Kentenich

Posted On 2020-09-25 In Artigos de Opinião, José Kentenich

Sete teses em torno da atual discussão sobre o Pe. José Kentenich

Wilfried Röhrig e Klaus Glas, Alemanha •

“Klaus Glas e eu nos reunimos há algumas semanas e falamos intensamente sobre a situação atual do caso Kentenich. Sete teses surgiram do nosso intercâmbio, as quais gostaríamos de compartilhar com todos os que estejam interessados. Entendemos nossas considerações como um impulso para o processo futuro de desenvolvimento e ficaríamos felizes com uma publicação em schoenstatt.org”. Assim o fazemos com muito gosto e, daqui da redação de schoenstatt.org, também queremos receber muitos comentários, como aconteceu com os artigos anteriores. —

 

1 Abrir ao invés de ocultar

Os chamados “segredos de família” já não devem ser mantidos em segredo. Provocam uma consternação compreensível e causam danos à relação de confiança quando são revelados “segredos” que, em uma família, foram escondidos debaixo do tapete por muito tempo.

Assim, até os anos 80 foi mantido em segredo que o Pe. Kentenich era filho ilegítimo. Até alguns anos atrás, a maioria dos schoenstattianos não sabiam que algumas Irmãs de Maria tinham tido um “papel vergonhoso” em relação às duas visitações. Há apenas poucas semanas ficou claro que a principal crítica que o Visitador Pe. Sebastián Tromp SJ teve estava relacionada ao chamado “Kindesexamen” (exame filial).

Em poucas palavras: a informação e a transparência são essenciais para uma comunidade. 

 

2Dar acesso ao invés de restringir 

Chegou a hora de dar acesso aos documentos e às fontes importantes a todas as partes interessadas. É necessário abolir a “sociedade de duas classes” interna de Schoenstatt, quer dizer, por um lado os “conhecedores” que têm acesso a todos os documentos e fontes importantes da história de Schoenstatt e por outro os “conhecedores de ouvir falar”. Portanto, deve-se publicar – e logo -, as edições dos documentos importantes com comentários. Pensamos especialmente na Epístola Perlonga, o “relatório” da visitação do bispo auxiliar Stein e a Apologia Pro Vita Mea.

Em poucas palavras: a informação e o discurso poderiam promover um princípio de tensão fecunda no Movimento de Schoenstatt. 

 

3Ser compreensível ao invés de exigir compreensão 

Aqueles que utilizam termos incompreensíveis  ou enganosos não devem se surpreender se não são entendidos, de que seja difícil entendê-los ou mesmo que sejam mal interpretados. É muito gratificante que neste contexto houve progressos significativos nos últimos anos (por exemplo, na Alemanha, “a busca de pegadas” e “a atenção pastoral no pulso” ao invés da “fé prática na Providência”). Mas este é só o começo de um caminho que deve ser seguido.

Em poucas palavras: a luta por uma linguagem compreensível e formas contemporâneas é indispensável. É a hora da criatividade. 

 

4Seguir novos caminhos ao invés de agarrar-se com medo aos velhos 

É muito surpreendente. Por um lado, uma e outra vez se cita o Pe. Kentenich ao se falar sobre a “Igreja das novas praias”, mas ao se examinar mais de perto, é a “velha Igreja” que se supõe que chega à nova praia. Como exemplo disso, o jornal que publicou o artigo da historiadora von Teuffenbach foi lido, com entusiasmo inclusive, em certos círculos de Schoenstatt, apesar de representar uma visão retrógrada da Igreja e não ser o melhor exemplo de minuciosidade e profissionalismo jornalístico durante a turbulência das últimas semanas.

Do nosso ponto de vista, estes “acontecimentos” têm, além da dimensão histórica (“O que aconteceu de maneira confiável?”), científica e jornalística (Quão sério e completo é este trabalho que está sendo realizado?”), psicológica e epistemológica (“Qual é o interesse epistemológico das pessoas envolvidas?”) e espiritual (“Qual é o chamado de Deus nestes acontecimentos?”), também têm uma dimensão eclesiástica-política: para onde pretendem dirigir a Igreja de Jesus Cristo os círculos conservadores? E sobretudo: quão seriamente assumimos, como Movimento de Schoenstatt, as palavras do nosso fundador sobre a Igreja: “pobre”, “humilde”, “cheia do espírito”?

Em poucas palavras: Nós, como movimento, também devemos nos movimentar e, finalmente, romper com a praia velha. 

