PORTUGAL, Lena Castro Valente. Á medida que o Tempo caminhava veloz e o 18 de Outubro de 2014 se perfilava, envolto em expectativa e anseio, no horizonte mais próximo da História, os olhos da alma, abertos de par em par, não cessavam de querer, “olhar para trás”, para todo o caminho percorrido. Nesse vislumbre do deslizar do Tempo o meu coração começou a sentir o impulso profundo de ajoelhar e agradecer…
Obrigado, ó Santíssima Trindade! Porque misericordiosamente “traçaste” um Plano de Infinito Amor para ajudar o Homem velho a despir os seus andrajos de solidão…de carência de lar…de massificação…de auto-suficiência…de intolerância….
Obrigado, ó Querida Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt! Porque aceitaste ser Lar …Regaço…Refúgio… Coração…Suave e Firme Mão condutora… para que a Luz do Céu pudesse envolver e revestir o Homem Novo que sai do Santuário (Tua Casa – nosso Lar e nossa Pátria) para a luta da vida diária.
Obrigado, ó querido Pai-Fundador! Porque aceitaste Maria no teu coração e, te deixaste educar por Ela, tornando-te instrumento do Altíssimo… instrumento moldável como “o barro nas mãos do oleiro”… porque através das cruzes da tua vida carregadas aos ombros com tanto amor …na escuridão da fé e na vertigem dos numerosos “saltos mortais” da razão e do coração… és TOCHA luminosa ardendo na noite dos Tempos, guiando os teus filhos à ViCTÓRIA… és PAI, Sempre e só PAI.
Obrigado, ó Catarina Kentenich! Porque na simplicidade dos verdes anos que tinhas então, deste um Sim corajoso à vida que o teu seio albergava e a soubeste conduzir a Maria, percorrendo tu, sendas dolorosas.
Obrigado, queridos irmãos Pallottinos! Pela oportunidade que destes ao nosso querido Pe. Kentenich de se tornar sacerdote. E, pela dádiva tão valiosa do nosso Santuário… Solo sagrado da Fundação de Schoenstatt.
Obrigado, S. Vicente Pallotti! Pela visão que tiveste da Obra… que se cumpre em Schoenstatt.
Obrigado, a vós todos que passastes pelo Tempo antes de mim! Porque aceitastes em vossos corações a Fé e a Mensagem da Boa Nova do Evangelho, assim como, a Mensagem de Boa Nova de Schoenstatt… e a soubestes guardar, quantas vezes à custa da própria vida, para que Ela hoje seja Vida em mim.
Obrigado, a vós todos os que passastes pela minha vida! Porque trouxestes amor…cuidado carinhoso…ajuda na procura dos caminhos de luz…alimento para o corpo e para a alma…sede de ir mais além. Porque trouxestes cruzes que me fizeram sofrer e crescer…pedras para eu tropeçar e aprender a levantar-me…espinhos para me ferir e que têm permitido ansiar por uma única cura, aquela que vem lá do Alto.
SCHOENSTATT – Aliança de Amor
16 de Outubro de 2014 – a caminho do Santuário Original e da Capela do Fundador.
“Recebi de novo, Pai e Mãe, e muitos irmãos cheios de nobreza; tenho o direito de os trazer no meu coração, e nos seus corações estabelecer a minha tenda…” (RC 576)
Oração da manhã dentro do autocarro de alguns peregrinos portugueses… os primeiros a chegar.
“Que alegria quando me disseram: Vamos para a Casa do Senhor! … Alegro-me porque posso entrar na casa da nossa Rainha, posso tocar o solo sagrado do pequeno Santuário…” (Palavras do Pe. Kentenich em 14/4/34)
Realmente no meu coração reinava a alegria do reencontro! Mas quando escutámos a reflexão: “Sou ESPERADA em Schoenstatt – pela nossa Mãe e Rainha, pelo Pe. Kentenich, por muitos irmãos e irmãs na Aliança, do mundo inteiro…”
Aí o meu coração deu um salto no peito… a pressa de chegar era indizível… sou ESPERADA em Schoenstatt… a Mãe e o Pai, os meus irmãos esperam-me… quero reencontrar JÁ a minha Família… não sou uma anónima, nenhum de nós é esquecido … SOMOS ESPERADOS.
Que alegria! A nossa Terra de Schoenstatt vibrava com os cânticos…com as saudações … com o espanto no olhar de tantos e tantas que quase nem acreditavam que tinham, finalmente, chegado a casa! Agitávamos as nossas Bandeiras Nacionais para nos cumprimentarmos … e, no ar, elas formavam uma só… a Bandeira de Schoenstatt!
