José

Posted On 2021-01-30 In Ano de S. José

São José, pai na obediência

HOMENS SÃO JOSÉ | Pe. Júlio Fabiano R. Afonso, Brasil •

The Joseph Challenge 2021 by Schoenstatt.org, only for men (O Desafio José 2021 de Schoenstatt.org, somente para homens): Homens de diferentes opções vocacionais na aliança de amor, de diferentes países e gerações, se deixam desafiar pela carta do Papa Francisco Patris Corde sobre José, “esta figura extraordinária, tão próxima de nossa condição humana” e compartilham o que mais os influencia e motiva na figura de São José e na carta do Santo Padre a seu respeito. O Pe. Júlio compartilha conosco seu vínculo com São José através do exercício ativo da obediência.—

Ao longo da vida oculta em Nazaré, na escola de José, Ele aprendeu a fazer a vontade do Pai.
Tal vontade torna-se o seu alimento diário (cf. Jo 4, 34).
Mesmo no momento mais difícil da sua vida, vivido no Getsémani, preferiu que se cumprisse a vontade do Pai, e não a sua,[16] fazendo-Se «obediente até à morte (…) de cruz» (Flp 2, 8).
Por isso, o autor da Carta aos Hebreus conclui que Jesus «aprendeu a obediência por aquilo que sofreu» (5, 8).

Não se admire, mas minha identificação pessoal com São José nasce do fato dele ser carpinteiro e trabalhar com a madeira. Eu gosto muito do que é feito com madeira, vejo nela o encontro da mão humana com a mão criadora de Deus. Por isso meu cálice de ordenação é de madeira. Ponho da minha humanidade (a madeira do cálice) para Jesus colocar dentro a sua graça e realizar seu plano de salvação (o Vinho da Salvação).

Agora, quem me conhece mais, também sabe que sempre fui apaixonado pela música, e que desde criança toco violão. A vibração na madeira no violão é algo lindo não só de se ouvir, mas de sentir…

Ao ver São José, me lembro do pai de Jesus, carpinteiro e trabalhador. Homem que não só trabalhou com a madeira, mas que também soube ser a madeira na qual Deus trabalhou.

A analogia vale para cada pessoa. Penso que é necessário trabalhar a própria madeira, e sentir as vibrações que ela produz. E assim, na escola de São José, se tornar um aprendiz de carpinteiro. Porque é trabalhando a própria madeira que escutaremos a vibração de Deus em nós e cumpriremos nossa missão de vida, eu como sacerdote, e vocês com sua vocação particular.

Jose Pe Julio

Foi preciso trabalhar a madeira

Nunca fabriquei um violão, mas já arrumei e reformei alguns. É preciso precisão e paciência, concentração e perseverança. São José, que pouco aparece nos evangelhos, trabalhou não só a madeira para construir móveis. Mas trabalhou sua própria madeira, isto é, sua própria personalidade para levar a cumprimento sua missão como pai do Salvador.

Pensemos nas dúvidas e angústias que padeceu quando soube que Maria, prometida a ele em casamento, estava grávida. Para não difamá-la decidiu deixa-la em segredo (Mt 1, 19). Mas foi em sonho orientado por Deus para não fazer isso. Aliás, o anjo de Deus falou quatro vezes a ele por meio de sonhos. E São José foi obediente! Mas poderia não ter sido? Sim, poderia pensar que esse sonho não era de Deus e recusar aceitar Maria grávida de Jesus; poderia ter pensado que era bobagem abandonar sua terra e fugir para o Egito (imagine quanto trabalho e dificuldade daria isso!); São José poderia decidir não voltar a sua terra natal depois de se acostumar a viver no Egito; poderia não ter ido viver em Nazaré da Galileia… Mas ele foi, e assim manifestou sua obediência a Deus.

O que São José me ensina sobre a obediência?

Obediência necessita escuta

As vezes é difícil escutar… muitas vezes queremos impor nossa forma de pensar e executar logo o que queremos. As vezes nossa madeira cria resistências. Mas só obedece aquele que supera essa resistência aprendendo a escutar. Pois quem vive fechado não processa o que o Outro diz, pelo contrário, repete as mesmas coisas com insistência. São José rompeu a resistência que era seguir o que ele mesmo tinha planejado, e escutou o que o anjo lhe disse em sonho.

A quem obedecer?

É verdade que não temos que dizer sim a todos os pedidos e viver das expectativas alheias. Já diz a Sagrada Escritura, “é preciso obedecer antes a Deus do que aos homens” (Atos 5,29). Imaginem quantas pessoas podem ter dito a São José para não sair de sua terra e ir ao Egito? Mas São José soube reconhecer e diferenciar as vozes, e obedecer a Deus em primeiro lugar. Precisamos também aprender a diferenciar a voz de Deus de outras vozes, e obedecer a Deus antes que aos homens.

Quando em consciência fazemos as coisas buscando o bem, podemos dormir com a consciência tranquila, mesmo que algumas pessoas digam que estamos procedendo da forma que eles não esperavam. Se faço por Deus, não vou me arrepender.

Obediência e liberdade

Obediência não é medo, menos ainda adesão a certas expectativas para obter reconhecimento. Vejamos como Deus procede de modo cuidadoso com São José, comunicando-se através do anjo em sonho. Esse detalhe lhe garante a possibilidade de tomar uma decisão livre. São José deu um salto de fé, entendendo no sonho a vontade de Deus, e colocou em prática o que ele decidiu depois do sonho. Deus respeitou sua liberdade e sua decisão. Deus também é assim conosco, nos deixa livres para decidir e colocar em prática o decidido, e não fica mandando multas quando erramos o caminho.

Deus respeita nossa madeira. Ele conhece as possibilidades e limitações da madeira que temos. Sugere e conhece nossa capacidade de conversão e mudança. Deus sabe que só obedecendo em liberdade podemos fazer por amor. O contrário seria obedecer por medo ou coação.

Obediência consciente

São José não se limitou a dizer sim sem saber do esforço que teria. Ele teve que fazer cálculos e assumir os riscos. Ao menos, aqueles riscos que ele poderia conceber em pensamento. Obedecer não é recusar a pensar ou deixar que outro pense tudo por você. Obedecer não é passividade, mas ação! E para isso, é necessário pensar com Deus. Não se é carpinteiro por desenhar um projeto, mas por construir uma cadeira com a madeira que se tem!

Não devemos viver resignados, ficar sentados esperando, ou dizer: aconteceu porque Deus quis, e pronto… Cada situação exige uma escuta ativa da vontade de Deus. E isso elaborado dentro do próprio coração e consciência. As vezes obedecer é sim esperar, como São José esperou a mensagem do anjo para voltar do Egito a sua terra natal (Mt 2, 19-20). Mas outras vezes, pelo contrário, é tomar a iniciativa e buscar uma solução, tal como quando José com Maria voltaram a Jerusalém para buscar o menino Jesus que estava perdido. Eles não ficaram discutindo de quem era a culpa pela perda do menino. Eles agiram! (Lc 2, 43-46).

Carpinteiro como São José

O carpinteiro São José me inspira a ser um sacerdote obediente a Deus como sou, com a madeira com que ele me criou. Mas uma obediência ativa, como aprendiz do grande carpinteiro que é Deus. Porque é preciso trabalhar a madeira!

 

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