Santuario de Santa Cruz do Sul

Posted On 2021-06-01 In Santa Cruz do Sul, Vida em Aliança

Santa Cruz do Sul: “É a hora dos membros de Schoenstatt assumirem…”

BRASIL, Maria Fischer •

“E se fizermos uma grande campanha internacional de capital de graças para ajudar nossos irmãos e irmãs de Santa Cruz do Sul a reconquistar e reconstruir o Santuário? Criamos uma grande corrente de apoio e acompanhamento para eles e demonstramos que também existe comunidade em Schoenstatt. É uma ideia…” Uma ideia que Claudio Ardissone de Assunção, Paraguai, apresentou a seus companheiros internacionais de schoenstatt.org quando viu as fotos do interior do Santuário, com uma pequena imagem da Mãe Três Vezes Admirável, algumas cadeiras simples, sem altar, e nas paredes as marcas do símbolo do Espírito Santo, do símbolo do Pai, do quadro da “Ave Maria”… Em poucos minutos, sacerdotes e leigos da Bolívia, Alemanha, México, Espanha, Portugal e Argentina se uniram a ele na proposta. Comunidade de destinos, aliança solidária, na véspera do dia 31 de maio. —

Recordemos brevemente os últimos meses deste Santuário de Schoenstatt abençoado em 1974. Após a resistência dos leigos do Movimento de Schoenstatt, muitos procedimentos legais, envolvendo o Ministério Público, o município, os portadores jurídicos (Irmãs de Maria da Província de Santa Maria, Brasil), foi decretada a reabertura do Santuário, depois que as Irmãs de Maria o fecharam no ano passado em uma operação surpresa, levando o altar e todos os elementos do Santuário para sua casa em outro bairro da cidade. O plano inicial era demolir o santuário, vender o terreno e um dia construir um novo santuário em algum lugar ainda a ser definido… e ser comprado. Este plano original fracassou graças aos protestos dos leigos do Movimento e à intervenção do município, que quis preservar o lugar por ser parte da geografia religiosa e turística de Santa Cruz do Sul e que esclareceu que a doação do terreno era condicional: deveria ser utilizado para um destino religioso-pedagógico-social. E uma doação não deve ser vendida. Quando perdeu seu destino original, a terra voltou para o município. Estes são apenas os fatos, listados aqui rapidamente. Os detalhes podem ser lidos nos artigos em schoenstatt.org e na imprensa local.

Santa Cruz do Sul

A quem pertence um santuário?

Santa Cruz do Sul, Brasil, Santuario

Assim ficou o Santuário de Santa Cruz do Sul

Mas por trás destes fatos há lágrimas dos fundadores e de seus filhos que construíram este lugar com suas próprias mãos. Por trás desses eventos há também milhares e milhares de peregrinos que ano após ano vão em peregrinação a este lugar de graça para rezar e oferecer suas alegrias, tristezas e esperanças. Atrás dele, há centenas de alianças de amor seladas neste santuário. Por trás disso está o grito desesperado de muitos schoenstattianos: “Eles roubaram nosso santuário”. Atrás disso tudo há vida. Olhando para as marcas na foto, pode-se ver que a história não é apagada.

A questão surge não apenas na conversa entre colaboradores de schoenstatt.org: a quem pertence um santuário? O lugar não pertence às Irmãs, pertence ao município. O município o deu para o santuário. Se não houver um santuário, elas têm que devolver o lugar. O próprio Santuário, legalmente, pertence a seus proprietários ou portadores legais, no caso de Santa Cruz do Sul, as Irmãs de Maria. E, exceto para vender o terreno doado, os proprietários legais podem fazer o que quiserem com sua propriedade. Legalmente, sim. Assim como legalmente as “Frauen” (Senhoras de Schoenstatt) na Suíça podem demolir seu santuário em Lucerna, ou desmontar o de Monte Regina e vender a casa. Ou como os Palotinos, antes de 2013, que teriam o direito legal de pintar o santuário original de rosa, tirar o telhado, mudar o quadro, demoli-lo ou vendê-lo ao Opus Dei ou a uma rede de cassinos. Até o fim dos tempos devemos agradecer a Deus e a eles que não fizeram uso de seu direito legal, sabendo que o respeito aos lugares religiosos também é um direito e uma obrigação moral. Podemos aprender muito com os palotinos, mesmo com seu último gesto de entregar o Santuário Original ao Movimento Apostólico de Schoenstatt.

“Esta situação de Santa Cruz do Sul pode ser repetida em qualquer outro lugar. Se não tivermos claridade sobre nossa missão e nosso serviço à Igreja e à sociedade, desapareceremos, assim como outros carismas desapareceram”, disse Paz Leiva, de Madri, referindo-se ao artigo de Ignacio Quintanilla.

Existem Santuários que não pertencem a um Instituto de Schoenstatt. “O Santuário de La Loma, no Paraná, Argentina, é um exemplo disso. Foi iniciado e mantido por leigos, hoje é um destino de peregrinação e a Mãe de Deus deu vocações para Uniões e Institutos”, comentou Juan Eduardo Villaraza, do Paraná.

O Santuário de Rawson, na Argentina, foi confiado à Família local, liderada por um casal da União, que obteve permissão da Presidência Internacional. Ou o caso de Salta, também na Argentina, onde a Irmã que era a conselheira do lugar teve que sair e o Santuário passou diretamente para as mãos dos leigos, exatamente assim. Isto é muito comum, e não apenas na Argentina. Valeria a pena verificar outros países onde existem casos semelhantes ou confirmar se todos os Santuários do mundo estão a cargo de Padres ou Irmãs…

Também os santuários das dioceses da Alemanha quase todos “pertencem” a uma Associação sem fins lucrativos composta por representantes dos ramos e comunidades do Movimento na diocese, que assumem a responsailidade de preenchê-lo de vida e também de financiá-lo.

