Posted On 2020-10-22 In Artigos de Opinião

Abusos em Schoenstatt: um assunto a ser discutido

Luciana Rosas, Brasil •

À luz de todas as discussões sobre as acusações que envolvem o Padre Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt e principalmente sobre a forma de condução do assunto em vários círculos em Schoenstatt, passando inclusive pela Presidência Internacional, faz-se absolutamente necessário abrir o diálogo e discussão sobre o tema ‘abuso’ em Schoenstatt, de forma aberta, transparente e com objetividade. Até o presente momento muito se fala de abuso sexual – o que é certo, pela sua consequência na vida das pessoas e por, em geral, envolver menores de idade o que implica em sanções civis -, mas pouca importância se dá para abusos de poder e manipulação de consciência em Schoenstatt e na Igreja em geral, por um lado pela dificuldade de caracterizar e comprovar os abusos e por outro por parecer não ser tão devastador quanto o abuso sexual. —

Penso ser importante esclarecer os objetivos iniciais que norteiam este artigo e os motivos pelos quais se faz necessário ampliar (ou talvez iniciar) a discussão sobre os abusos que ocorrem dentro da estrutura de Schoenstatt.

  1. O sentimento de “água parada” que existe em relação ao assunto das denúncias feitas contra o Pe. José Kentenich, no que diz respeito ao andamento dos trabalhos e primeiras impressões sobre os documentos acessados no arquivo Vaticano;
  2. Muito já foi escrito, conversado e debatido sobre o assunto, mas sempre com um olhar “de fora”, ou seja, pessoas que analisam a situação de forma crítica e analítica, mas sem ter sofrido uma situação abusiva. Acredito que pode ser uma contribuição importante – e necessária – analisar o assunto a partir da perspectiva de quem sofreu isso dentro de Schoenstatt;
  3. Começarmos a abordar o assunto ‘abuso’ não somente da perspectiva sexual, o que em geral implica comunidades masculinas – sem se restringir a elas -, mas sim os abusos de poder e manipulação de consciência, a dificuldade de sua constatação e comprovação, sua amplitude e alto grau de impacto naqueles que sofrem, também – e especialmente – em comunidades femininas. Precisamos falar sobre isso.

Partindo de uma experiência pessoal

O dia 1 de julho de 2020 caiu como uma bomba para mim. Chegava a informação de que no dia seguinte seriam publicadas sérias acusações contra o Pe. Kentenich, sobre abusos sexual, de poder e consciência. De fato todo o enfoque estava nos chamados “abusos sexuais” que supostamente teriam sido denunciados, não se dando maior importância aos outros abusos que estariam contidos no material a ser publicado.

Pode parecer narcisista e até mesmo egoísta a expressão de que foi uma bomba para mim, pois de fato foi uma bomba para toda a família de Schoenstatt. Isso já foi discutido e abordado em vários e valiosos artigos aqui em schoenstatt.org. Para mim tornou-se um redemoinho de sentimentos, pois justamente chegava em um momento em que eu mesma abordava os abusos de poder e manipulação de consciência que havia sofrido dentro de Schoenstatt e sentia na pele as dificuldades de fazê-lo em pleno 2020. Por isso gostaria de apresentar uma contribuição sobre esse assunto a partir da perspectiva de quem o vivenciou.

Tudo se tornou potencialmente maior ao acompanhar a forma como o assunto se desenvolveu nos vários círculos de Schoenstatt. Pedidos de transparência por todo lado. Transparência. Abertura. Olhar nos olhos de cada um e poder dizer com veracidade os fatos. Sem véus. Respeito à Família, que deveria traduzir-se em compartilhar os assuntos delicados dentro da mesma família, e não que fôssemos pegos de surpresa por notícias dadas por terceiros. Muitos nos sentimos traídos. Eu, inclusive.

Passados mais de três meses desse tremor inicial, parece-me que pouco caminhamos em relação a esse assunto. O pedido – por que não dizer exigência – por transparência parece não ter sido plenamente ouvido. Faz poucas semanas que o postulador Pe. Eduardo Aguirre está trabalhando nos arquivos do Vaticano e ainda são poucas as notícias a respeito.

Também chama a atenção o excessivo foco na canonização do Pe. Kentenich, como se de fato, mais do que o esclarecimento dos fatos, o mais importante é manter o andamento do processo como tal. O processo de canonização é consequência da vida vivida pelo fundador da Obra e do assumir a missão, em plenitude, dos herdeiros da missão de Schoenstatt. Tendo em vista isto, além do esclarecimento histórico e a abertura e apresentação das análises e conclusões (e obviamente dos documentos necessários que as embase), deveria se aproveitar essa porta aberta a ponta pés pela Divina Providência para discutirmos quais elementos em Schoenstatt que não foram suficientemente discutidos e entendidos – e que foram apresentados pela Igreja – que podem conduzir às distorções de aplicação de princípios que, em si, são absolutamente válidos.

Esse tipo de condução de assuntos importantes e conflituosos nos introduz a um ponto delicado e causa de diversos conflitos em Schoenstatt, o chamado secretismo schoenstattiano.

O secretismo em Schoenstatt

Para os que pertencemos há bastante tempo a Schoenstatt, certamente não soa como novidade a utilização do termo ‘secretismo’. De acordo com a história e experiência de Schoenstatt de cada pessoa, em algum momento certamente nos deparamos com um (ou vários) assuntos ‘tabus’.

Como descrito no artigo ‘Sete teses em torno da atual discussão sobre o Pe. José Kentenich’, o primeiro ponto abordado chama-se ‘Abrir ao invés de ocultar’.  Segredos que são mantidos debaixo do tapete, quando vêm à tona, sempre despertam consternação e desconfiança. Assim aconteceu com o assunto das denúncias contra o Pe. Kentenich e assim seguirá sendo até que os dirigentes da Família entendam que os tempos mudaram, que a tratativa dos assuntos deve se adequar aos tempos atuais. Não é mais possível manter ‘segredos’ como se fazia há 50 anos. A facilidade de acesso à informação, bem como as investigações e as pressões por acesso a documentos públicos do Pe. Kentenich – que hoje circulam somente em ambientes absolutamente restritos das comunidades e em geral em alemão – nos obrigarão a abrir baús que até o momento permanecem ocultos.

Também as denúncias de abusos sofridos dentro da estrutura de Schoenstatt não podem ser tratadas como tabus ou como assuntos que devem ser ‘escondidos’ ou sussurrados em voz baixa, com o intuito de proteger a imagem de uma comunidade perante as demais em Schoenstatt ou mesmo da Igreja e da sociedade. Tratar documentos de uma investigação de abuso como documento interno, não dando acesso às vítimas a toda a informação recolhida com a justificativa de que “essas são as regras”, não responde mais aos desafios atuais. Regras. Isso não responde à vida. O secretismo não se sustenta e muito menos se sustentará no futuro.

Como bem resumem os autores Wilfried Röhrig e Klaus Glas, “a informação e a transparência são essenciais para uma comunidade”. Especialmente para uma família.

Deste secretismo schoenstattiano decorre uma corrente que costumo denominar de “catacumbas schoenstattianas”. E o que seriam essas catacumbas? São aqueles locais “ocultos” nos quais as pessoas se sentem livres para expor suas opiniões. Ainda há muito comportamento, postura e opinião que são dados em ambiente institucional para depois serem contraditos em ambientes ocultos, ou mesmo que só são compartilhados nessas catacumbas.

Como colaboradora deste canal de informação aberto de Schoenstatt já experimentei como há falta de liberdade interior nas coisas mais simples, como comentar um artigo e expressar opinião. “O que pensará meu superior? Meu assessor, meu coordenador? Não vão me repreender?”. E nas chamadas catacumbas haver troca de opinião e contribuição. Schoenstatt, reino da liberdade. Pelo visto, liberdade do vizinho.

Secretismo e falta de liberdade interior. O Schoenstatt do homem novo na nova comunidade não poderia, por sua própria estrutura, necessitar de catacumbas nas quais se sussurrem opiniões.

Pontos de atenção do visitador Stein e a realidade atual de Schoenstatt

Tendo em vista a primeira motivação para este artigo, ao pensar sobre as denúncias apresentadas e toda a discussão decorrida disso, a primeira pergunta que sempre vem à minha mente é: Será que Bernhard Stein realmente não entendeu nada sobre Schoenstatt? Estaria ele efetivamente infectado pelo “bacilo do mecanicismo” como pode ser lido na Epistola Perlonga escrita pelo Padre Kentenich? Responder essas perguntas não é tarefa fácil, mas é necessário abrir este ponto de discussão e não receber isso apenas como um “ele não entendeu Schoenstatt”, como muitas vezes ouvimos em nossos círculos ou como um jogo no qual há o time Pe. Kentenich e o time Stein (Igreja).

1Princípio x Aplicabilidade

Em uma palestra dada por Ignacio Serrano del Pozo (União Masculina de Schoenstatt) à família da Rancagua, Chile (link em espanhol), na qual trata de explicar o contexto histórico das acusações, são apresentados os principais pontos destacados no informe do visitador Bernhard Stein, visita esta que aconteceu entre 19 e 28 de fevereiro de 1949. Ao ler o que é descrito no informe, pode-se dar conta perfeitamente de que a crítica não está no princípio, nem mesmo no princípio pedagógico, mas sim de sua aplicabilidade e as deturpações que podem decorrer disso, como bem sinaliza Ignacio em sua explanação.

“O ‘problema Schoenstatt’ não é, em primeiro lugar, de caráter dogmático-doutrinário, mas sim pedagógico-prático. (…) é necessário chamar a atenção sobre alguns perigos, desvios e má formações que podem ser suscitadas, e que de fato foram suscitadas, como consequência da aplicação prática de princípios dogmáticos e pedagógicos pastorais que são, em si, irrepreensíveis” (Relatório da primeira visita de Bernhard Stein).

Isto deveria chamar nossa atenção ao deparar-nos atualmente com várias denúncias de abuso por parte de herdeiros da missão do Padre Kentenich. Não se trata de condenar o princípio, mas sim à forma como este princípio é aplicado nas relações entre as pessoas, entre autoridade e membros de comunidades, entre assessores e membros da família de Schoenstatt.

A não compreensão do princípio, ou melhor, o mau uso do mesmo, inexoravelmente pode conduzir-nos a atitudes autoritárias e abusivas por parte de pessoas que têm poder, seja este institucional (como superiores de comunidades), seja ele moral (quando se dão relações de confiança entre quem conduz e os que se permitem ser conduzidos).

Mas a compreensão deste assunto só pode se dar na medida em que Schoenstatt como um todo se abra à discussão do tema. Não há como trabalhar, esclarecer e lutar para que situações de abuso não se repitam, se não há abertura institucional para a discussão aberta deste ponto delicado. Isso porque, a formação de assessores – por exemplo – em ambientes abusivos pode conduzir a repetição do padrão na condução de ramos da Família de Schoenstatt.

2Paternidade x Liberdade Interior

Outro ponto importante sinalizado pelo visitador Stein está na relação do Padre Kentenich com a então comunidade das Irmãs de Maria, claramente por ser esta a mais numerosa e mais bem constituída à época. Nesta relação o princípio da paternidade é questionado, bem como a centralidade da pessoa do Padre Kentenich na vida comunitária das Irmãs de Maria, podendo levar a uma falta de liberdade interior, pois tudo estaria submetido à vontade do “pai”.

Como schoenstattianos sempre dizemos que somos parte de uma família, e como tal, esta deveria ter a figura do pai e da mãe. Do ponto de vista do princípio, sendo este bem formulado e aplicado, não deveria conduzir a distorções, porém a não compreensão do princípio, pode levar à associação da infalibilidade, seja do pai ou da mãe, significando obediência absoluta, inquestionável, cega e completa falta de liberdade para questionar e apresentar outro ponto de vista. Qual o nome disso? Falta de liberdade interior, como bem sinaliza Stein no trecho abaixo de seu relatório:

“Uma e outra vez se deparou com a tão característica falta de liberdade interior, a falta de autonomia e a insegurança das Irmãs de Maria. De fato, são geralmente pessoas valiosas e boa parte delas também com grande capacidade intelectual. No entanto, sua união à personalidade fascinante do diretor do Movimento é tão poderosa e estreita, que suas decisões e critérios significam para elas na prática a última regra. Esta atitude radica, em parte, no convencimento real da infalibilidade pessoal do Pe. Kentenich, e em parte também, em uma ‘filialidade’ primitiva e doentia” (Relatório da primeira visita de Bernhard Stein).

Portanto, vale ampliar e aprofundar a discussão sobre a visitação, vendo através dos véus que muitas vezes nos são colocados ou mesmo rever a posição de que de um lado está o Pe. Kentenich e de outro a Igreja – na pessoa do visitador Stein.

O abuso espiritual

Demora-se muito tempo para que se possa dar conta de que se está sofrendo abuso espiritual. Esse conceito é desenvolvido no livro El sutil poder del abuso espiritual, de David Johnson e Jeff Van Vonderen. Especialmente quando a comunidade – a família – não atua no sentido de proteger e atuar para que os abusos não aconteçam.

Neste livro, os autores abordam a dificuldade de perceber o abuso sofrido e a dificuldade em denunciá-lo:

  1. Em um sistema abusivo diz-se que você é o ‘problema’ quando você nota um problema;
  2. Reconhecer o abuso em voz alta traz o sentimento de que você está sendo desleal à família, à Igreja e inclusive a Deus;
  3. Quem experimentou o abuso espiritual como algo ‘normal’, perdeu a noção do que realmente é normal, por isso o denominar a situação sofrida como ‘abuso’ pode soar exagerado;
  4. A negação humana também é um fator de dificuldade. A negação é uma habilidade que Deus dá para retardar a impressão de uma forte dor emocional, psicológica ou espiritual;
  5. Repressão, pois o que se experimenta está além de qualquer coisa de que se tem a capacidade de processar conscientemente;
  6. A vergonha de assumir por ter-se permitido permanecer em um ambiente claramente abusivo.

