Publicado el 2014-12-28 In Sin categoría

Quase um conto de Natal: Refugiados nas casas de Schoenstatt

mda. Aconteceu naquele tempo, naquele tempo depois do jubileu de Schoenstatt… ali estavam, mulheres, crianças que tinham fugido das suas casas, com nada mais do que a sua vida nua, traumatizados, perdidos, sem lar… e procuravam abrigo… e ali abriram-se-lhes corações de pessoas, nesse mesmo lugar onde há cem anos tinha nascido Schoenstatt, no meio da guerra. Mas não se lhes abriram apenas corações, mas também casas, casas que estavam desocupadas, casas onde outros se prepararam para poder recebê-los. E eles entraram, sentiram-se acolhidos, bem-vindos, queridos. Um conto de Natal. Ou talvez…?

Tudo começou quando o Papa Francisco visitou Lampedusa. Aquela ilha que se converteu em símbolo do drama dos refugiados, que por tentarem fugir para uma vida melhor, morrem afogados, ou são enfiados em acampamentos sobrelotados… Quem de nós chorou no Mar Mediterrâneo por crianças, mulheres ou homens afogados, perguntou o Papa. Quem se terá deixado comover? No meu próprio coração nasceu um sonho… um sonho de centros schonstatteanos, que como muitas abadias, conventos e casas paroquiais, se abrem para refugiados. Casas vazias em Schoenstatt, como casas para refugiados – casas vazias em Schoenstatt: Casa da Aliança, casas de férias, Sonneck, e refugiados do Médio Oriente, ou de Àfrica, nos montes santos. Viveremos isto alguma vez? Impossivel, absolutamente impossível! Até aqui uma conversa de alguns trabalhadores de schoenstatt.org, há alguns meses. Você deve ter ficado completamente confundido.

A quem escutamos ao rezar no Santuário

O Reitor Egor M. Zillekens recorda a pregação do Bispo Michael Gerber, no dia 18 de novembro, durante a missa de Aliança, na Igreja de Peregrinos. Disse o Reitor Zillekens: “As suas palavras comoveram-me, comoveram-me profundamente, e não me deixaram em paz”.

“Tal como aconteceu como Maria em Nazaré, ao terminar a celebração da Aliança, o caminho de Schoenstatt leva ao mundo. Maria vai até Isabel, para ajudá-la nas suas preocupações e necessidades. As preocupações e necessidades do pequeno e do grande mundo de 1914 saem ao encontro do nosso pai a apenas uns 20 metros do Santuário” disse o Bispo Gerber, no dia 19 de novembro. “Ali na casa antiga, vivem agora muito apertados os estudantes, porque em cima, no Colégio, foi instalado um hospital militar. A guerra está presente e é muito possível que quem rezasse em silêncio no Santuário, de vez em quando escutasse gritos dos feridos que estavam lá em cima, no Colégio. A quem escutamos quando rezamos no Santuário? Comoveu-me muito na semana passada, quando uma Irmã de Maria me contou, que num dos nossos grandes centros schoenstatteanos (Liebfrauenhöhe) se habilitará, em breve, um lugar para refugiados do Médio Oriente. Quem conhece o referido centro pode imaginar que quando alguém rezar em silêncio no santuário, ouvirá os refugiados e as suas crianças. Preparar-se, para dar lugar aos feridos. Comove-me neste momento, como Vigário Episcopal para as Ordens Religiosas e Institutos Seculares, a dinâmica que se gera nas comunidades, quando se dá espaço para tais feridos. Esta poderia ser uma sugestão concreta a considerar para os nossos centros e santuários schoenstatteanos, os quais não sabemos, com frequência, como encher: Onde há lugar para os feridos das guerras dos nossos dias?”

E também no mesmo lugar de Schoenstatt? O reitor Zillekens disse: “De imediato me perguntei: Agora, para o jubileu, tivemos aqui tantos voluntários, que já voltaram para os seus lugares de origem. Os seus quartos estão vazios… Recebemos refugiados?

