PARAGUAI, Redação da Revista Tupãrenda •
O diácono Pablo Martínez assumiu com alegria a sua vocação e foi ordenado sacerdote por Monsenhor Francisco Pistilli, bispo de Encarnación, na Eucaristia que se realizou na Igreja Santa María de la Trinidad em Tupãrenda no domingo 24 de junho às 11:00 h. Pensando na sua emoção, na dos seus familiares e na de todo o Movimento, quisemos conhecê-lo melhor.—
“Mobiliza-nos o exemplo de tantos sacerdotes, religiosas, religiosos e laicos que se dedicam a anunciar e a servir com grande fidelidade, muitas vezes arriscando as suas vidas e, certamente, à custa do seu conforto”(1). Ainda mais nos mobiliza tratando-se de um jovem paraguaio, da nossa família de Schoenstatt, que com audácia e fervor decide consagrar os seus esforços diários inteiramente à missão. Emociona-nos porque sabemos que “a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”(2) e a turbulência dos nossos dias necessita de trabalhadores com personalidades firmes, livres e sacerdotais.
Formado no Santuário Lar
Não nos foi difícil entrar em contacto com Pablo Martínez, apesar de ainda estar a completar a sua formação no Chile, já que para além do contacto através da comunidade dos padres, contávamos com a sua mãe Susana e a sua irmã, a Ir. Katia. À Susana encontramo-la sempre “à sombra do Santuário”, não só contribuiu para a formação de dois maravilhosos jovens que consagram a sua vida à obra da família de Schoenstatt, mas também ela trata de ser um instrumento eficaz, sempre disponível para trabalhar pela missão do nosso pai fundador. Pablo reconhece que o mais valioso ensinamento dos seus pais foi terem-no conduzido à Mater: “O nosso Santuário Lar era um dos lugares mais bonitos da casa, era uma mini-capela. Aí desde muito pequeno ouvia os meus pais a rezar à Mater, a pedir por nós, por eles. Falavam com a Mater à nossa frente com uma naturalidade que sempre me chamou a atenção” disse-nos.
Foi ordenado no lugar das suas aventuras e vivências de criança
A ordenação foi num lugar especial para ele: “Uma entre tantas grandes experiências com Schoenstatt foi Tupãrenda. Ir com a família era toda uma aventura. Tenho gravadas as missas da Noite de Natal e as da Vigília Pascal. As explorações entre a casa de retiros, a casa da juventude masculina ou o cemitério”.
Pablo Martínez é o mais novo de cinco irmãos. Dos seus pais e dos seus irmãos aprendeu um estilo de vida diferente, baseado na fé e na confiança, um estilo que tinha o selo de Schoenstatt, que o entusiasmou a unir-se ao Movimento desde pequeno, já que logo se integrou no seu grupo de vida, que mais tarde se chamou “Matris Milites” e que ele reconhece como o pilar fundamental para a sua vida até que decidiu entrar na Comunidade dos Padres.
A sua irmã fez-lhe a pergunta-chave
O nosso sacerdote fez os seus estudos primários e secundários no colégio “San Cristóbal” de Asunción. Logo no colégio atraíram-no as Ciências Económicas. A inquietação vocacional descobriu-a depois do colégio, enquanto estudava para ingressar na faculdade de economia. Ele próprio reconhece que aquele foi um ano muito difícil pois quanto mais se esforçava por estudar mais sentia um chamamento que, no início não quis partilhar com ninguém, nem sequer com a sua família. O Padre Cruz Viale foi quem o acompanhou no caminho. “Vi como um grande sinal de Deus que, no meio de todo o discernimento, a minha irmã Kathia, que por esses dias se encontrava de férias em minha casa me tenha perguntado se alguma vez tinha encarado a vocação para o sacerdócio. Aí fiz o “clique” e dei o salto”.
Pablo Martìnez emociona-se ao recordar esses momentos fortes da sua vida, os que marcaram um antes e um depois no seu auto-desenvolvimento e na sua relação com a Mater: a Aliança de Amor com Maria a 3 de outubro de 2004 junto ao seu grupo “Matris Milites”, os exercícios espirituais que fez em maio de 2017 com um padre jesuíta e o “Sim para sempre” que recebeu da Comunidade em 30 de agosto de 2017. Durante o mês dedicado aos exercícios espirituais, consegui perceber com uma profunda clareza a presença de Deus na minha história pessoal e descobrir como me foi conduzindo através da minha família, dos meus amigos, do meu grupo de vida, da família de Schoenstatt, do meu curso, da minha comunidade a receber um dom tão bonito como é ser sacerdote de Cristo”.
Em Tucumán conheceu as realidades sociais mais vulneráveis
A sua experiência na paróquia San José, em Tucumán, Argentina, confrontou-o com a difícil realidade de muitos bairros mutilados por esse flagelo tão terrível que é a droga: “Ao partilhar com estes jovens, vi como a droga é capaz de destruir todo o tipo de vínculos e deixar a pessoa completamente só, e ao mesmo tempo pude comprovar como com muita fé e força de vontade se pode seguir em frente e voltar a criar os laços familiares e de amizade num ambiente são”. Também partilhei com a juventude masculina de Tucumán, que está a levar por diante uma variedade de projetos sociais que demonstram o quão comprometidos estão os jovens com as realidades sociais mais vulneráveis da cidade. “Gostaria de acompanhar uma juventude assim. Que pela mão da Mater, e com um lindo caminho comunitário possamos sair ao encontro da realidade dos mais necessitados”, afirma.
Ele deseja imitar a ampla disponibilidade do Padre Kentenich, o calor e a preocupação com que atendia as pessoas que recorriam a ele, pois considera que “da escuta atenta nasce também a audácia em nós mesmos para plasmar a vida respondendo às necessidades do homem de hoje”. Anseia que o Paraguai seja um país de oportunidades onde se fomentem cada vez mais todas as áreas humanas, que todas as pessoas possam desenvolver a sua vocação para o artístico, desportivo, cultural… e sobretudo, que seja um país cada vez mais justo na distribuição destas oportunidades.
No Santuário, a alma abre-se para se deixar olhar por Deus
O caminho da santidade da vida diária, recomenda-nos com humildade o buscar e cultivar momentos de silêncio e solidão com Deus. Ele reconhece que muitas vezes sente a tentação de encher de barulho as atividades dos jovens e evitar os momentos de silêncio. Contudo, nota que cada vez serão mais importantes os momentos de meditação nos quais “a alma se abre para se deixar olhar por Deus”, encontrar momentos para simplesmente “estar na presença de Deus”, sem buscar muitos frutos imediatos, e para isso, valoriza o grande presente que nós, os schoenstattianos, temos que são os nossos santuários.
A sua vocação orgulha-nos, enche-nos de esperanças e alegra-nos. A família celebra com o Padre Pablo e une-se em oração para que “estando na íntima proximidade do Redentor do mundo, com Ele percorra, no Espírito Santo, os caminhos do Pai” (3).
1 Exortação Apostólica “Gaudete e Exsultate” do Santo Padre Francisco
2 Lucas 10,2
3 Oração das vocações Masculinas do Rumo ao Céu, José Kentenich
Fotos: Ordenação diaconal, junto ao recém ordenado Pe. Eduard, de Espanha
Original: espanhol. Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal
