Matias, é um dos jovens da Casa Mãe de Tupãrenda (CMT), Paraguai •
“Olá, como estás? Olá, sou o Matías, tenho 19 anos de idade e hoje quero contar-vos a minha experiência. —
Quando tinha 12 anos, caí na droga. Um sócio, um amigo da rua levou-me ao Chacarita para ir salvar, como nós lhe chamamos (significa roubar). Fomos para a Chacarita e depois disso não quis mais ir para casa, fiquei lá. Graças a Deus que hoje estou bem.
Quando estava em Chacarita, vivia nas ruas e comecei a cometer crimes, a roubar, a prejudicar as pessoas. Fiz 13 anos e o Secretariado da Infância acolheu-me e, a partir daí, nunca mais fui a Chacarita.
A minha mãe e os meus familiares vieram visitar-me quando lá estive, queriam trazer-me de volta, queriam levar-me para casa, mas eu não queria. Eu ia por dois ou três dias e depois fugia de casa novamente.
Em Chacarita encontrei todo a espécie de vício, crack, marijuana. Eu só gostava de crack. Quando já tinha consumido muito comecei a cometer crimes e um dia quando me apanharam fui para a prisão de Misiones, no interior do país e era uma prisão muito lixada para adultos em 2020, “hendy” era, e já começava a apanhar todos os do PCC, o Clã Rotela, depois fui para a prisão de Misiones, estive lá durante 9 meses.
Não se come bem lá, a comida é um desastre, a comida no balde é um desastre, e não se tem visitas, porque os familiares estão longe.
Estive em cinco prisões: Tacumbú, Misiones, Emboscada, Encarnación e Villarrica. Em todas estas prisões e, aqui em Itauguá também, em Reformatórios. Em Tacumbú também é lixado, pelo menos se se estiver no corredor. E é difícil estar lá no corredor, no barracão, dorme-se no chão, quando chove inunda, todos os colchões ficam molhados e depois, quando está frio, sofre-se na prisão.
Agora em CMT a minha realização é formar-me, avançar e não voltar para a prisão, para conseguir um emprego seguro. Com a ajuda de Deus tudo é possível, basta manter uma mente positiva.
Nota:
Esta semana Matias tem uma entrevista para o seu estágio num supermercado, e dentro de algumas semanas irá formar-se na Casa Mãe de Tupãrenda. Obrigado, Matias por partilhares a tua história, obrigado por lutares, obrigado por seres para cada um de nós uma luz na escuridão que nos diz: “É possível”.
Original: espanhol (27/1/2022). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal