ARGENTINA, Maria Fischer •
“Sem dúvida, foi uma experiência forte, que, à luz da minha fé, foi entregue à Mãe de Deus”, escereveu a Martha Liotti no dia da bênção do Santuário de Schoenstatt em Corrientes, em 11 de Setembro de 2022. ” Foi muito emocionante recordar os inícios da modalidade de Bebés e Crianças com a Vida em Risco, representados no Santuário pela única Cruz Branca, testemunho da fé dos pais de Ezequiel, um pequeno anjo que nos acompanha dia após dia”. O Santuário ergue-se junto desta Cruz Branca, que é um memorial ao Ezequiel, um bebé que recebeu a visita da “Pequena Peregrina”, a imagem pequena da Mãe Peregrina dos bebés com a vida em risco. Com o seu querido marido falecido há vários anos, Ezequiel, de certeza, recebeu a Martha às portas do Céu, no dia 22 de Março. —
“Há algum tempo que a sua saúde se estava a deteriorar pouco a pouco. Ontem, dia 22 de Março, regressou para junto de Deus Pai, certamente a Mater a estará a acolher”, escreve Débora Gago, mãe de Martina, um “bebé com vida em risco ” que foi visitado pela Pequena Peregrina quando lutava pela vida. Hoje, Débora é missionária desta modalidade da Campanha e, juntamente com o seu marido, Nito, são muito activos na Obra das Famílias de Schoenstatt em Corrientes. “Fiel ao seu estilo, pediu ao seu grupo de mães que se despedisse com alegria e cantasse “Maria da Aliança”, e assim o fizeram. Para além da enorme dor que sentimos, rezamos e confiamos que a sua vida, de enorme fecundidade apostólica, lhe abriu as portas do Céu”.
A Pequena Peregrina visitando uma menina
O livro que Martha deve escrever
Martha Liotti, 2017 em Buenos Aires
Muito se poderia escrever sobre a Martha, sobre como o Espírito Santo a inspirou para esta modalidade da Campanha quando, em 1999, o seu neto, Patricio, nasceu prematuramente com um prognóstico muito reservado. Muitos artigos em schoenstatt.org contam, ao longo de quase 25 anos, o apostolado de Martha Liotti, e cada uma destas histórias verdadeiras que ela partilhou tem um toque pessoal, tem nomes de bebés e dos seus pais, as suas necessidades e ansiedades. Em silêncio, é transmitido o compromisso social que constitui uma parte essencial da “Campanhazita”, que ao longo dos anos se expandiu para outras partes da Argentina e para além dela – por exemplo, para o Paraguai, México e Alemanha.
Foi mesmo antes da pandemia. Uma visita minha à Argentina coincidiu com uma visita de Martha a Buenos Aires, e decidimos encontrar-nos, com Monina Crivelli, que anos antes nos tinha vinculado, num café na Recoleta, para um “cafecito”. Um “cafecito” que durou 6 horas, enquanto Martha contava uma história verdadeira atrás da outra. Um ano mais tarde, voltámos a encontrar-nos num café em Belgrano, mais perto de onde ela estava alojada, na casa do filho, pois tinha dificuldade em deslocar-se. Ao despedirmo-nos, pedi à Martha que escrevesse um livro sobre a Campanhazita, com todas as histórias… e ela aceitou com um artigo. Não há nada melhor para escrever sobre ela do que o que ela própria escreveu.
Com enorme gratidão por ter conhecido Martha Liotti, republicamos este artigo.