E agora?

Santa Cruz do Sul

“Se as Irmãs saíram, deixaram o lugar para os leigos…. Chegou a hora de os membros de Schoenstatt assumirem…. Repovoar o santuário. Mostrar que os leigos também podem dar vida a um lugar santo onde o céu toca a terra”, diz padre Esteban Casquero, do Instituto de Sacerdotes Diocesanos da Argentina.

Não é assim tão fácil, ao que parece. Segundo Ruy Kaercher, do Instituto de Famílias de Santa Cruz do Sul, líder da resistência de Schoenstatt contra o fechamento do Santuário (ou sua transferência para a casa das Irmãs), as Irmãs não querem vender (ou dar, seguindo o grande exemplo dos Palotinos), o Santuário aos leigos. “As Irmãs são as administradoras do lugar e não permitem que o Movimento o assuma”, explica Luciana Rosas, de Curitiba, que vem acompanhando o assunto desde o ano passado.

“Mas as Irmãs partiram… deixaram o Santuário vazio. Elas deixaram o Santuário vazio. Quem impediria os membros do Movimento de ir e receber sacerdotes para celebrar missas”, insiste o padre Esteban. Isto é exatamente o que eles estão fazendo.

“Elas agiram de acordo com as vozes da alma, do ser e do tempo?”, pergunta Juan Eduardo Villarraza. “Por outro lado, o de não deixar isso para os “leigos” é engraçado para mim. As irmãs… são pessoas leigas. Elas não têm votos e, se uma irmã deixasse o Instituto, não teria que tomar nenhuma medida canônica. Além disso, é triste ver quantas vozes, incluindo a do município, dizem não… Em resumo, não se compreende que somos instrumentos, administradores e não proprietários. O bispo já falou sobre isso? Porque se a hierarquia já está falando, há algo ainda mais sério”.

“Aqui em Santa Cruz do Sul, desde novembro de 2020, não temos nosso santuário. Na próxima terça-feira, 1 de junho, será ratificado o acordo proposto pelo Ministério Público local, a prefeitura e os responsáveis legais pelo santuário, a fim de reabri-lo. Preliminarmente, só será reaberto às terças, quintas e domingos das 14h às 17h. Os membros do Movimento Apostólico, que são contra a transferência do Santuário de onde se encontra atualmente, aproveitarão esta reabertura para ter momentos de oração. Durante as horas estabelecidas para a reabertura, membros do Ramo das Mães, do Instituto da Família e de outros ramos se intercalarão com a oração do terço, pedindo à MTA clareza nesta triste situação que estamos vivenciando”, comentou Ruy Kaercher.

Em entrevista à Rádio Gazeta, o Procurador Público, Érico Barin, salientou que a reabertura, no aspecto religioso, não vai ser como antes. “O Ministério Público não pode interferir nos aspectos religiosos, apenas no uso público do imóvel, que havia sido doado pela Prefeitura. Estas questões, como a celebração de missas, por exemplo, os fiéis e devotos devem discuti-las diretamente com a congregação para chegar a um consenso. As irmãs têm autonomia para abrir o espaço ao público quando quiserem, em outros dias e em outros momentos”.

Ficará nas mãos dos schoenstattianos.

“A vida sempre se impõe! Rezemos para que os membros do movimento no local possam reconquistar o lugar e cuidar para que a Mãe de Deus tenha contribuições para o capital de graças para que os peregrinos recebam as graças do Santuário”, diz o padre Esteban Casquero.

Uma Aliança Solidária com Santa Cruz do Sul

Santuario de Santa Cruz do Sul

É neste momento de diálogo através da whatsApp que surgiu a ideia de Claudio Ardissone de uma grande aliança solidária com o movimento de Santa Cruz do Sul.

“Perfeito, eu me uno e convidarei aqueles que conheço também”. Mas acho bom que as pessoas do lugar saibam disso”, diz o padre Esteban Casquero. Eles vão ler este artigo, com certeza.

“De Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, nos unimos a nossos irmãos de Santa Cruz do Sul, Brasil. Temos um santuário completo, mas não o abençoamos; de certa forma temos histórias opostas, mas nos juntamos à campanha que será iniciada”, diz Alexandra Kempff, da Bolívia.

As marcas nas paredes falam. A história da aliança não é apagada. É triste ver o interior do santuário desta maneira. Finalmente, Juan Zaforas, da Espanha, disse: “É triste vê-lo assim, mas a Mãe de Deus não precisa de nada para fazer milagres. Pode ser um símbolo. A boa notícia é a reabertura do Santuário.

Vão em frente, irmãos e irmãs na aliança de Santa Cruz do Sul. Não estão lutando sozinhos. Nós estamos aqui. De muitos povos e nações, em nossa aliança solidária.

Santa Cruz do Sul, 30.05.2021

Artigos anteriores sobre o assunto

Original: Espanhol (30/05/2021). Tradução: Luciana Rosas, Curitiba, Brasil

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1 Responses

  1. Cássio Leal says:

    Os institutos não estão “acima” da família. Estão a serviço da família e dos leigos. Espero que o Santuário de Santa Cruz do Sul possa voltar a funcionar e que haja um acordo.

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