Assinar a Acta de Fundação! Aqui está o meu nome… contem comigo! Aqui estou! Aqui estou! Aqui estou!
Quando me aproximei do Santuário Original a estátua do Pai esperava por mim… corri como uma louca para me atirar nos seus braços, porque eu sabia que era esperada… o mar sem fim que banha o meu País brotou inteiro dos meus olhos levando na enxurrada… as dúvidas… a solidão…a sensação de marginalização… Eu sou filha deste Pai que me abraça!
Era chegada a hora de Portugal se apresentar à Querida Mãe! “De todos os Povos acorremos a Ti, Mãe Três Vezes Admirável…” Trazíamos o nosso Capital de Graças. As nossas intenções e os nossos pedidos… O Capital de Graças, intenções e pedidos dos nossos irmãos e irmãs que não tinham podido vir…o Capital de Graças, pedidos e intenções pela nossa Família Nacional. E a emoção, profundamente sentida, arrancou do meu coração… lágrimas e mais lágrimas… e um inequívoco sentimento de total pertença à Família Portuguesa do Pai, ramo Português da Família Internacional do Pai.
O Pai esperava por mim na sua Capela na Igreja da Adoração… o que foi dito e escutado está guardado no meu coração como tesouro precioso para a vida… No Museu do Pai – Casa Pater Kentenich – ele entregou-me uma pulseira em que, na sua letra, está escrito “Ich gehe mit…J. K.” Ele vai comigo! Que mais preciso?
17 de Outubro de 2014 – Santuário Original… Vigília da Aliança
De manhã, finalmente, a sós com a Mãe no Seu Santuário – minha casa.
Promessas trocadas…olhares trocados…bens e interesses trocados …corações trocados…
Arena – Vigília da Aliança – Chegada da Peregrina Original… 140.000 Kms sobre os ombros débeis de um santo do nosso Tempo – João Pozzobon …palmilhando os caminhos do mundo… matando a fome e a sede de Amor dos mais simples… levando consolo e palavras de esperança… levando a Aliança de Amor … Geradora de milhares e milhares de Peregrinas por esse mundo de Deus, atravessado por Oceanos…Desertos…Montanhas e Planícies… mas unido numa mesma missão, a Missão do nosso Pai.
Chegada da Tocha, acesa por Francisco, que levou por montes e vales, cidades e campos, cruzando vários Países, o Fogo da Aliança… o Fogo do Amor…
Numa Arena que era ultrapassada pela sua dimensão física graças à moderna tecnologia que permitiu levar, a todo o Orbe schoenstatteano e, trazer de volta, a realidade que nos é confirmada todos os dias … em coisas do coração não há geografia que nos separe…Cânticos de Louvor e Gratidão… a Alegria de todos juntos, tão diferentes – vindos dos quatro cantos do mundo e, espalhados aos quatro ventos por esse mundo fora – sermos um só coração, abrigado no Imaculado Coração da Mãe e no coração do nosso querido Pai- Fundador… Vigília… antecipação da Festa.
18 de Outubro de 2014 – Renovação da Aliança de Amor
“Eis o dia que o Senhor fez!”
O dia que verá o nascimento do segundo século de Schoenstatt! O dia que traz consigo a certidão de nascimento da Geração 2014 … todos chamados a colaborar … todos chamados a passar o testemunho, intacto, à Geração do terceiro século…à Geração 2114!
A Mãe sai do Seu Santuário… visita os Seus Filhos em júbilo… e, quando nada o fazia prever…dirige-Se a mim, bem de frente… vem ao meu encontro… “Venho chamar-te minha filha… preciso de Ti, como Meu pequeno instrumento…amo-te como és…traz-Me toda a tua debilidade…todo o teu pecado…juntas faremos grandes coisas…” Sim, Mãe…eu quero ser-Te útil…mas, como me é dado que venha até mim a Mãe do meu Senhor? Não sou digna…e a minha resposta afoga-se em todas lágrimas, havidas e por haver, desde o dealbar do mundo até ao horizonte infinito da História…
Renovação da Aliança… todos a uma só voz, prometemos erguer bem alto a Cultura da Aliança…prometemos” não a deixar escondida sob o alqueire”… recebemos a Cruz da Unidade… bordão do peregrino, arrimo do viandante… Esse será o sinal!
