Pe. Pedro Kühlcke, Paraguay •
Com muito esforço e amor, alguns jovens reclusos tinham montado um presépio numa secção do Reformatório do qual sou capelão há mais de sete anos. Fizeram um caramanchão inteiro de ka’avove’i ou algo do género, decoraram-no com tudo o que puderam encontrar, e colocaram dentro todas as figuras de um presépio antigo que lhes devem ter sido dadas há anos atrás. —
Claro que também estavam os Reis que vieram de longe para adorarem o Deus Menino. Mas um desses Reis estava partido, partido… Aos rapazes não lhes importou, e colocaram-no na mesma no presépio, partido como estava, em dois pedaços, ao lado dos outros Reis que eram muito mais simpáticos.
Fiquei espantado… Era um símbolo desses jovens necessitados, com as suas vidas destroçadas e desfeitas, mas que com tanto afecto estão ao lado daquele humilde e simples presépio É também um símbolo de cada um de nós: com a nossa vida real, com as nossas quebras, tristezas e pecados, mas também com as nossas coroas como filhos de um grande Rei, podemos estar ao lado do presépio ─ com amor e humildade, e sem falsa vergonha.
Extracto do sermão na Basílica de Caacupé, 2/1/2022, celebração da Epifania do Senhor no Paraguai.
Original: espanhol (2/1/2022). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal