Posted On 2015-04-13 In Vida em Aliança

“Chegou a hora de o Filho ser glorificado!” – O Tríduo Pascal em Tuparenda

por Maria Fischer, desde  Tupãrendá , Paraguay•

“Chegou a hora de o Filho ser glorificado!” – Retomando o tema da Missa da Última Ceia do Senhor, com o emocionante momento da representação do lava-pés, Pe. Antonio Cosp, na Missa festiva do Domingo da Páscoa, gira em torno da celebração do grande Tríduo Pascal, o núcleo da fé. É também o núcleo da Aliança de Amor e da cultura da aliança que surge daí, e que nos impulsiona a sair rumo às periferias, em solidariedade, em um reflexo daquela solidariedade com os homens, com os que estão perdidos, que impulsionou Jesus a ir até o extremo de amor e amizade. Quando ele se refere aos dois discípulos, Pedro e João, correndo para o túmulo, não se pode evitar lembrar o momento incrível na Vigília Pascal, quando, ao som do Glória e o acender de todas as luzes, os integrantes da equipe de liturgia correram – talvez ainda mais apressadamente do que os discípulos – rumo ao altar, levando flores, velas e todos os ornamentos pascais.

É Páscoa, Jesus ressuscitou. Vive. O seu povo celebra com o aplauso e a alegria pascal que brotam do coração. “Quinta-feira Santa é a síntese do que Jesus é e faz”, disse Pe. Antonio, na homilia. O Mestre se põe de joelhos diante de seus discípulos, faz o trabalho dos servos e escravos, dando um exemplo claro de serviçalidade. É o caminho, o único caminho, disse Pe. Antonio, para receber a vida plena de Cristo. Que Cristo ressuscite em mim, para possamos nos adaptar ao próximo, em serviço cristão.

O Tríduo Pascal em Tuparendá é solenidade, seriedade, peregrinação: é a fé simples e forte; é compromisso, em retiro, confissão, Via Sacra, terço, oração, encontro, bênção… e alegria.

Celebrações do Tríduo Pascal no Santuário de Schoenstatt em Tuparendá/Paraguai, abril de 2015. Produção: Claudia Echenique, Equipe schoenstatt.org

Retiro aberto

A Juventude Masculina tem um retiro com os Padres Pedro Miraballes e Santiago Cacavelos. O número de jovens, muitos deles com camisetas de uma ou outra missão, parece crescer sem parar.

Um grande número de pessoas, especialmente jovens e famílias jovens, estão no retiro aberto da Semana Santa, desde a tarde da Quinta-feira Santa até a manhã do domingo. Uma equipe de casais, alguns com seus filhos, o prepararam com muita entrega. Vários elementos ajudam os participantes a retirar-se do cotidiano e abrir-se, do mais profundo do coração, às graças destes dias, para acompanhar Jesus em sua paixão, morte e ressurreição.

Ao mesmo tempo, todas as atividades oferecidas e a ativa participação das pessoas formam uma parte essencial do Tríduo Pascal em Tuparendá. Muitos peregrinos que chegam para as celebrações litúrgicas ou na tradicional peregrinação das sete igrejas, participam da Via Sacra ou das conferências do Pe. Oscar Saldivar e do Pe. Antonio Cosp. Muito além de viver profundamente os mistérios da salvação e receber uma preparação magistral para as celebrações litúrgicas, os peregrinos recebem elementos para levar a sua vida diária da fé – como, por exemplo, rezar o terço pelas intenções pessoais e pela Igreja de todo o mundo (muito semelhante à forma de rezar o Terço iluminado, desenvolvida há anos pela Liga de Profissionais jovens na Alemanha, mas que surgiu independentemente), a entrega de tudo o que perturba ou angustia colocado na talha, o oferecimento de grandes e pequenas contribuições ao Capital de Graças, e uma cultura de encontro entre gerações.

Os participantes têm entre 3 meses e 78 anos. Impactante é a parte dos testemunhos, não apenas nos momentos organizados para se dar testemunho da própria experiência, como também nas conversas informais à mesa ou no encontro no caminho da casa de retiro para o Santuário. Entende-se por que Viviana viaja todos os anos, partindo de Corrientes/Argentina, para participar; a razão de uma jovem mãe que com orgulho mostra seu filho de 1 ano e meio, dizendo: “É seu terceiro retiro de Semana Santa. O primeiro foi em meu ventre….

﷽﷽﷽﷽﷽﷽﷽﷽oi em meu ventre…a Santa. o e meio, dizendo: tes/Argentina, para participar; a razao e tudo o que perturba ou angu”.

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Quinta-feira Santa

Que festividade é esta Missa da Última Ceia do Senhor! A equipe de liturgia pensou e preparou cada detalhe. Cerca de 300 velinhas são distribuídas entre os presentes na Igreja da Santíssima Trindade. O coral anima com canções que tocam a alma; o Glória, acompanhado por sinos, parece ressoar até o céu… Doze jovens da Juventude Masculina representam os doze apóstolos no lava-pés. Pe. Tommy Nin Mitchel, presidente da celebração, o faz cuidadosamente. No início, os jovens estão um pouco envergonhados; mas nem bem começa esse rito tão essencial, pode-se vê-los totalmente submergidos no que está acontecendo.

“Para andar o caminho rumo à glória, temos que aceitar as cruzes de nossa vida, assim como Jesus fez”, disse Pe. Antonio na homilia; e, sim, nós também temos que viver momentos mais difíceis: me enganam, tenho que viver com pessoas de mal caráter, com mal atuação… Temos que nos ajoelhar diante do próximo. Lavemos a amargura, tudo que nos incomoda – para passar da tristeza da Sexta-feira Santa e o silêncio de Sábado, para finalmente cantar o incrível Glória da Páscoa. Em tudo o que se vive nestes dias, já parece, silenciosamente, ressoar este Glória prometido e desejado”.

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Sexta-feira Santa

“Sem dúvida nenhuma, a imagem que domina este dia do Tríduo Pascal é a imagem de Jesus carregando a cruz até o Gólgota”, disse Pe. Oscar Saldivar (importante correspondente de schoenstatt.org há dois anos). “O Mistério Pascal de Cristo é o cume de nossa vida cristã, não apenas porque, por este mistério, Cristo nos redimiu; também porque na medida em que nós mesmos nos introduzimos neste mistério salvífico – no mistério de sua cruz e sua ressurreição – assemelhamo-nos a Ele, tornando-nos mais filhos, tornamo-nos mais Cristo”.

Em Tuparendá, na Sexta-feira Santa, o dia está ensolarado e faz muito calor. Pela manhã, os peregrinos visitam o cemitério onde descansam seus entes queridos, à sombra do Santuário. Concepción Colman, a sacristã, é quem dá alma e coração a esse cemitério. Quando as pessoas vêm para pedir um lugar para alguém falecido, reza com eles, consola, cuida. Ao meio-dia e mais tarde, depois da liturgia das sete palavras e a celebração da Paixão do Senhor, faz-se a Via Sacra. O primeiro sob responsabilidade dos ‘estacionistas’, homens com traje especial, que dão solenidade à Via Sacra com seus cantos à capela – são também eles que animam a liturgia com seus cantos. A Via Sacra da tarde, preparada pela equipe do Retiro Aberto, encena as estações; todos os presentes participam, escrevendo seus nomes na cruz. Momentos fortes, acompanhando Jesus tão de perto. Como cada primeira sexta-feira do mês, os Hombres Valientes [Homens Valentes] rezam o Terço no Santuário – a esse respeito haverá um artigo à parte.

“Nossa própria vida nos apresenta inúmeras oportunidades para viver o mistério pascal de Cristo. Cada um de nós tem a possibilidade de participar vivencialmente desse mistério, porque cada um de nós, assim como Jesus, carrega uma cruz.