19 de Outubro de 2014 – Um até breve ao paraíso na Terra
Em baixo no vale… em cima no monte… multiplicavam-se as Eucaristias… a escolhida foi a da Igreja da Adoração… porque ali o Pai estava mais próximo … o ambiente de Céu era palpável…a paz visitava o meu coração…que bem se estava! Podíamos pôr ali três tendas!
O Túmulo do Pai… para as últimas promessas (da minha parte) e as últimas recomendações (da sua parte) …de novo o Céu aberto sobre a minha cabeça e o meu coração… derramando tanto amor e tanta paz.
Pelos caminhos silenciosos do monte o encontro com Fritz Esser, o mártir silencioso, o autor da moldura iluminada da Imagem da Nossa Querida Mãe … a visita ao Santuário da Adoração…
Schulungsheim… a voz do Pai na Capela …o quarto do Pai… o Telefone do Pai… a mensagem final… o cúmulo de toda a Peregrinação…não havia outra mensagem que me pudesse ter dado mais alegria!
BELMONTE (Terra do Pai) – ROMA – o Envio
Fui convidada a ir a Belmonte para colaborar, como voluntária, no acolhimento aos Peregrinos de Schoenstatt que foram a Roma para a Audiência com o nosso Papa Francisco.
Hesitei durante uns meses … queria ter a certeza que era a vontade da Mãe… arrisquei…fui.
Belmonte ergue-se como um “Hino de Louvor” à pré-Conciliar imagem da Igreja do nosso Fundador e, como “rampa de lançamento” para a missão de levarmos à Igreja e ao mundo a Visão Profética do nosso Pai …de uma Igreja que é Peregrina – uma Rocha Peregrina… Rocha porque assenta solidamente no que Jesus nos veio ensinar e na Tradição da Igreja – Peregrina porque vai ao encontro dos Povos… como um Barco fendendo as ondas no alto mar (Duc in Altum) … avançando rumo às Novas Praias da História… uma Igreja que é Heroica – Schoenstatt tem tantos filhos heróis e mártires – José Engling e, muitos outros…. mas que, ao mesmo tempo, é simples …é Fraterna… é Pobre…É Humilde… é Mariana , sempre conduzida pelo Espírito Santo…
Belmonte é Promessa… primeiro, do Pai ao Papa… Schoenstatt trabalharia sempre para o bem da Igreja… para ajudar a Igreja a cumprir a Sua Missão… será o Coração da Igreja para que a Igreja possa ser Alma do Mundo… depois, dos filhos ao Pai…pegaremos no teu Testemunho, na Tua visão e, não deixaremos de ir permanentemente, à descoberta de Novas Margens …. Até aos confins do Tempo e do Espaço…
Belmonte é de todos nós!
Há dez anos levámos-lhe, em Talhas, o nosso Capital de Graças – como contribuição para a Consagração do Santuário – levámos também, nessas Talhas, a riqueza dos nossos Povos… a Mensagem de Schoenstatt será cada vez mais forte… mais difundida… mais escutada … mais Vida, se “as águas que brotam cristalinas da Fonte da nossa Origem.” Se caldearem nas águas sagradas dos rios e mares que irrigam e banham as nossas Pátrias…
Estar em Belmonte, agora, durante o Jubileu foi um presente da Querida Mãe e do nosso Pai. Receber, “na casa de todos”, os irmãos e irmãs chegados de todo o mundo …Poder conhecê-los e às suas realidades, foi um privilégio… Trocar impressões… vivências… um enriquecimento…
Quando, na Audiência com o Santo Padre foi feita a chamada dos diferentes Países presentes… que emoção… eram tantos, vindos dos cinco continentes! Como o Sim, no escuro, de um homem pôde gerar tanta Vida! Algo que começou tão discretamente no coração de alguns …em cem anos já conquistou milhões… como será maravilhoso o Jubileu do segundo Centenário!
Estar com Francisco é estar com um Pai…
Ele conhece a vida, porque sempre a “tocou” de perto… fala-nos com palavras quotidianas… todas o entendem.
A Eucaristia na Basílica de S. Pedro… Schoenstatt celebrando a Missa em S. Pedro… O Quadro da Mãe na lateral do Altar… junto ao Túmulo de Pedro … as Peregrinas sobre a Mesa de Comunhão do Altar Maior…eu só podia louvar e agradecer, recordando as palavras proféticas de um santo que, é nosso Pai e se chama JOSÉ KENTENICH.
“Usa-nos segundo a Tua vontade; através de Schoenstatt se encham de novo, as amplas naves da Santa Igreja e o louvor ressoe junto do Teu trono”. (RC 8)
