NICARÁGUA, Carlos Alfaro /mfi •
“Apesar de todos os inconvenientes da Igreja Católica na Nicarágua, celebrou-se o 3º Aniversário de Madrugadores, cinco comunidades de homens que rezam muito cedo. Glória a Deus e à nossa amada Mãe”, escreve Carlos Alfaro, da Costa Rica. —
Terceiro Aniversário dos Madrugadores na Nicarágua
Estes são tempos realmente difíceis na Nicarágua, para a Igreja, e não só para a Igreja. O nome do Bispo Auxiliar de Manágua, Monsenhor Silvio José Báez, e o do Padre Uriel Vallejos aparecem na lista dos 94 novos cidadãos que foram privados da sua nacionalidade pelo governo nicaraguense na quarta-feira 15 de Fevereiro. O Tribunal da Relação de Manágua, que proferiu a sentença, considerou-os a todos culpados de “traição”, pelos alegados crimes de conspiração por minarem a integridade nacional e por divulgarem falsas notícias em detrimento do Estado.
Uma Igreja perseguida
A acção contra os dissidentes veio poucos dias depois de 222 presos políticos, incluindo políticos, jornalistas, estudantes e padres da Diocese de Matagalpa, terem sido enviados para os Estados Unidos juntamente com o Bispo Rolando Álvarez no passado dia 19 de Agosto. O Bispo Rolando Álvarez, que é também Administrador Apostólico da Diocese de Estelí e está sob prisão domiciliária desde então, recusou-se a embarcar no avião que o iria expatriar e foi subsequentemente transferido para a prisão e condenado a 26 anos e quatro meses de prisão pelos mesmos delitos, além de ter sido despojado da sua nacionalidade. O Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE) manifestou a sua proximidade ao Bispo Álvarez e à Igreja nicaraguense em geral, que enfrenta a repressão do governo sandinista. Tal como o fizeram os Bispos da Argentina, e muitos outros.
O Papa Francisco rezou por ele no Angelus no Domingo 12 de Fevereiro na Praça de São Pedro.
“As notícias provenientes da Nicarágua entristeceram-me muito e não posso deixar de recordar com preocupação o Bispo de Matagalpa, D. Rolando Álvarez, a quem quero muito bem, condenado a 26 anos de prisão, e também as pessoas que foram deportadas para os Estados Unidos. Rezo por eles e por quantos sofrem naquela querida nação, e peço as vossas orações. Imploremos também ao Senhor, por intercessão da Imaculada Virgem Maria, para que converta os corações dos líderes políticos e de todos os cidadãos à busca sincera da paz, que nasce da verdade, da justiça, da liberdade e do amor, e que se alcança através do paciente exercício do diálogo. Rezemos juntos a Nossa Senhora”, disse o Papa
Por seu lado, Monsenhor Silvio Báez deixou a Nicarágua a pedido do Papa Francisco em 2019, uma vez que havia relatos de uma conspiração para o assassinar. A sua determinação e firmeza em denunciar abusos e arbitrariedades do governo fizeram dele um símbolo, e ele tornou-se alvo de perseguições e ataques. A 11 de Novembro, o Bispo criticou no Twitter a prisão do seu irmão no episcopado, Monsenhor Álvarez.
Em tempos difíceis
Terceiro Aniversário dos Madrugadores na Nicarágua
Nestes tempos, as comunidades de Madrugadores na Nicarágua celebraram o terceiro aniversário da sua fundação.
Enviaram-nos fotografias da sua Missa de aniversário, com uma grande imagem da Mãe de Schoenstatt e de vários Madrugadores Peregrinos. Na foto de grupo, um dos homens segura a Mãe Peregrina bem alto, muito alto, como que para dizer: Ela é mais forte, Ela é a vencedora, Ela é a nossa advogada e a de todos aqueles privados de liberdade e do seu direito de viver em liberdade neste país.
A primeira revista de Schoenstatt, a que levava o nome da Mãe Três Vezes Admirável, tinha como título: Inspirações mútuas para a luta pelos nossos ideais em tempos difíceis.
Tempos difíceis são tempos de Aliança, são tempos de apostolado fecundo, são tempos de Capital de Graças.
Quem sabe… talvez sejam as contribuições para o Capital de Graças destes homens na Nicarágua que mantêm Schoenstatt.
Gosto muito de um comentário que apareceu na versão alemã do último artigo sobre os acontecimentos na Nicarágua:
“Estou profundamente impressionado com os acontecimentos e iniciativas na Costa Rica, Nicarágua… E penso espontaneamente no quão confortáveis nos tornámos na Europa, um conforto que tem um efeito de “entorpecimento”, que é uma impressão que temos muitas vezes. Muitas pessoas vão buscar o tema do abuso, etc. (não que eu não ache terrível que isto possa e aconteça na nossa Igreja), para se fazerem passar moralmente por pessoas de bem quando as pessoas se afastam da fé…
Que os Madrugadores da Nicarágua possam acordar os adormecidos….
Com material de AICA
Original: castelhano (17/2/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