Arrisco-me a agregar mais dois elementos: medo e rejeição. Ao contrário do que muitas vezes se lê sobre o acolhimento das vítimas, o medo de denunciar e a rejeição que se sofre por parte de quem provocou e de quem permitiu o abuso – que sob muitos aspectos tem uma responsabilidade maior que o próprio abusador – é um fator de dor incrivelmente profundo.

É absolutamente necessário falar sobre o abuso de poder e manipulação de consciência nos círculos religiosos, em Schoenstatt, também porque é a partir destes abusos que decorrem os abusos sexuais que são denunciados. É pela confiança plena em que o abusador é representação do divino que permite que esses abusos aconteçam. E também o sentimento de culpa que advém da pessoa que sofreu o abuso.

Portanto, há um chamado claro para que se extrapole as denúncias ao Pe. Kentenich – que devem ser esclarecidas de forma documental e contundente – para o entendimento e discussão sobre quais os pontos levantados pela Igreja que foram pouco explorados e estudados em Schoenstatt e que hoje permitem distorções de aplicabilidade do princípio pedagógico de Schoenstatt.

Família?

Muitas vezes me questionei sobre isso: somos parte realmente de uma família? Ou somos tratados como crianças pequenas, infantilizados, que não temos a capacidade crítica de receber e processar determinadas informações? Quais são os critérios – e quem os determina – para que determinados assuntos sejam acessados e outros não por membros da Família de Schoenstatt?

Se somos família, pertencemos a um círculo de confiança no qual todos esses questionamentos são acolhidos e discutidos em amor, liberdade e respeito mútuos. Colocar uma tampa sobre qualquer assunto não faz com o mesmo seja resolvido, pelo contrário, cria-se mais desconfiança e desinformação. Se nos apresentamos como Família, precisamos exercitar mais os princípios básicos do ambiente familiar: tranquilidade de sermos quem somos, confiança de apresentar nossas questões (sejam elas quais forem) e transparência no trato dos assuntos.

Oportunidade para rever a forma de atuar dos herdeiros espirituais do Pe. Kentenich

Ao abordar com distância e maturidade as denúncias que foram apresentadas contra o Pe. Kentenich – e das quais seguimos aguardando um posicionamento formal sobre o andamento do atual trabalho – pode-se perceber um convite de Deus para que nós, herdeiros da missão, possamos revisar nossa forma de atuar. De forma especial os que possuem cargos e responsabilidade na condução de pessoas em Schoenstatt.

Acredito que há um convite direto da Providência nesse sentido. Talvez poderíamos tirar um pouco o foco tão reforçado na causa de canonização (que mais do que causa, é consequência), e aproveitar esse momento para crescermos e amadurecermos como Família de Schoenstatt.

Partindo do pressuposto de que o problema não está no princípio, mas sim na prática, podemos claramente perceber que há muito caminho a ser percorrido neste sentido por Schoenstatt. Espero que o convite que Deus nos faz seja aceito e vivenciado de forma plena. Que sejamos um belo lugar no qual reine o princípio da verdade e da transparência.


Luciana Rosas tem 39 anos e mora em Curitiba, Brasil. É economista e aspirante a psicóloga. Tradutora e Social Media Manager de schoenstatt.org.
É membro do Movimento de Schoenstatt desde 1994. Atua em temas circundantes à defesa da mulher, inclusão de minorias e Direitos Humanos. Atualmente pesquisa os impactos de temas de fronteira na Igreja, especialmente questões de abuso de poder, moral, sexual e de consciência.
Sonhadora e lutadora. Apaixonada por Schoenstatt e pela liberdade.

 

 

 

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25 Responses

  1. Vejo muito vitimismo nessas linhas.
    Sou schoenstateana desde os 15 anos.
    Devo o que sou à influência que recebi dos assessores, do PAI E FUNDADOR e da Mãe de Deus.
    Não pertenço a nenhum grupo de elite, conforme coloca no texto e ainda assim não me sinto traída ou enganada, porque li tudo isso que é exposto agora, quando estava na juventude.
    Abusos de poder podem existir em qualquer lugar, porque somos todos pecadores.
    FAÇA disso a sua força.

    • R says:

      Amanda, qual é o conteúdo que você leu na juventude? Por favor nos ajude a compreender melhor, creio que as informações trazidas à tona sobre abusos nos últimos anos (sexuais no Chile por parte de padres, espirituais por superiores e os supostos e não esclarecidos por parte de JK) são chocantes para toda a família, mesmo membros antigos.
      No meu entendimento o que se coloca no artigo é um convite a falar do tema, não presumir que na terra da liberdade não possa acontecer escravidão. Os abusos estão vindo a tona (não me refiro aos supostos de JK) e boas experiências não invalidam experiências abusivas. Por isso é importante falar sobre o tema, tratar as feridas para que possam cicatrizar. Sem tabus, sem esconder.

    • Diego says:

      Perfeito comentário, Amanda. Excelente! Parabéns.

    • Joana says:

      Amanda, vc chama de vitimismo alguém que foi abusada? Que desalmada e sem coração você é. Schoenstatt forma gente pouco humanas assim? Eu tô fora!

  2. Pedro Parizotto says:

    Luciana,

    Excelente artigo.
    Não culpa mas convida a reflexão.
    Tratar com transparência, na minha opinião, vai esclarecer os fatos e não vai diminuir a importância da Obra de Schoenstatt como pedagogia e resposta para o mundo.

    Continuar com o “secretismo” só aumenta o tamanho do problema, seja olhando pelo lado institucional, seja olhando pelo lado das possiveis vitimas de abuso. Qualquer “empresa” hoje em dia sabe que precisa criar canais de confiança e transparência para que as pessoas se sintam à vontade para falar de abuso.

  3. Romário Souza says:

    Cara Nathan Ostrovski! Sua linguagem na escrita, não representa o Jumas Brasil!
    Sem mais….

  4. Moderação says:

    Em nome da equipa editorial de schoenstatt.org agradecemos a todos os comentadores.
    Pedimos para não abusar deste espaço que oferecemos para comentar este mesmo artigo.
    Neste artigo, não falamos do que o Pe. Kentenich fez ou não fez, e muito menos das denúncias da Sra. Teuffenbach. Há muitos outros artigos sobre estes tópicos onde pode comentar.
    Comentários com ligações externas e especialmente com textos que não aparecem em PT, são eliminados.
    Muito obrigado.