 

5“Tanto quanto” ao invés de “ou … ou”

Um ambiente bom é importante, mas não é substituto de esclarecimentos sobre os conteúdos. As conversas e relações benévolas e compreensivas são valiosas e importantes no ambiente familiar, profissional e social. Mas às vezes pode-se ter a impressão de que isto serve ao Movimento de Schoenstatt como uma desculpa tácita para evitar assuntos polêmicos. Por exemplo: Como será a Igreja do futuro? O que significa prática e concretamente quando o Pe. Kentenich fala da Igreja humilde e pobre? O que quer dizer com a Igreja cheia do Espírito? Qual é a atitude de Schoenstatt em relação à Maria, versão 2.0? Podem ser excluídas certas vocações femininas? Quem tem o poder de definir como e para onde o Espírito quer dirigir o barco de Schoenstatt?

Em poucas palavras: Como movimento eclesial, devemos lutar por como e onde nos deixamos guiar pelo Espírito de Deus.  

 

6Perguntar criticamente ao invés de render-se

As publicações de uma teóloga e investigadora arquivista italiana provocaram declarações oficiais de Schoenstatt nas últimas semanas, a maioria das quais eram factuais. Mas, surge a pergunta de se não deveriam ser agregados alguns pontos críticos: Como é possível que uma arquivista possa tirar informação de um arquivo secreto como uma forma de mentalidade de autopromoção? Como reagiram as autoridades competentes do Vaticano? Como avaliam as consequências para o Movimento de Schoenstatt e seu fundador no público (eclesial)? Não deveria haver uma resposta oficial sobre este “comportamento” da mulher que fez sérias acusações contra o Pe. Kentenich? Sobretudo, na questão da “reabilitação” deve-se, finalmente, ser feita uma declaração clara e oficial, ou seja, escrita, de Roma. Deve-se insistir para que seja colocado um fim neste “limbo” incriminatório e irracional nesta questão.

Em poucas palavras, os representantes do Movimento de Schoenstatt devem tentar confrontar as autoridades eclesiásticas, na medida em que isso seja necessário. 

 

7Confiar com valentia ao invés de ser covardes 

Segundo um princípio psicológico, “as más notícias são mais fortes do que as boas”: as más notícias têm um efeito mais intenso e permanecem mais tempo na memória do que as notícias positivas. Faça a prova: Onde você estava no dia 11 de setembro de 2001? E o que estava fazendo no dia 24 de dezembro do mesmo ano?

Segundo a regra dos quatro, são necessárias quatro experiências boas para compensar uma má. Os últimos meses foram um grande desafio com a pandemia do coronavírus, para cada um de nós, para toda a sociedade, mas também para a Igreja e para o Movimento de Schoenstatt. Deveríamos parar e nos perguntar: Para onde nos leva o caminho de Deus?

O olhar a agitada história de Schoenstatt nos mostra que a aliança de amor não é uma “teoria bonita”, mas sim uma fonte da qual podemos tirar força e confiança. Desta forma, podemos receber com confiança as acusações contra o Pe. Kentenich. Com isto, talvez Deus quer dar um impulso para a beatificação? Também devemos abordar nossos projetos apostólicos (por exemplo, na Alemanha o Festival Familiar 2021, o musical “Gottesspiel”, o Dia da Mulher 2021, a participação no Congresso Ecumênico da Igreja em Frankfurt,etc.) com valor e confiança.

Em poucas palavras: Para o nosso apostolado, o lema é “publicar as boas notícias tanto quanto seja possível”!

 

Formulamos nossas teses como uma contribuição ao atual processo de discussão, esclarecimento e conversa do Movimento de Schoenstatt. Ao fazê-lo, expressamos nossa preocupação e, ao mesmo tempo, declaramos nossa vontade de partir às novas praias com vocês.

Viernheim e Flieden, 21 de setembro de 2020

 


Sobre os autores:
Klaus Glas: 
  • Psicólogo clínico em consultório particular, hoffnungsvoll-leben.de (em alemão) com apoio psicológico e pedagógico da vida
  • Envolvido no Movimento Familiar de Schoenstatt, nas “Ptojekttage” (Jornadas de Projetos de Schoenstatt) e no projeto “Spurensuche” (Busca de pegadas).
  • Autor de numerosos artigos na revista “basis” e na revista familiar “Unser Weg”
Wilfried Röhrig:
  • Professor aposentado de religião e esportes
  • Autor e compositor, entre outros, dos dois musicais “Auf dem Hochseil” e “GEFÄHRLICH: Franz Reinisch”.
  • Dono da editora www.rigma-shop.de
  • Envolvido no Movimento Familiar de Schoenstatt, nas Jornadas de Projetos de Schoenstatt e no projeto “Spurensuche”.

 

Original: Espanhol (24/9/2020). Tradução: Luciana Rosas, Curitiba, Brasil

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