A cruz do sofrimento; a cruz de uma dor física ou moral – o pecado; a cruz da incompreensão; a cruz de uma ferida íntima na alma; a cruz de uma situação que não se consegue mudar; a cruz da doença; a cruz de uma situação familiar difícil; a cruz da ausência de um ente querido… Cada um de nós carrega uma cruz em sua vida. (…) Ao contemplar hoje a Paixão de Cristo, somos chamados a nos confrontar com nossas próprias cruzes. A encará-las de frente, a reconhecê-las e a aceitá-las. Somos discípulos de Jesus e, por isso, queremos segui-Lo em seu caminho, também em seu caminho de cruz”, convida Pe. Oscar na homilia. “Aceitar, carregar, entregar e frutificar. São os passos do discípulo que toma sua cruz e segue Jesus (cf. Mt 16,24). Esta é nossa própria Via Sacra existencial. Uma via sacra que nos ajuda a transformar nossas cruzes em entrega de amor. E a cruz transformada em entrega de amor converte-se em caminho de esperança, na Páscoa que se espera e se deseja”.

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Vigília Pascal

O Sábado Santo começa com uma chuva torrencial e sob temperaturas baixas (quer dizer, mais baixas). Os participantes do retiro aberto desfrutam de uma conferência com Pe. Antonio Cosp sobre o Espírito Santo como dinamismo de Deus em sua ação salvadora, mostrando como o Espírito Santo opera como o despertador que me faz iniciar o dia. Recomenda olhar, na oração da noite, os momentos nos quais o Espírito Santo me despertou, onde o “anjo” apareceu… Depois, em forma de um julgamento dos atores na condenação e na morte de Jesus, a grande pergunta: Quem matou Jesus? Essa meditação torna-se tão magistral que o guardamos para publicar no próximo ano, em schoenstatt.org, como meditação para Quaresma.

Vigília Pascal na Igreja Maria da Santíssima Trindade. A chuva não parou, apenas diminuiu. É preciso proteger o círio pascal aceso no fogo colocado fora da igreja com guarda-chuva… O caminho pascal está chegando ao seu ápice. Depois das leituras e salmos cantados com excelência, com o Glória chega aquele momento já mencionado da corrida de flores e velas, aplausos e cantos de alegria…

“A Igreja, como Mãe que nos deu à luz no Batismo, nos toma pela mão com ternura, paciência e sabedoria, e nos introduz no Mistério Pascal de Cristo, na vida cristã. Toma-nos pela mão com ternura no sacramento da Reconciliação e cura nossas feridas. Toma-nos pela mão com paciência e nos mostra múltiplos sinais na Eucaristia, para que nosso coração se abra à presença do Ressuscitado. Finalmente, toma-nos pela mãos com sabedoria e nos explica as Sagradas Escrituras e o sentido dos acontecimentos da história de salvação.

E, como boa Mãe, a Igreja quer que vivamos o que tem nos ensinado, que entreguemos o que recebemos. Por isso, nos envia para glorificar ao Senhor Jesus com nossa vida; envia-nos para que, na vida cotidiana, possamos ser homens e mulheres pascais”, disse o Pe. Oscar na homilia. A noite de alegria pascal é pura festa… inclusive com danças!

Novamente, um dia de sol. Sol pascal. Missa festiva, Missa de Páscoa, a igreja novamente lotada. Outro coral, outros cantos, a mesma alegria sincera. Depois, às onze horas, a Páscoa das crianças… na Missa para crianças. É Páscoa, chegamos. O Tríduo Pascal se completou. Agora, preparemo-nos para a vinda do Espírito Santo. Na alegria pascal que é fruto destes dias em Tuparendá.

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P Oscar Saldivar- viernes santo 2015_Vía crucis del corazón (PT)

P Oscar Saldivar- homilia en la vigilia pascual 2015_Camino Pascual (PT)

Original em espanhol. Tradução para o Português: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil  

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