  5. Agradeço por essa transparência e por expor de maneira clara, sensível e direta muitas coisas que eu senti a 3 meses atras como o sentimento de terem encoberto parte da história dos proprios membros do movimento e ficarmos sabendo de tais fatos por terceiros.
    Sou imensamente grata por pertencer e ter conhecido Schoenstatt, aqui formei valores, amizades e princípios mas se faz necessário olhar com um olhar mais maduro de fato toda a estrutura de Schoenstatt e termos uma atitude de fato de liberdade interior

  6. Lena Castro Valente says:

    Para além do artigo li, também, os comentários com muita atenção. Encontrei um claro denominador comum entre eles. Estou há 42 anos no Movimento e, também tenho uma história a contar de rejeição por “ousar” pôr o dedo em feridas que estavam “tapadas” com ligaduras … Agadeço muito tudo o que vivi e aprendi em Schoenstatt que, por ter entrado ainda jovem, me ajudou a formar e a lançar sobre a vida um olhar diferente do mundo que me rodeava. Não esqueçamos que, em Portugal a revolução do 25 de Abril era recente e tudo o que, até então, tinha sido proibido e escondido passou a ser muito cool o que levou muito boa gente a enveredar por caminhos que eu agradeço não ter seguido. Há muitas coisas que encontrei em Schoenstatt que me agradaram muito: Liberdade quanta possível, vínculos só os necessários (detesto ser obrigada a fazer coisas que, ou o meu coração não tenha escolhido fazer ou que, por ele próprio, eu já tivesse decidido realizar). O conceito de um pai (tive um pai extraordinário na terra mas, sentir e viver a paternidade do Fundador foi sempre um bálsamo para mim). O ser família (tenho amigos muito bons mas, a família é essencial para mim. Os melhores amigos que tenho são os que considero minha família). Para não ir mais longe nas considerações, destes três pontos o único pilar que se tem mantido sólido e inabalável é a paternidade do Fundador. Ser schoenstatteana não tem sido nada fácil, tenho vivido o bunker de Coblença, o inferno de Dachau e o desterro de Milwaukee… Já na década de 90, na Família a que pertenço eu defendia a ideia de um olhar “para dentro” para se poder debater estes temas a que o artigo faz referência… Não funcionávamos como família, era melhor calarmos que, ousarmos erguer a voz, etc. Etc. Nunca se fez. Tenho, com este artigo e com os comentários que levantou, a certeza que tudo isto é transversal no mundo de Schoenstatt espalhado pelo mundo. Mas, conscientemente, não quero tomar a nuvem por Juno. Há também a outra face da realidade de um mundo de Schoenstatt cheio de gente que só quis sempre seguir os princípios pedagógicos de Schoenstatt na sua pureza e agiu sempre correctamente e inclusivamente foram santos de verdade já na terra. Quando em 1999 no Chile nas comemorações dos 50 anos do 31 de Maio, na Missa do dia 30 vi entrar em procissão os rostos dos nossos santos (muitos deles completamente anónimos) senti algo incapaz de ser explicado: uma plenitude, um estremecimento interior…
    Sempre procurei que tudo o que tenho sofrido de abuso de consciência não limitasse o prosseguir da Missão dentro de Schoenstatt para a Igreja e para o mundo. Eu não trabalho para as pessoas que “mandam” mas sim para Deus Pai, para a Mãe, para Jesus com o auxílio do Espírito Santo. Se não pensasse assim já tinha batido a porta há muito tempo. Foram Eles que me chamaram para Schoenstatt só Eles me podem tirar de lá. E, de cada vez que hesito, peço à Querida Mãe que me mostre o caminho…até à data nunca me mostrou a porta de saída de nada… Ainda há poucos dias Lhe fiz esse pedido e, quando estava muito triste veio logo um sinal que me indicou que tenho aqui, nas diferentes instâncias, o meu lugar. Podem calar a minha voz, agir deselegantemente comigo, se Eles querem, eu permaneço. Penso que, temos hoje uma oportunidade tremenda para emendar muita coisa que, em Schoenstatt, não funciona, todos somos responsáveis pelo estado de coisas, não adianta apontar o dedo a ninguém se, eu não o apontar a mim própria para descobrir em que agi mal (ou pequei por omissão para não ter aborrecimentos) e para reverter as situações. Olhar cada um para a sua consciência…fazer um trabalho de correção interior…ter a coragem de pedir desculpa…e, só então partirmos para a discussão global. Schoenstatt, a Igreja e o Mundo merecem e esperam isso. Nos cum prole pia…

  7. Edso Luiz Mocelin says:

    LUCIANA, INFELIZMENTE NÃO POSSO TE DAR OS PARABÉNS! Sou Edso Mocelin, esposo da Luciana. Somos do XV Curso da União de Famílias e, respeitando o seu modo de pensar, também me sinto na liberdade de colocar uma posição pessoal, não em nome da União de Famílias.
    Primeiramente gostaria de alertar a todos que o site schoenstatt.org NÃO é um site oficial do Movimento, como já divulgado em alguns comunicados, este assunto é longo e não entrarei em detalhes aqui.
    O seu texto e os comentários escritos até agora refletem opiniões de pessoas que saíram das Comunidades de Schoenstatt e que, provavelmente, tiveram experiências negativas que ainda não superaram. Segue abaixo a opinião de quem NUNCA sofreu nenhum abuso de autoridade, pelo contrário, para mim Schoenstatt é uma verdadeira família de amor no meu dia a dia.
    Concordo com autorreflexão, só não concordo com a forma com que é falado que, em Schoenstatt, existe abuso de poder. Se fosse assim eu teria sentido ao menos uma vez, nos últimos 19 anos, alguma retaliação pelo meu modo de pensar e agir. Muito pelo contrário, tenho dirigentes extremamente atenciosos e amorosos onde percebo um amor concreto que os leva a doarem suas vidas pela Comunidade, por minha família; gestos concretos de doação e sacrifício que experimento diariamente. Tenho certeza de que muitas outras pessoas pensam assim também.
    Tenho 57 anos. Nas décadas de 80 e 90, conheci diversas Comunidades, com diversos carismas, devido a minha participação na Renovação Carismática Católica e ao trabalho que exercia a nível nacional. Existem comunidades de todos os tipos, algumas com estruturas mais leves e outras bem rígidas. Depois que Deus me chamou para caminhar em Schoenstatt, posso afirmar, com muita segurança que, em nosso Movimento, há muito mais liberdade e autonomia do que vi em outras Comunidades.
    Em um dos comentários ao seu texto, a pessoa disse que as Irmãs de Maria não tinham autonomia e dependiam em tudo do Fundador. Não concordo. Se elas não tivessem autonomia, como teriam “sobrevivido” em outros países, sozinhas, quando o Fundador as enviou em missão? Elas aprenderam outras línguas, construíram Santuários, cresceram como Comunidade, fundaram escolas, exerceram inúmeros apostolados, estão se preparando para comemorar 100 anos de fundação. Então elas tinham muita autonomia, pelos frutos se conhece a árvore. Realmente acusar o Pai e Fundador de abuso de autoridade é para quem não conhece a história e a vida do fundador e toda a pedagogia que ele nos deixou.
    E aí você pode dizer que o problema de abuso de poder não é com o Pai e Fundador e, sim, com os superiores de hoje. Ok, isto pode acontecer, faz parte da humanidade das Comunidades. Com certeza superiores acertam e erram, pois são seres humanos, não são anjos. Quantos Santos na história da Igreja tiveram problemas com autoridades! Veja a história do Padre Pio. Muitos Santos se santificaram justamente por meio das autoridades que erraram com eles. Apontar os erros dos superiores é fácil, o difícil é estar no lugar deles e ter que compreender todos os irmãos, os fáceis e os difíceis.
    Você comenta, também, que o problema não está no princípio e sim na prática. Lógico, o princípio é santo, é correto, mas são “pessoas” que tentam vivê-los. Tenho um amigo que diz: “a Bíblia está certíssima, mas eu não consigo segui-la”. É uma questão de caminhada, um processo. A Igreja é santa e pecadora, isto se aplica às Comunidades também… santas e pecadoras. Família de Schoenstatt santa e pecadora. Então, por que focar somente nas coisas negativas, sendo que existem tantas coisas positivas, tantas experiências maravilhosas?
    É natural, também, que em todas as Comunidades possa haver a saída de membros. Alguns percebem que não era seu chamado, que queriam seguir outro caminho, não há nada errado com isso, outros até foram realmente injustiçadas, isto acontece. O que não é adequado é guardar rancor, não seguir sua vida em paz, ficar remoendo a saída… isto não faz bem para as pessoas que saíram, elas precisam se libertar disto.
    O momento que estamos vivendo nos pede unidade em torno da Obra a que pertencemos. Unidade em torno do nosso Pai e Fundador. Unidade como herdeiros de um carisma e membros de uma mesma Família!!

