Posted On 2020-04-08 In A Aliança de Amor Solidaria em tempos de coronavírus, José Kentenich

Deveria ser uma festa: 75 anos desde a libertação do Padre Kentenich de Dachau

JOSÉ KENTENICH, Irmã. M. Elinor Grimm / mf •

Tantas coisas que foram preparadas e planeadas com tanto amor e compromomisso se desmoronaram nesta semana. Eventos desportivos, congressos, missas, jubileus, viagens, procissões e Vias Sacras. Dezenas de missões para centenas de jovens, 500 anos da primeira missa na Argentina e também as comemorações dos 75 anos da libertação do Padre Kentenich do campo de concentração de Dachau. Ficamos em casa, porque cuidamos um do outro, porque queremos aliviar os médicos, as enfermeiras e todos que trabalham nesta situação de emergência. —

«Na verdade, como Família de Schoenstatt, queríamos ir buscar o Padre Kentenich a Dachau e acompanhá-lo até Schönbrunn. Uma vez ali, no mosteiro, perto de Dachau, passou a primeira noite de liberdade. Na manhã seguinte, na igreja do convento, celebrou a Missa “, diz a irmã. M. Elinor. O memorial de Dachau está fechado. A grande comemoração dos quase 80 sobreviventes do campo de concentração, que aconteceria em 3 de Maio, também teve que ser suspensa devido à pandemia.

O especial que está a acontecer neste 2020 encaixa-se, de alguma maneira, no que o Padre Kentenich viveu. Viveu prisioneiro por três anos, primeiro na prisão de Colónia e depois dentro do campo de concentração, com doenças e mortes rondando por todo o lugar, evitando contactos directos e a celebração da Missa. Nesse 6 de Abril deve ter querido ir directamente de Dachau para Schoenstatt. No entanto, ele não o fez até 20 de Maio, no Pentecostes, quando finalmente conseguiu chegar ao Santuário Original e ver e cumprimentar as pessoas com quem ele sabia que estava profundamente vinculado. Queremos esperar, como ele e com ele, pelo fim desta situação pela qual estamos a passar.

 

Em Ennabeuren, Pe. Kentenich é o terceiro da direita. À esquerda, Pe. Heinz Dresbach

Reviver os eventos de há 75 anos atrás

A Ir. M. Elinor Grimm convida-nos a reviver os eventos de há 75 anos atrás, de uma maneira pessoal. Para isso, partilha e sintetiza os acontecimentos desse tempo de espera:

Na segunda-feira de Páscoa, 2 de abril de 1945, o Pe. Kentenich ainda teve uma reunião com o grupo do Pe. Fischer para se preparar para a renovação espiritual mensal. Nela se falou que poderiam muito bem ser os últimos dias no campo de concentração, já que os Aliados se estavam a aproximar e se previa um ponto final da fraca resistência. No campo de concentração superlotado, uma epidemia de tifo eclodiu no final de 1944, matando um grande número de pessoas.

“Procedamus in nomine Domini et Dominae” (Prossigamos em nome do Senhor e da Senhora) foi o lema que Pe. Kentenich deu ao grupo de vida de Pe. Fischer.

Em 5 de Abril, o capelão Dresbach foi libertado e, no dia seguinte, o Padre Kentenich. Heinrich Himmler, sob cuja responsabilidade estavam os campos de concentração, tinha começado no início do ano com uma acção que consistia na libertação alfabética de algumas pessoas “espirituais” (padres, pastores, etc.). No entanto, essa medida foi anulada e, em breve, temia-se que o campo de concentração fosse destruído com aqueles que ainda estavam lá dentro. O Padre Fischer não foi um dos sortudos a sair graças à mudança de Himmler. Em 26 de Abril, teria que ter ido nos veículos da morte, mas conseguiu esconder-se e pôde testemunhar a libertação do campo pelas tropas americanas em 29 de Abril de 1945. Devido ao tifo, todo o campo de concentração foi colocada em quarentena.

O Padre Kentenich foi libertado em 6 de Abril e foi para Schönbrunn. O capelão Dresbach chegou lá à tarde e no dia 7 levou-o para Freising. Ficaram na casa dos Pallottinos por quase uma semana, até que tivessem um encontro com o cardeal Faulhaber, Arcebispo de Munique e Freising. Ao mesmo tempo, houve reuniões com a Juventude Feminina e a Liga Feminina. Depois, partiu em circunstâncias difíceis – a guerra ainda não havia terminado – para Ennabeuren. O Padre Kentenich ficou na região do Jura da Suábia por, aproximadamente, quatro semanas. Ele queria voltar para Schoenstatt numa carroça puxada por cavalos, mas aconteceu de outra maneira. O padre Menningen veio buscá-lo com o irmão, que tinha carro. Em 20 de Maio, dia de Pentecostes, o Pai pisou Schoenstatt novamente.

 

Grandes planos para o futuro

Nessa altura, o Padre Kentenich já tinha decidido viajar para o estrangeiro para agradecer pela fidelidade. Muitos tinham sido isolados durante a guerra e aguardavam notíciasdo lar. O seu olhar estava posto no futuro. Já em Freising, nos primeiros encontros com a Juventude Feminina e a Liga Feminina, ele disse:

Não queremos olhar para trás nos momentos cinzentos. O nosso olhar avança, rumo ao futuro … Schoenstatt é um Movimento, não uma Irmandade de formas fixas. Então agora que o mundo está a sangrar por mil feridas, precisamos ajudar. Devemos ser Marias, que vêem todas as necessidades com olhos marianos, ter mãos marianas, aproveitando todas as oportunidades para mitigar tanta dor. Os pés devem seguir as estradas marianas e no coração sempre ter a oração de Maria: “Senhor, eles já não têm vinho!” Mas, não apenas as necessidades externas. Devemos também, acima de tudo, despertar no coração dos Homens a Fé esvaziada e a Confiança em Deus. Queremos orar muito, oferecer muito, amar muito! ”

Em Freising, o Pai permitiu ser fotografado, pois precisava de um passaporte. Daí a famosa foto dele sem cabelo e sem barba.

Para hoje

“No inferno de Dachau, os seus companheiros de prisão foram capazes de experimentar um pouco do Céu! Esse foi o testemunho de Enrique Dresbach, um dos três escribas de Pe. Kentenich no campo de concentração. Ele vivia da realidade sobrenatural da Aliança com Maria. Era uma realidade para ele. Por esse motivo, esse período da história de Schoenstatt foi uma confirmação do lema “Triunfo da fidelidade à Aliança”. Isto deve servir como estímulo e seguro na crise actual “, diz Ir. M. Elinor.

O Padre Kentenich escolheu na grande miséria de Dachau, Nossa Senhora,como a Rainha do campo de concentração e a Mãe do pão e do lar.

“Aceita que te proclamemos
Rainha do universo
abrasa-nos em ardente amor a ti;
faz que inflamemos o mundo inteiro
ao teu serviço,
para que todos os povos encontrem
o caminho seguro para o lar.
O teu coração santo
é para o mundo refúgio de paz,
o sinal de eleição e a porta do céu”. Amén.
(R ao C 541)

 

Original: alemão(3/4/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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