Quando simplesmente se abrem portas

Wilfred Münz (53) de Niederwerth representa, como Subsecretário do Alcaide do Município de Vallendar, o Alcaide Fred Pretz, e está bem conectado na vida da comunidade, pertence à Associação promotora de Haus Wasserburg e à Igreja em Niederwerth. Também conseguiu, com sucesso, a fusão de duas comunidades de votantes. E o cristão convencido sabe que dentro de pouco tempo Vallendar tem que receber 150 refugiados. Ele está em conversações em Schoenstatt. O pedido será remetido ao Conselho Geral da Obra, à comissão encarregada do lugar e “agora eu sou a pessoa de contacto para receber refugiados em Schoenstatt”, disse o Reitor Zillekens. Os projetos e as iniciativas da cultura de aliança não nascem numa mesa de trabalho, mas em diálogo com as vozes do tempo. Com a voz de um político comprometido, com as vozes das ordens religiosas e institutos seculares, que abriram as suas casas. Com as vozes das pessoas, a quem o Papa Francisco dá a sua voz: “Não podemos esquecer aqui as numerosas injustiças e perseguições que sofrem quotidianamente as minorias religiosas, e particularmente cristãs, em diversas partes do mundo. Comunidades e pessoas que são alvo de cruéis violências: expulsas das suas próprias casas e pátrias; vendidas como escravas, assassinadas, decapitadas, crucificadas e queimadas vivas, sob o vergonhoso e cúmplice silêncio de tantos… Não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneio se converta num grande cemitério. Nas barcas que chegam diariamente às costas europeias há homens e mulheres que necessitam de acolhimento e ajuda” (Discurso do Santo Padre no Parlamento Europeu, 25.11.2014).

O conto de Natal do começo deste artigo ainda não se tornou realidade. O Reitor Zillekens está em conversações com os responsáveis em Schoenstatt; menciona-se a “casa de verão” dos estudantes dos padres de Schoenstatt, também se formulou um pedido ao responsável legal da Casa da Aliança, para além de outras opções que estão a ser consideradas. E tudo isto em colaboração com os responsáveis políticos de Vallendar. As portas estão abertas. “Chegarão realmente os refugiados?” Consultámos o Reitor Zillekens. “Creio firmemente nisso”, foi a sua resposta. E chama a atenção para o barro que o Bispo Gerber enviou ao Movimento de Schoenstatt. Barro?

Um pedaço de céu no meio do barro

«Creio que a nós nos faz bem, que crescemos em tempos de paz, realizar de vez em quando a prática espiritual de ir àqueles lugares onde predomina a sujidade e o barro, tanto na roupa como nas almas, para não esquecer estas situações”, expressou o Bispo Gerber no dia 18 de novembro. “Talvez por isso seja um bom sinal, que o relvado em frente ao Santuário Original esteja cheio de barro. O caminho da fundação conduz diretamente ao barro. As nossas personalidades fundadoras não ficaram por essa etapa. Não se conformaram em analisar a situação e a elaborar princípios essenciais a partir dela. Não, eles estavam justamente no meio das turbulências. Para eles, e isto parece-me muito importante para nós hoje, para eles, as necessidades existenciais da sua época tinham rostos concretos. O rosto golpeado de um camarada ferido, a violação de alguma biografia. O Padre Kentenich fala de manter contacto com a vida.

Um impulso para a renovação mensal: Que destino, de alguma pessoa, deixei que me tocasse profundamente este mês? Com quem me encontrei ou que relato estudei em profundidade? Ou, perguntarmo-nos de forma crítica: Leio alguma coisa assim, vou alguma vez àqueles lugares onde se encontram tais pessoas? Falo sobre isso com alguém, resisto às emoções que saem ao encontro, resisto às pessoas feridas, também por experiências na nossa Igreja? Levantar, à turbulência! Levantar, ao barro! Assim os nossos cofundadores se converteram em missionários. Então os outros deram-se conta que os schoenstatteanos estão com eles no barro, que há profunda solidariedade e imprimem um estilo totalmente distinto, porque neles vive um mundo completamente diferente, um pedaço de céu no meio do barro…” E um pedaço de barro, de miséria, de miséria real deste mundo no meio do “céu” de Schoenstatt.

Tínhamos imaginado algo assim? Os trabalhadores, antes mencionados de schoenstatt.org, em todo o caso, estão incrivelmente felizes por se terem enganado.

Original: Alemão Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa/ Portugal

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