    • Lena Castro Valente says:

      Caro Edso
      Apenas para deixar claro que a página schoenstatt.org não sendo, desde há pouco tempo, a página oficial de Schoenstatt também não é a página CLANDESTINA de Schoenstatt. Quando não havia página oficial a Presidência de Schoenstatt usava schoenstatt.org para comunicar à Família coisas muito importantes. Este site é um domínio que tem padres de Schoenstatt, um deles Bispo, para além de inúmeros articulistas de grande nível. No campo dos tradutores encontramos o mesmo nível de competência ( eu por exemplo, sou economista com formação jurídica). Somos plurais. Tem lido a página oficial? Até a nível de tradução já encontrei esta pérola ” la crisis del coronavirus” traduzida em português como “a crise da Coroa”. Penso que é uma página que, ainda tem muita estrada para andar, visto que, só recentemente foi dada à luz. Sejamos verdadeiramente schoenstatteanos e leiamos as duas páginas sem preconceitos de qualquer tipo nem exclusões desnecessárias. Obrigada pela sua atenção.

    • Anonimo says:

      Pertenço ao movimento de Schoenstatt a mais de 20 anos… Já sofri sim abusos de autoridade e já vi também outros sofrem…. Já vi muita gente voltar pra casa contra sua vontade. Por autoridades que deveriam cuidar delas e não cuidaram se desfizeram jogaram fora tantas mentes e pessoas brilhantes. Pessoas que olhamos e vemos Deus….
      Permaneço no movimento por que acredito nessa parte Santa na parte da mãe de Deus que acredito mora no nosso Santuário ela realmente veio ficar conosco apesar de tantos erros…
      Não estou aqui para julgar, não sou juiz.
      Mas que o movimento Precisa sim passar por uma reforma tenho certeza.
      Veja este próximo artigo e tirem suas conclusões

    • Nathan Ostrovski (Jumas Brasil) says:

      Edson Mocelin, você fala desde a sua percepção pessoal. Fala do ponto de vista de homem, branco, cristão, casado com uma pessoa que igualmente possui as mesmas dimensões de vida. É o típico discurso de classe de quem não passa por abuso por não representar uma condição que seria oportuna para manipuladores. Dificilmente no escopo das famílias de Schoenstatt se apresenta esse tipo de situação pois vocês não vivem em comunidades. O que difere dos institutos seculares. Portanto, você perdeu uma bela oportunidade de ficar calado. É realmente uma besteira sem tamanho esse conjunto de rebosteio que você escreve, atacando a vida pessoal da autora para defender os abusadores. Eles existem. Estou vibrando com o livro publicado pela Alexandra Von Teufbach pois ele vai colocar esse discurso todo de defesa do abusador no chinelo. Veremos com o tempo que o caminho entre a honra dos altares e o inferno vai ser reto e certeiro para o Kentenich. Em nome de todas as almas que clamam por justiça, IRMÃ ANNE, PRESENTE!

    • Rosana says:

      Prezado Edso Mocelin,
      Vou apenas comentar suas últimas considerações, tendo em vista meu respeito por você e sua esposa, a Luciana Mocelin, que conheço desde o período em que fomos da Juventude Feminina. Hoje sou casada, mãe, médica e pertenço igualmente ao movimento, na dimensão da Liga das Famílias.

      O momento que estamos vivendo nos pede unidade em torno da Obra a que pertencemos?
      CONCORDO.

      Unidade em torno do nosso Pai e Fundador?
      DISCORDO! FATOS E DOCUMENTOS DEMONSTRAM QUE ELE SAIU DE DACHAU TENDO COMPORTAMENTOS INADEQUADOS. QUE HUMILHAVA E APLICAVA GESTOS MEDIEVAIS ÀS IRMÃS DE MARIA MESMO APÓS MUDANÇAS ADVINDAS COM O CONCÍLIO VATICANO II. ELE MERECE SER ESTUDADO MELHOR, PESQUISADO E, COMO NO CASO DOS LEGIONÁRIOS DE CRISTO, SUA FIGURA SE COMPROVADA INADEQUADA, POR MAIS QUE TENHA SIDO INSPIRADO A UM CARISMA, RETIRADA DE CIRCULAÇÃO. CREIO QUE O PROCESSO DE CANONIZAÇÃO DELE NUNCA FOI PARA A FRENTE JUSTAMENTE PORQUÊ A IGREJA TINHA CIÊNCIA DESSES ABSURDOS E EM MEIO A ISSO TUDO NÃO PODEMOS SILENCIAR. HÁ SIM ALGO DE MUITO ERRADO EM DISTORCOES E SITUACOES ENVOLVENDO O PASSADO DO PADRE KENTENICH E O MOMENTO AGORA REQUER CAUTELA E MUITA TRANSPARENCIA, O QUE ATÉ O MOMENTO A PRESIDENCIA DA OBRA NAO FEZ.

      Unidade como herdeiros de um carisma e membros de uma mesma Família?
      CONCORDO. E para isto é necessário esclarecer a verdade e seguir adiante, aprender com a história e renovar nossa Aliança, que é com Deus e com sua mãe.

      Obrigada.

      • Lena Castro Valente says:

        Queridas Rosana e Helena Van Dun

        Nenhuma de nós conviveu com o Padre Kentenich nesta terra. Nenhuma de nós leu os documentos do Vaticano ou os de Schoenstatt… A drª Von Teuffenbach só teve acesso aos documentos do Arquivo do Vaticano até ao ano de 1958. A partir daí, tudo permanece Top secret. Não defendo, nem ataco o Padre Kentenich…E, o que nos dirão os documentos até 1965, quando forem tornados públicos????? Parece-me que publicar um livro com tanta lacuna será, mal comparado, pegar num romance de 1000 páginas, ler apenas as 40 primeiras que conformam o 1º capítulo e dizer, com segurança, como é a trama da história e o final do romance.
        Penso que a atitude mais sábia é aguardar. Esperar para ver. No mundo em que vivemos nunca é de desprezar o querer ganhar dinheiro à custa de “bombas” lançadas para o www, ou plasmadas em papel… É um mundo estranho…complexo.
        Unida na Aliança
        Lena Castro Valente

    • Helena Van Dun says:

      Prezado Edso, tanta vida na Igreja e um pensamento tão raso… Chega a dar pena… O Evangelho nos diz: “Não há nada escondido que um dia não seja descoberto, e nada secreto que não deva ser conhecido e divulgado.” (Lucas 8, 17) Vamos aguardar o lançamento oficial do livro da Alexandra Von Teuffenbach, que já está disponível para compra e download na Amazon e ver se a verdade é isto mesmo. Infelizmente, tenho más notícias para você: há provas muito contundentes nos arquivos do Vaticano que demonstram que há abusos em Schoenstatt sim. E histórico recente especialmente no Chile de que o comportamento do fundador continuou em seus seguidores.

