NICARÁGUA, Agência Fides e redação •
A tensão na Nicarágua não se alivia após a celebração do 39º aniversário da revolução sandinista que marcou o fim do ditador Anastasio Somoza. Na comemoração de 19 de Julho, não houve a grande massa de pessoas como em outros anos, e o presidente Daniel Ortega descreveu uma situação de conflito completamente alheio à realidade, acusando os bispos da Nicarágua de ser “conspiradores” e “golpistas” e acrescentou ironicamente: “Eu pensei que eles eram mediadores, mas eles pediram ao presidente para sair, eles são parciais, eles manobraram um golpe contra o governo.”—
Então, o presidente acusou a comunidade católica: “Eles nunca convocaram manifestações pacíficas, e se a polícia entrou nas igrejas é porque são quartéis, escondem armas”.
Desde o dia 18 de abril se registraram manifestações na Nicarágua contra o presidente Daniel Ortega, no poder desde 2007 e reeleito em 2016 nas eleições questionadas pela oposição. Em janeiro de 2014, a Assembléia Nacional aprovou a reeleição indefinida do ex-guerrilheiro. As manifestações foram reprimidas pela polícia e paramilitares, com mais de 300 mortos.
Embora a Igreja participe como mediadora e testemunha no diálogo nacional convocado pelo Ortega, grupos simpatizantes do governo atacaram em 09 de julho ao Cardeal Leopoldo Brenes, o Núncio Apostólico, Mons. Waldemar Stanislaw Sommertag, e Mons. Silvio Baez, durante uma visita pastoral a Diriamba.
A Arquidiocese de Manágua (Nicarágua) denunciou que paramilitares e a polícia atacaram durante a noite de 14 julho a paróquia Divina Misericórdia, onde vários estudantes estavam refugiados, matando a um jovem e deixando vários feridos.
No dia seguinte, o carro do Bispo de Estelí, Dom Abelardo Mata, foi atacado por multidões pró-governo. O Prelado refugiou-se numa casa próxima e pôde retornar à sua diocese graças à intervenção do Cardeal Brenes.
Rezemos pela Nicarágua
A reação da comunidade católica é internacional: várias Conferências Episcopais organizaram dias de oração e jejum para a Nicarágua, CELAM convocou todas as Igrejas da América realizada no domingo, 22 de julho como um dia de oração para a Nicarágua: ” Domingo, 22 de julho, é nosso desejo e pedimos que em todas as nossas celebrações, em todas as comunidades de fiéis de todos os nossos países, seja feita uma oração especial pelo povo da Nicarágua “, diz o texto enviado à Agência Fides.
Há muitas organizações católicas têm expressado solidariedade com a comunidade católica e o povo da Nicarágua: Fides recebeu, entre outros, declarações do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), a Confederação Latino-Americana de Religiosos (CLAR) de várias ordens religiosas e congregações, como os Redentoristas, que têm missionários que compartilham os sofrimentos do povo nicaragüense em algumas paróquias que foram atacadas.
Costa Rica abre os braços para receber refugiados da Nicarágua
No plano político, vários países se declararam a favor da mediação dos Bispos para seguir o caminho democrático do diálogo e encontrar uma solução pacífica. A Organização dos Estados Americanos também se pronunciou a esse respeito da mesma maneira (veja Fides 19/07/2018).
Infelizmente, a violência do governo continua e, em alguns lugares, consegue impor terror e medo, a tal ponto que as famílias começam a pensar em deixar o país como uma solução extrema. Costa Rica, um país na fronteira com a Nicarágua, abriu dois locais para acomodar o crescente número de migrantes que fogem da Nicarágua. De acordo com o chanceler Epsy Campbell, na última semana, todos os dias “entre 100 e 150 pessoas chegaram pela primeira vez na Costa Rica”.
Original: Espanhol. 21 de Julho 2018. Tradução: Glaucia Ramirez, Ciudad del Este, Paraguai
Em aliança solidária com a Nicarágua, desde Costa Rica e todo Schoenstatt