Posted On 2014-11-24 In Jubileo 2014

Estamos aqui, no mundo inteiro, para o HOJE

REFLEXÕES JUBILARES, Pe. Marcelo Aravena. Terminaram as celebrações jubilares de Schoenstatt; humildemente, gostaria de trazer para schoenstatt.org algumas reflexões que podem ser úteis para uma reflexão comum. Claro que é uma tentativa incompleta. São apenas alguns pontos de vista. Vou me referir apenas ao que vivi em Schoenstatt e em Roma, como peregrino e guia de 40 peregrinos do Texas, de Miami e de Washington.

Antes de mais nada, como Assessor do Movimento, coube-me preparar tudo com muito tempo de antecedência, tanto do ponto de vista espiritual, prático e econômico, como também no aspecto de conteúdo; por exemplo: o que vamos celebrar? Existe algo para celebrar e para quê? Com o tempo, lentamente, as perguntas foram sendo respondidas.

Temas: como os 100 anos de Schoenstatt como Movimento eclesial, os 100 anos do Santuário como lugar de peregrinação e de encontro com Deus, Maria e a comunidade, os 100 anos de caminhar com o Fundador José Kentenich e, naturalmente, os 100 anos de Aliança de Amor como evento de graças que tem dado forma e expressão à vida de milhares de pessoas ao redor do planeta, alimentando em profundidade e entusiasmo o espírito do jubileu. Sem dúvida, tudo isso acontecendo em um contexto de permanentes e crescentes desafios religiosos, eclesiais, culturais, sociais, políticos, a nível internacional. E além disso, tudo isso acontecendo em um contexto de exigência máxima para Schoenstatt ad intra e ad extra (interna e externamente). Não sejamos ingênuos, quer dizer, ninguém pode nos tirar a alegria de celebrar a Aliança de Amor; contudo, sabemos que essa alegria se torna sóbria e realista, uma vez que estamos muito distantes de alcançar as metas que o próprio Fundador nos propôs desde o início: ajudar na renovação religiosa, moral e cultural do mundo.

Aos 100 anos, estamos ainda no início rumo à ansiada “cultura da aliança”; porém, é preciso começar agora e não cair na fraseologia um tanto enganosa de que Schoenstatt é para os séculos vindouros ou para a última manhã. Estamos aqui, no mundo inteiro, para HOJE.

Não quero me estender demais. Apenas deixarei algumas ideias sobre o que vivi em Schoenstatt e em Roma:

1. O Schoenstatt jovem

Penso que sem a presença massiva dos jovens, a celebração do jubileu em Schoenstatt teria sido impossível ou, para dizer o mínimo, muito diferente.

Os jovens impregnaram tudo, tanto a atmosfera como as expressões e conteúdos do encontro. Duas coisas: nos apresentaram fortemente os desafios que estão enfrentando atualmente e, por outro lado, nos lembraram que Schoenstatt nasceu a partir de um grupo de jovens com um sacerdote que tinha 29 anos. Sem a juventude, Schoenstatt estaria sem vida e sem futuro.

2. A internacionalidade

Penso que, neste momento, Schoenstatt é mundial. Estamos presentes em todos os continentes, o que é impressionante. Contudo, o que mais causa impacto é que essa internacionalidade não deve ser entendida como uma aglomeração de nações e culturas nem nenhuma interação, apenas com certa simpatia e curiosidade pelo outro. Não. Eu diria que se trata de uma multiculturalização enriquecida, integrada, solidária. Sinto que o idioma falado é o de respeito e justiça, de aceitação de diferenças sem nenhum tipo de discriminação, de entrelaçamento de destinos em torno da mesma fé e do mesmo Senhor. Neste ponto, quero realçar que essa internacionalidade ocorro em todos os níveis. Refiro-me ao fato de que, além de observar centenas de diáconos, sacerdotes, bispos, cardeais e pessoas de vida consagrada, o lado mais forte está nos laicismo internacional. Nosso laicismo que é multicultural está multiplicando iniciativas culturais, sociais, educacionais, políticas, espirituais, missionárias, eclesiais, etc. pelo mundo todo. Bastava apenas visitar as excelentes exposições montadas ao redor de Schoenstatt.