  8. Ana Beatriz Pinto says:

    Querida Luciana, ler seu texto é inspirador. Creio que nos faz refletir sobre a necessidade de se aparar arestas importantes e provocar o hábito do diálogo na Igreja. Cada movimento tem seu estatuto e regras, além do desejo de canonizar seus fundadores. Por essa razão, ter clareza e transparência quanto aos questionamentos levantados pela Sra. Von Teuffenbach é válido – eles podem contribuir para clarificar este importante momento que o Movimento de Schoenstatt passa. Sem dúvida alguma, tal ocasião é oportunidade para revisar acertos e pontos a melhorar. Indiferentemente do fundador ter sido ou não uma pessoa incoerente, se será canonizado ou não, cabe muito bem discutir o comportamento dele para formar padrões de atuais comportamentos de membros da Obra, de modo a se traçar perspectivas para o enfrentamento desse tipo de problema. Somos parte de uma Igreja Santa e pecadora, por isso, desejo com todo coração que essa situação seja ocasião para avaliar realidades e um impulso à uma vida no Ideal.

  9. Andrea says:

    Lu, meus parabéns pelo artigo! Sua iniciativa é muito importante para a sociedade! Abusos devem ser denunciados e tratados com as devidas providências! É certo que as marcas que deixam não serão apagadas com esta atitude, mas ela é fundamental para proteger outras pessoas de terem as mesmas marcas, além de encorajar outras vítimas a abrirem seus corações, liberando um pouco da angústia causadora de sequelas emocionais gravíssimas. Tenha a certeza que você está ajudando a inibir o comportamento abusivo e fazendo a diferença na vida de muitas pessoas! Imagino que não seja fácil escrever sobre o assunto e mais difícil ainda foi vivê-lo, mas não se calar foi a atitude mais nobre que pode ter por si mesma e pelo próximo! O mundo agradece! Por mais pessoas como você!!!!🙌🏻🙏🏻

  10. Marcus Vinicius says:

    Apesar de toda dor e sofrimento, quero dar parabéns à autora e ao Movimento por terem a coragem de tocar na ferida, de encarar de frente essa terrível situação. O Espírito Santo de Deus, que é paz, amor, reconciliação, ajude vcs nesse momento. Continuem firmes, porque esse é o caminho de uma Igreja pobre, que reconhece suas fraquezas para se fortalecer na Cruz de seu Deus. Abraço a todos.

  11. . says:

    Gostaria de parabenizar o site pela transparência em abordar este tema tão delicado e ao mesmo tempo tão PERTINENTE ao momento atual em que o Movimento de Schoenstatt passa. Ter a figura de um Fundador suspeito de abusos, com registros históricos e provas cabíveis de que o que a pseudo-história contada a nós, schoenstatteanos, seria um tanto quanto distorcida… e esse tema toca meu coração profundamente.

    Vivi por um período significativo da minha vida no movimento. Fui Apóstola Luzente de Maria, depois ingressei na Juventude Feminina e, por fim, fiz um discernimento vocacional que me levou a entrar no Juvenato da comunidade das Irmãs de Maria de Schoenstatt – como não poderia ser surpresa para muitos, posso assinar embaixo de cada palavra aqui descrita. Pude ao longo de 15 anos experimentar na pele a dor de um abuso psicológico muito forte.

    E, se de fato este tipo de comportamento iniciou com o Fundador, que para nós era sempre colocado como um “Pai”, tal procedimento imediatamente passou a fazer SIM, parte do modo de agir de muitas pessoas com exercício de autoridade no movimento. O que se vive dentro dos institutos é realmente URGENTE E NECESSÁRIO SER REVISADO! Vidas são sufocadas e muitas vocações perdidas por conta desse mecanismo de autoritarismo, dominação e persuasão.

    E esta é uma realidade implacável, que senti na pele e que observei ser motivo de muita dor para muitas mulheres que como eu fizeram parte da comunidade das Irmãs de Maria. Depois de momentos de grande sofrimento, reflexões, orações, um profundo empenho em viver o Ideal de Schoenstatt, sinto-me impelida na “consciência” a apresentar a minha adesão a este texto tão sensível e verdadeiro.

    Depois de profundas reflexões, amadurecidas sob o fogo da dor – ousaria dizer que minha vida no Instituto das Irmãs de Maria foi uma lenta subida ao Calvário para experimentar as dores de uma cruz de abusos que arrastei por anos – teria pois esta realidade é sim, dura e “crua”.

    Com a única finalidade de contribuir com esse diálogo e necessidade de TRANSPARENCIA, relato aqui fatos vivenciados no sentido de ABUSO ESPIRITUAL, fruto da minha experiência de vida em todos esses anos.

    Há anos (não é a partir de hoje, pela situação que agora se apresenta e que conhecemos), tenho tido que perceber que o Centro da Obra se fechou num sistema onde a unidade se vive unilateralmente e não mais na reciprocidade que é a proposta de uma Pedagogia diferenciada. A um certo grau, a obsessão de ter de “salvar a Obra” e canonizar o Fundador acima de tudo e de todos nos fez cair assim numa preocupação “humana” infelizmente não mais “esclarecida” pelo Espírito de Amor, e portanto reduzida a uma certa “imobilidade”.

    Muitas vezes experimentei os reflexos desta unidade vivida desta forma – sob exercício de abusos diversos; e, paradoxalmente, em total oposição a seu ser “Mariano” (isto é, expressão vivida da “relação mariana”, da qual muito falamos!) e muitas vezes me perguntei: onde está a vida do “Aqui é bom estar?”

    Ao longo de muitos anos eu me inquietei perguntando onde estava esta realidade de Tabor, onde cada situação deve ser dada, explicada, compreendida no desígnio de Deus, à luz de dois que se concordam para que Ele esteja no meio de tomar decisões, encontrar as melhores soluções, numa relação de diálogo e amor mútuo entre pessoa e pessoa, entre a Presidência do Movimento e províncias? Deixo aqui algumas inquietações:

    1) os que representam o Centro para nós, são verdadeiros “mediadores” ao serviço de um ou de outro? Ou são a expressão de uma supra-estrutura que foi idealizada para verificar se os “consagrados” cumprem bem a sua tarefa e são sentidos por muitos como uma presença autoritária de verificação, do que uma presença “maternal” do amor de uma Obra pelos seus filhos?

    2) Não reduzamos a nova realidade muito rapidamente em meio à imposição de uma chamada “vontade de Deus”, ou vontade humana, interpretada sem a luz de “dois ou mais” e, portanto, sempre em um sentido unilateral, para compensar um pouco demais rapidamente às necessidades do Centro, sem medir as consequências em uma realidade do movimento. Como podem os superiores decidirem sempre unilateralmente tudo como sendo a real vontade de Deus, não sendo algo visto em unidade?

