Año Santo 2025

Posted On 2023-11-16 In Artigos de Opinião, José Kentenich

A Causa Kentenich – demagogo fanático em vez de abusador?

Por Matěj Pur, Liga dos Homens Checa 

Há alguns anos, a teóloga italiana Alexandra von Teuffenbach revelou ao mundo inteiro uma visão do exílio do Padre Kentenich. Todo o Schoenstatt protestou que ela era demasiado parcial no seu trabalho, e todos sabiam que não era assim tão mau. Há alguns meses, o professor chileno e doutor em filosofia da União dos Homens, Ignacio Serrano del Pozo, da Universidade Andrés Bello, deu uma resposta, publicada (em castelhano) em Teología y Vida 64/2 (2023), p 195-221[1]. O Padre Kentenich aparece melhor, mas longe de ser inocente. —

O artigo de Del Pozo, aprovado pelo Conselho de Peritos, mostra que os relatórios do inquisidor jesuíta, Sebastian Tromp, mostram que ele não tinha dúvidas sobre a pureza do fundador, mesmo em relação ao alegado abuso sexual de uma Irmã. Além disso, não duvidou das suas boas intenções e escreveu sobre os seus excelentes talentos intelectuais, o seu espírito apostólico e o seu coração. No entanto, ele via um problema em certas acções que, na sua opinião, levaram a uma atmosfera sectária em Schoenstatt naquela época (e talvez não mais).

Por exemplo, na questão muito discutida do Exame Filial (Kindesexamen) das Irmãs de Maria de Schoenstatt, ele afirma que, embora o Padre Kentenich esteja convencido de que não está a fazer nada de errado, o outro lado ou o seu sucessor podem não o perceber dessa forma. Segundo Tromp, o facto de um padre se encontrar com uma mulher celibatária em privado já é problemático segundo o espírito da época. O Padre Kentenich deveria justificá-lo com a descoberta de um método de sublimação imune às tentações sexuais. Mas Tromp chama-lhe a teimosia ingénua do fundador.

Pior ainda é a posição do Padre Kentenich como bandeira (transparente) da paternidade de Deus Pai, que Tromp rejeita completamente e pede a Kentenich que ajuste as várias formulações para que fique claro a que Pai se refere em cada momento. O Pe. Kentenich recusa-se a fazê-lo, o que leva a excentricidades do ponto de vista actual, como a pintura da uruguaia Irma Ulmer, no qual Deus Pai tem traços visíveis do Pe. Kentenich. O Movimento utilizava frases como “Pai, não se faça a minha vontade, mas a tua” ou o frequente “por Ele, com Ele e n’Ele” como paráfrase do final da Oração Eucarística. E aqui, segundo o testemunho das Irmãs e dos Palotinos, referia-se a Kentenich e não a Deus.

Segundo Tromp, este culto da personalidade começou a assemelhar-se à veneração de Hitler ou Mussolini. Insistir que Schoenstatt é a obra predilecta de Deus ou falar do tesouro da fé de Schoenstatt também não ajudou. Tromp procura uma explicação na arrogância do Fundador, que começou a ver-se como um profeta infalível e que não regressou de Dachau como um herói tranquilo, mas como um demagogo fanático que tinha de ser corrigido a tempo.

O Pe. Kentenich já acusava todos os que não estavam de acordo com ele de estarem infectados com o bacilo do mecanicismo e do bolchevismo, o que não o ajudava muito. Del Pozo assinala que mais do que a busca da verdade e a luta por ela, é o facto de o Padre Kentenich, segundo Tromp, ter certas ideias fixas. Só na sua primeira resposta à Visitação Episcopal, ele mencionou oito vezes tais acusações.

Segundo Del Pozo, Tromp deveria ter feito perguntas teológicas mais fundamentais, para que Kentenich reconhecesse que a Igreja, que Tromp defendia, é uma comunhão que tem Cristo como Cabeça e se manifesta no Papa e nos Bispos sob a sua autoridade. “O senhor, Padre Kentenich, está a comportar-se mal perante os Bispos que, como representantes de Cristo, são a segunda coisa mais importante na Igreja. É por isso que pensa mecanicamente e entrega as pessoas ao bolchevismo. Tenha cuidado para não ser morto pelas mesmas armas com que ataca os outros”, Tromp usa mesmo o vocabulário de Kentenich cheio de causas e de pensamento mecanicista.

É um problema teológico e não pastoral que o decreto do Santo Ofício peça ao Padre Kentenich, em primeiro lugar, que mostre respeito pela autoridade da Igreja e que deixe de usar termos confusos que poderiam ser entendidos por alguém como uma separação de Schoenstatt de Jesus e da sua Igreja.

Uma comissão independente de peritos deve esclarecer isto. Mas, segundo a Diocese de Trier, ela não será criada por Schoenstatt, porque as conclusões de tal grupo não são suficientes para renovar o processo de beatificação.

Artigo integral escrito por Ignacio Derrano del Pozo (Castelhano)


[1] SERRANO DEL POZO, IGNACIO. Las razones de un destierro: a propósito de las acusaciones de Alexandra von Teuffenbach contra el fundador de Schoenstatt. Teol. vida [online]. 2023, vol.64, n.2 [citado 2023-11-13], pp.195-221. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0049-34492023000200195&lng=es&nrm=iso . ISSN 0049-3449. http://dx.doi.org/10.7764/tyv642.e3

Original: ingles (15/11/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

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