3. A centralidade do Santuário e da Aliança

Acredito que se conseguiu totalmente colocar no centro de todo acontecimento fundacional de Schoenstatt. Peregrinamos a esse lugar porque ali Deus se manifestou de uma maneira singular, chamando pessoas a serem seus instrumentos de evangelização para todos os tempos. A clara a mensagem de que o Padre Kentenich abençoou o Santuário Original como lugar de peregrinação e não de “comodidade” ou de “privatização da fé” foi recordada e se fez clara e visível para todos. Rezo para que essa realidade se torne cada vez mais presente em nossas comunidades locais.

4. O chamado de Francisco para sair e seu envio

No Vaticano, éramos 7.500 peregrinos, assim como outros movimentos eclesiais e de vida apostólica são convidados, um a cada manhã. Francisco nos dedicou uma hora e meia. Nos falou e nos impulsionou a “tudo”. Ele transformou a alegria jubilar, que enchia o coração de cada um de nós, em anseio, em tarefa, em missão. Resumindo, converteu a alegria em “Evangelização”. Muito em seu estilo, nos falou da importância da família, do amor da Mãe Maria, da juventude em meio aos seus desafios, do mundo em suas crises, da urgente renovação da Igreja em todos os sentido; porém, que a renovação deve partir da transformação do coração. Quero ressaltar apenas dois aspectos de suas intervenções que aconteceram em forma de perguntas e respostas. Primeiro: Francisco, citando Bento XVI, nos afirmou que a Igreja não atua nem cresce “por proselitismo, mas, sim, por atração e a atração vem do testemunho”.

O exemplo de vida, o testemunho vivo consistente será a garantia de credibilidade da Igreja e sua mensagem. Segundo, quando foi-lhe perguntado sobre seu “segredo” para seguir adiante em sua tarefa de pastor, diante das dificuldades e incertezas, respondeu espontaneamente: “Não tenho a mais pálida ideia…” (risos, aplausos). Fez uma pausa e continuou lentamente: “Eu rezo… e me abandono”. Pessoalmente, penso que Francisco acertou o em cheio alvo e deve ser uma lição para nós. Seu lado profético convincente e suas ações decorrem dessa dupla atitude: oração e abandono. Sem isso, é impossível atuar com força e convicção diante dos desafios do mundo moderno que, às vezes, mais do que nos impulsionar para frente, trazem a tentação do desalento e do cansaço.

Finalmente, ao sair da sala, Francisco volta ao tema de seu segredo e nos diz que em seu criado-mudo tem uma “peregrina” de Schoenstatt que lhe foi presenteada por um sacerdote de Schoenstatt. E disse: “todas as manhãs eu a toco e rezo a ela…”. Penso que o Papa revelou algo muito íntimo e decisivo de sua atitude e espírito de pastor. Acredito que está nos ensinando algo muito importante, além de nos dizer repetidamente: saiam ao encontro, comuniquem o que têm, compartilhem a riqueza de seu carisma com as pessoas.

Deixo minha reflexão. Tenho a alegria de fazê-lo hoje, quando os meios de comunicação divulgam que a Conferência Episcopal do Chile aprovou o início do processo para canonização do Pe. Hernán Alessandri. Acredito que seja uma notícia que nos deve encher de alegria e espírito missionário. Devo muito pessoalmente ao Pe. Hernán, por ter me levado ao encontro da pessoa e da mensagem do Pe. José Kentenich na mítica jornada sobre o tema, no início dos anos 70, em Bellavista. Também me enche de santo orgulho lembrar que, há poucos dias, o sacerdote de Schoenstatt, Pe. Francisco Pistilli, foi designado pelo Papa Francisco como Bispo da Diocese de Encarnación do Paraguai. Francisco está cobrando de nós, sacerdotes, a palavra que tanto repetimos: de amar a Igreja e servi-la com generosidade e heroísmo.

Audiência jubilar com Francisco (texto completo)


Original em espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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