testimonio

Posted On 2024-01-26 In Columna - Manuel de la Barreda

Só o testemunho arrasta

Manuel de la Barreda, Espanha • 

Em vários artigos e comentários lidos há já algum tempo neste meio, parece-me vislumbrar uma necessidade de mudança, mesmo um desejo de mudança na nossa Família, no nosso Movimento, embora também seja verdade que esta visão, esta necessidade que alguns de nós vêem, não é partilhada por todos. —

Parece também que precisamos de alguém que venha até nós com a mudança em causa, alguém que tenha a coragem e arrisque. Por mais que a pedagogia de Schoenstatt fale de gerar vida, de portas abertas, mesmo que isso tenha que ser avaliado depois, a sociedade e o mundo actual arrastam-nos para o contrário. Ficar sentado à espera que outro o faça, que outro puxe a carroça.

Contagiámo-nos interiormente com esse mecanicismo contra o qual o Padre Kentenich lutou.

Não queríamos ser Homens Novos?

“O fumo de Satanás entrou na Igreja”, disse Paulo VI. E creio que nós, em Schoenstatt, podemos dizer o mesmo, porque somos parte da Igreja. O fumo de Satanás entrou em Schoenstatt, e fê-lo através da mentira e do auto-engano. Satanás é tremendamente legalista. Ele agarra-se às leis que temos, quer venham de Deus ou sejam auto-impostas, para as usar contra nós com mentiras e enganos, fazendo-nos sentir culpados por não as cumprirmos, como se nos sentíssemos tão satisfeitos com o seu cumprimento que nos perdemos na letra delas e esquecemos o Espírito.

Não queríamos “auto-educar-nos”, não queríamos lutar contra o mecanicismo, não queríamos ser Homens Novos?

Auto-educámo-nos na mentira de que somos “especiais”, auto-iludindo-nos, e acabámos por nos sentir particularmente imóveis.

Introduziu-se o mecanicismo na Família para que ninguém se mova fora do politicamente correcto: não pense sequer em criticar esta ou aquela Comunidade, para que não haja um cisma! Mais vale cometer-se erros, para não se zangarem.

Homens Novos em 1920; cem anos depois, já somos velhos e não nos apercebemos disso. Fomos ceifados. Puseram-nos óculos que nos fazem parecer “jovens” e estamos tão felizes.

“Quem se mexe não fica na fotografia”

Em suma, cortaram-nos a possibilidade de sermos um Movimento vivo, um Movimento dinâmico, capaz de se adaptar às necessidades da Igreja, que servimos, e da sociedade. Este “quem se mexe não fica na fotografia”, que tanto criticamos nos nossos partidos políticos, acabou por nos contagiar e, como acontece na sociedade, a única coisa que resta é um espaço de queixa e de lamentação, sabendo que não é fácil sair dele, porque te justificas, dizendo “pelo menos fiz alguma coisa”.

Mas não. Isto não é o fim do jogo.

O que um tal Jesus inventou há 2000 anos

A todos aqueles que pensam que isto pode ser re-direccionado, convido-os a usar uma ferramenta super nova, mas tremendamente poderosa. Não tem gigabytes nem teras. Não funciona com bateria nem ligado à rede. Não precisa de wifi nem de nada, mas a sua transmissão de dados é tremendamente eficaz. É o Testemunho. Foi inventado por um certo Jesus, há cerca de 2000 anos, e ajudou-o a convencer 12 homens a mudar de vida e, com isso, milhões de pessoas desde então.

Há cerca de 10 ou 12 anos, uma amiga minha que pertencia ao Regnum Christi disse-me que queria entrar para Schoenstatt porque todas as pessoas que encontrava em Schoenstatt tinham um sorriso especial no rosto. Pois bem, temos que tornar isso realidade novamente, cada um de nós em particular. Não apenas no sorriso, mas em construir e ser Schoenstatt da maneira que achamos que deve ser.

Ser schoenstatteano como pensamos que se deve ser

Não achas que Schoenstatt deva fechar-se sobre si mesmo, mas sim sair? Sai. Vai à paróquia, vai a outras paróquias menos favorecidas que a tua ou a outros lugares, ONGs ou o que for, para ajudar. Mas que não seja uma ajuda de auto-satisfação, mas uma ajuda empenhada.

Não gostam de alguma coisa a nível interno? Então digam-no. Com respeito, mas com absoluta liberdade, mesmo que haja “represálias”.

Que te pesa uma linguagem interna tão pomposa que te torna difícil dizer aos outros? Então não a uses, mas diz a verdade do que conheceste e de como isso tocou o teu coração.

Preferirias rezar por uma intenção séria a qualquer outro santo “poderoso” da Igreja do que ao Padre Kentenich? Então fá-lo. Parece que o Pe. Kentenich continua a ser praticado e não tem bons resultados.

Testemunho e oração

Mas não te esqueças de uma coisa. Os 12 apóstolos não viveram a vida como cowboys. Sabiam que tinham sido escolhidos para uma missão que os excedia em muito e, por isso, tinham de se alimentar, de recuperar as forças com a única coisa, ensinada por Jesus, que os podia sustentar: a oração. Em Schoenstatt estamos muito orientados para a acção, e isso levou-nos em inúmeras ocasiões a esquecer a oração, esse encontro pessoal e privilegiado com Jesus, através da sua Mãe ou directamente, a força das nossas próprias forças. Recuperemos ou aprendamos a rezar. Com humildade. Com confiança, com perseverança, sabendo que ela é o nosso combustível. Enchamos os nossos Santuários, os nossos Santuários-Lar, de oração, de presença.

Testemunho, testemunho, testemunho. Oração, oração, oração. Com paciência, com educação, com verdade, com liberdade.

Podemos escrever aqui ou queixarmo-nos ali, mas a única coisa que arrastará os outros será o nosso testemunho, reforçado pela nossa oração.

El testimonio

Original: castelhano (24/1/2024). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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