladores e todo o material doado pelo Pontífice serão transportados por um voo no qual também viajará uma equipa de 11 médicos romenos e seis profissionais de saúde, enviados em 7 de Abril pelo Governo de Bucareste para o hospital de Lecce para trabalhar ao lado da Itália no momento mais duro da batalha contra o Coronavírus, informou o Vaticano
Do “café pendente” ao “medicamento pendente”.
Os três ventiladores em Madrid serão tratados pela Nunciatura, que, juntamente com o Cardeal Carlos Osoro Sierra, Arcebispo da capital espanhola, organizará o destino para os hospitais mais sofredores. O país ibérico está em confinamento até 9 de Maio, o número de pessoas infectadas ultrapassa 208.000, os mortos são mais de 21.000 e quase 86.000 foram curados do Coronavírus.
Dois ventiladores para o hospital de Lecce foram entregues no dia 23 de Abril pelo próprio Cardeal Krajewski. Na viagem de regresso ao Vaticano, o Esmoler fará uma paragem em Nápoles para receber os medicamentos para os pobres de Roma. “Como o ‘café pendente’ – explica o cardeal – a Arquidiocese promoveu o medicamento pendente e, para agradecer ao Papa a sua proximidade, durante a emergência do Coronavírus, prepararam medicamentos para os pobres de Roma”.
Querido Papa Francisco, ontem, ao tomar conhecimento deste donativo, perguntei a mim mesma: o que devo dar-lhe no dia do seu santo? Encontrei a resposta. O destino do meu presente está nesse livro que o Padre Peter Kühlcke lhe deu.
Com material de AICA, Argentina, e Religión Digital, Espanha
Original: espanhol (25/4/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
“Tenho saudades da comida da Casa Mãe de Tupãrenda” – Deêm-lhes vocês de comer (Mc 6,37)