    3) Onde está a novidade do Ideal que nos conquistou a todos no início? Teríamos posto vinho novo em odres velhos?

    Em todos estes anos, carreguei em mim este espinho, como diz São Paulo, esperando e desejando que um dia o Movimento de Schoenstatt “despertasse” e pudesse ser mais “carisma” do que “estrutura”, mais Palavra que silêncio, mais dinamismo de vida que imobilidade, mais relação de Jesus com Jesus do que tentar dar visibilidade à Obra, organizando grandes acontecimentos (como os 100 anos, várias construções de réplicas de santuários ou mesmo o processo de beatificação do Padre Kentenich). Precisamos de mais vida que burocracia, mais “Caridade” que “Instituição”, mais aplicação da lei do amor de Jesus do que sermos um Movimento “Farisaico”!

    Ler isso revolve em mim um grande desencanto. Conhecer o coração do movimento na Alemanha sempre foi um sonho, como ir ao Santuário Original, visitar o túmulo do Fundador… itens que muitas vezes nos reduzem a um fanatismo institucional que nos levam à frieza de uma associação rica em sua pluralidade, mas pobre em VIDA DO IDEAL.

    Quantos corações aguardavam um texto como esse! Quanta gente aguarda por mudanças ainda nas fileiras de Schoenstatt no segredo dos seus corações, implorando ao Céu com o sufocamento de palavras mas o desejo mais sincero do coração por meio da oração, a súplica de que Schoenstatt supere essas problemáticas “trazendo ao mundo a centelha inspiradora do Amor”, como disse o Papa João Paulo II!

    Este encolhimento do Movimento em tanto fel gera em tantas pessoas, mais “conscientes” ou mais ativas na escuta de Deus, um mal-estar que muitas vezes se traduz em “medo”:
    – medo de se expressar que gera uma condenação ao “silêncio”;
    – medo de ser “mandado” sabe-se lá para onde ou de “punição” – como se costuma dizer – por ter tomado a ousadia de falar;
    – medo de arriscar as consequências;
    – medo de dizer-se, de comunicar, porque tudo se reduz à imobilidade de um conceito de que os superiores são a vontade de Deus;
    – medo de ser considerado “diferente” dos outros;
    – medo do outro que está na mesma comunidade, que poderia denunciar às mais altas esferas suas questões em relação à Obra;
    – medo de não ser “perdoado” pelos superiores, pelos outros por fazer alguma crítica;
    – medo de ter que sofrer, durante anos, o silêncio da condenação de superiores e irmãos de curso;
    – medo de não poder cumprir ou não cumprir determinada “vontade de Deus”, de não sentir amadurecimento da situação local ou de não ter forças para realizá-la conforme solicitado … o que no final resulta em uma única saída: submeter-se, “conformar-se” a uma determinada maneira de fazer, de ser.

    E assim, infelizmente, surge um clima de suspeita no confronto com o irmão, uma desconfiança, uma solidão profunda, um não “ser” família! Onde está a vida simples de Cristo em nós e entre nós? Onde está o “nada sem Ti e sem Nós” …. e também no amor um pelo outro? Como podemos superar a figura de um fundador supostamente abusador quando sinais de abuso se repetem em nossas comunidades de Schoenstatt? Seremos nós multiplicadores de abusos pois fomos inicialmente abusados sem perceber?

    Esta vontade de “salvar a Obra de Deus” é cada vez mais acentuada, em detrimento do homem, que se sente tratado como um fantoche, às vezes sem nome. Fantoche que pode ser movido daqui ou dali, sem levar em conta coisas essenciais … como, por exemplo, o estado de saúde das pessoas (onde seria pecado inclusive muitas mulheres dos Institutos Seculares irem a uma consulta ao GINECOLOGISTA), ou mesmo certas situações locais que deveriam ser examinadas com mais caridade e cuidado, ou apenas com um pouco de bom senso!

    E ainda: onde está o valor do homem, centro do amor de Deus, homem ou mulher que deu tudo para “seguir” a Deus, para amá-lo, para torná-lo conhecido e amado ….????

    E então ao longo dos anos nos sentimos enganado, desiludido, querendo sinceramente construir e gerar o seu próprio trabalho … mas na prática, dedicando toda a sua energia e precioso tempo para responder aos deveres “burocráticos” de todo tipo, encerrando-se no pouco tempo que lhe resta layout, dentro dos escritórios!

    Por que uma Obra tão “grande”, se perdemos a nossa “alma”, se perdemos a relação com o essencial: ser para o povo, entre as pessoas, com as pessoas, dar o que há de “maior” no mundo de hoje.

    Por isso, em “consciência”, já não me apetece ser “cúmplice” deste modo de vida, arrastando os outros; Eu não tenho essa vocação para ESSE TIPO DE SCHOENSTATT.

    Ao entrar no movimento e fazer minha Aliança de Amor, entregando meu coração à Mãe de Deus, eu queria ser seu discípulo; isto é, eu havia encontrado a pérola preciosa de como alcançar Deus por meio da espiritualidade “vivida”. E como sou grato por este imenso presente!

    Hoje, parece-me, estamos muito longe disso … E muitos, muitos no Movimento sofrem em silêncio, sem ousar dizer nada! Em todos estes anos, involuntariamente, recolhi muitas comunhões de almas, de todos os lados: dos que ainda estão dentro, dos de fora, dos que se mudaram, dos que vivem no Centro sobretudo … e dos que estão em cada continente.
    Todos convergem para a mesma verdade: o desejo profundo e doloroso de voltar à centelha inspiradora do Movimento: o desejo de uma VERDADEIRA ALIANÇA DE AMOR, e não uma simples conexão burocrática eclesial.

    Diante disso, como podemos ficar em silêncio?
    Há anos que espero artigos como esse … e em vez disso vejo que o aspecto “estrutural” incha cada vez mais, com “expressões” que nem nos deixam espaço para “dizer” ou “dar” ” outras coisas!

    E quanto a expressão “Kentenich abusou” me deixa perplexa!!!! Será que vivemos uma mentira?

    Tenho a impressão de que um plano de Deus está definitivamente “fossilizando”, impedindo que as estruturas da Obra cresçam e se desenvolvam de acordo com a história e hoje com o plano de Deus muita coisa está vindo à tona.

    Porém, se a Providência assim o permitiu, é hora de olhar pra dentro e mudar realidades!

    Nada acontecerá se Deus não puder usar as ferramentas de que somos “homens e mulheres” para nos expressarmos livremente! Mas se o “dizer” seu pensamento for “letra morta”, se a expressão for imediata e bruscamente cortada na raiz com expressões como “… é a vontade de Deus e pronto” … “são todas desculpas”. .. ou “você está cedendo ao demônio” …. como então superar?

    “Recusar o diálogo é embarcar inevitavelmente nesta abominação: o assassinato da palavra”. Assumir o risco da palavra é enfrentar a prova decisiva que cada um dos nossos corações GRITAM em silêncio, conforme já dizia o estudioso Maurice Bellet.

    E como eu poderia ter dito ou expressar esses pensamentos “dentro da Obra”, se a Obra reage assim em seus representantes mesmo atuais, que REFUTAM, manipulam informações, atacam uma historiadora com credibilidade e documentação para invalidar sua pesquisa?

    Olha, já tentei várias vezes, sempre em vão. Tudo se reduz ao conceito de “silenciar é preciso”, que escrevo especificamente com as iniciais minúsculas, porque reduzimos a um estereótipo o que o Padre Kentenich nos deu de maior e mais belo como chave em sua pedagogia. É ele quem agora (in)justifica todos os nossos comportamentos, justifica todos os nossos pensamentos, todos os nossos atos, quem justifica … o que não queremos assumir de outra forma!

    E a “vontade de Deus” passou a ser uma grande “justificadora” ….! Pobre Deus, a que função o reduzimos? À nossa imagem e semelhança! Por tudo isto e sobretudo por tanto sofrer, reunido em tantas almas, coloco-me na cruz … e na dor querida, TENDO QUE percorrer este caminho, visto que não há outro caminho possível no Movimento, optei por “falar” em nome de muitos que não podem, porque estão ligados ao Movimento ainda hoje pela idade, pela dependência econômica ou mesmo psicológica: o que você faz aos 60 anos, como muitos, caso desejem “sair da vida consagrada”?

    O que tenho atrás de mim, como segurança, senão minha única fé no amor de Deus? Decidi falar em nome de muitos que já perderam a saúde, esgotando-se no Movimento; Também escolhi falar em nome dos jovens que já não toleram essas formas medievais de se fazer e não as compreendem; Escolhi falar por todos aqueles que nunca ousaram fazê-lo e que se sentem sós, tristes, isolados, mesmo que vivam em comunidades ou às vezes percam a vocação!

    Por tudo isso eu escolhi falar! E já que de “dentro” é impossível fazer … coloco-me “fora”, porque não é mais necessário “calar-se” ou “deixar-se”, mas é preciso “falar” com verdade e “honestidade” sobre essas coisas. Por essas razões, eu “me retirei” para a outra margem … não podendo, como meu único Mestre, fazer outra coisa senão “clamar por Jerusalém”!

    Gostaria que esta minha fala fosse diferente – mas dada a situação atual da Obra, a quem continuo a amar na “verdade”, não posso me calar…
    Não finjo que minhas palavras serão bem entendida, mas espero que sejam respeitadas!
    Eu permaneço fiel a Deus, ao meu chamado para segui-lo.
    A Deus, a Maria, permanece o meu SIM, a minha verdadeira Consagração.
    Mas a um modus operandi deste formato, eu fui capaz de dizer não.

    Em nome de todos os que tiveram suas vidas dilaceradas e sofrem, deixo aqui meu testemunho. Obrigada.

    • * says:

      Se as ex-irmãs de Maria fossem consultadas, muita coisa viria à tona. Triste saber que isso se arrasta por tanto tempo e Schoenstatt, apesar da beleza da Aliança com a Nossa MTA segue sistematicamente por meio de seus líderes causando dor e sofrimento.

      • Por favor, não coloque links para textos que não estejam em português. Se você acha que é importante compartilhar, você deve procurar oferecer uma tradução qualificada.

  12. Anônima says:

    Cara Luciana, te parabenizo pelo texto, disposição e coragem.
    Tenho 32 anos, entrei no Movimento de Schoenstatt aos 13 e o deixei aos 23, hoje sou uma romeira que tenta viver a Aliança de Amor com a Mãe de Deus. Entendo que o Movimento de Schoenstatt – Ligas, Uniões e Institutos – não é algo que me concerne, mas há alguns anos tenho refletido sobre a influência de sua pedagogia em minha vida até hoje.
    As informações recentes trazidas à tona pela Dra. Teuffenbach amplificaram essas reflexões pessoais, pois ainda que eu não seja parte desta família, é neste lugar que aprendi a me relacionar com Deus, Maria e meus próximos, ou seja, minha espiritualidade foi fundada sobre a pedagogia de Schoenstatt, as ideias de Kentenich e como foram colocadas em prática, anteriormente questionadas pela Igreja e hoje em cheque pelos escândalos anunciados (que devem ser comprovados, claro).
    Neste curto intervalo de tempo – 3 meses – identifiquei em minha história situações conflituosas – ainda que não caracterizem abusos -, estruturas de abuso, como você apontou no texto. Ora, este tema não é novo para a Igreja, que se debruça em pedir perdão às vitimas de abusos e fazer uma contenção de danos. Se Schoenstatt sempre esteve com a mão no pulso do tempo, porque a relutância em lidar de forma transparente com a questão da estrutura de abusos? Porque insistir em colocar vítimas em descrédito e tratar estes temas a portas fechadas? Porque não criar um ambiente efetivamente aberto às dúvidas, diálogo e crítica?
    Quando questionei uma antiga assessora sobre o artigo do Die Tagespost ela se limitou a dizer “tudo que precisa ser dito está na página do schoenstatt.com”. Creio que o site oficial não abordará as possíveis crises espirituais de uma ex-schoenstattiana, mas o conteúdo que tenho lido no schoenstatt.org tem ajudado a trazer luz para minha vivência espiritual, com distância do secretismo característico.
    Sei que os membros que leem este comentário pensarão “esta não nasceu para Schoenstatt”, “somente os escolhidos permanecem”, “não compreendeu a mensagem do fundador”. Pode ser, mas o que experimentei em 10 anos de juventude (etapa de vida formadora) determina a vivência de minha fé e espiritualidade; Schoenstatt é uma experiência intensa e com potencial transformador, pede-se o heroísmo, mas quando muito se é exigido há que se prestar contas. Nós também esperamos a prestação de contas.

  13. Tatiane says:

    Lu meus parabens pelo artigo!
    Isso acontece e sempre aconteceu, e que bom que isso está ficando claro atravez de iniciativas como a sua de escrever sobre e de outros que queiram falar sobre!
    Trabalhei alguns anos pelo movimento até mesmo como funcionária de CLT… E ja presenciei muitos abusos camuflados! Abuso de poder, e psicológico!
    A ideia de Schoenstatt é muito mais é muito mais bonita e seria muito bem trabalhada se alguns homens e mulheres dentro do movimento não usassem essa ideia como forma de ameaça. Que triste! Beijo Lu

  14. Vilma Balint says:

    Lu, parabéns pela coragem em abordar um assunto tão necessário, principalmente em tempos como esses, nos quais a liberdade de expressão precisa ser mais defendida do que nunca. Já conversamos muitas vezes sobre esse assunto, e sempre senti falta de uma discussão aberta e clara como essa, com um contexto histórico e que pudesse complementar toda a rica herança do movimento – muitas vezes eclipsada pelo objetivo da canonização a todo custo e escondida também pelas narrativas romanceadas, com foco na santidade pela santidade, para incentivar o silêncio e desencorajar as perguntas. A imposição de opinião e narrativa é também abuso, e você aborda com muita clareza essa questão. Reconhecer erros e ter a coragem de corrigi-los é um passo importantíssimo para um movimento que luta tanto pela canonização de seu fundador. Novamente, obrigada pela coragem em falar disso.

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