Encontros no caminho
ARGENTINA, Martha Liotti, fundadora da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt para bebés e crianças com a vida em risco •
Pode ser num supermercado, num cabeleireiro, numa celebração, numa Ermida ou, simplesmente, em casa. Nos 20 anos do início da Campanhita, modalidade da Campanha da Mãe Peregrina para Bebés e Crianças em Risco de Vida, permito-me escrever na primeira pessoa para dar a conhecer testemunhos recebidos que, mostram os vínculos que a presença da Mater vai criando nas famílias dos pequenitos que recebem a imagem Peregrina e a Ela, são consagrados. —
Na Ermida Novo Tabor
Numa Ermida, precisamente a escolhida como centro espiritual desta missão, chamada Novo Tabor, onde vai ser erigido o primeiro Santuário da Mater na Província de Corrientes (Argentina), encontrei-me com Rocío Aymará de doze aninhos a quem acompanhei no dia do seu Baptismo, nesta mesma Ermida. Essa, foi a primeira vez que este Sacramento se celebrou ali. A sua mãe recordou, muito emocionada, como tinha sido a visita da Peregrininha e o quanto a ajudou a Sua presença nos momentos em que a sua filhinha lutava pela vida, ao nascer. Também lá, nesta Ermida, vieram abraçar-me as pequenas Florencia e Morena, que, juntamente com o avô Carlos, não deixam de ir todos os meses no dia 18 para agradecer à Mater pelas graças recebidas. Roque António que, nos seus ladinos jovens anos, me enche de carinhos e mais, uma jovenzinha que me mostra no telemóvel as fotos da sua irmãzinha, Magali: “Olhe que linda está agora, já tem 10 anos”.
Encuentro en la ermita
No cabeleireiro, no supermercado
No cabeleireiro, numa tarde de primavera, uma senhora aproxima-se com um enorme sorriso, abraça-me e mostra-me, no telemóvel, a fotografia do Gonzalo, de 18 anos, no dia da sua formatura no liceu. Lembra-se, diz-me “tão pequenino que era quando nasceu e quão angustiada estava eu! Não esqueço como tudo mudou ao chegar a pequena Nossa Senhora de Schoenstatt e ao consagrar o meu filhinho ao Seu Coração Imaculado”.
Entre as prateleiras do supermercado, um casal abraça-me com uma enorme ternura. “Que alegria voltar a encontrar-nos ao fim de tantos anos!” Dizem os dois ao mesmo tempo. Vinham de uma localidade que fica a 120 quilómetros desta capital. Facundo o seu segundo filho já tem 19 anos e recebeu a Peregrininha quando nasceu com 1 quilo e duzentos gramas e 7 meses de gestação, com poucas probabilidades de sobreviver. Passou dois meses no piso de Neonatologia de uma clínica desta cidade, sempre protegido pela Materzinha a quem foi consagrado.
Martina
Com a Martina (foto acima) é diferente. Somos muito amigos, os seus pais, ela e eu. Claro que não podia faltar à festa dos 15 anos! (Uma data importante na vida de uma menina, em toda a América Latina NT)
Mas, o encontro também pode ser em casa quando, numa manhã “qualquer” toca a campaínha e, ao abrir a porta vês uma menina de 16 anos e a sua mãe que, explicam a visita: “A Milagros insistiu tanto para virmos”, diz a mãe, “eu”, diz a Milagros, “queria conhecer a pessoa que, sem ser da nossa família, foi à clínica onde eu nasci com a imagem de Nossa Senhora e, rezou, com os meus pais, por mim”. Já num ambiente familiar e no Santuário-Lar, agradecemos, todos juntos, o dom da vida da Milagros, nascida com 960 gramas e poucas probabilidades de sobreviver. Vieram de Loreto, localidade que fica a 186 quilómetros desta cidade, numa viagem de duas horas e meia. Valeu a pena o forte abraço da Milagros e os seus beijos, enquanto me dizia: “Finalmente, pude conhecê-la, Vóvó”.
A fé, o dom recebido de Deus, converte-se no veículo com o qual arriscamos avançar por todos os caminhos, criando vínculos de esperança, em momentos difíceis, pelo amor que nos une.
Um dia após o seu falecimento, uma colaboradora de schoenstatt.org de El Salvador pediu orações pelo neto de seis semanas de uma amiga, porque tem um sopro no coração e vai precisar de um cateterismo cardíaco. Como sempre, coloquei o nome do bebé aos pés da minha pequena Mãe Peregrina para bebés em risco (que ela visita virtualmente). Espontaneamente, pedi à Martha a sua intercessão….
Obrigada, Martha, pela tua vida missionária. A tua missão continua em nós e a partir do céu.
Original: castelhano (24/3/2024). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
