Paso Mayor

Posted On 2021-04-26 In José Kentenich

O Homem Pascal e a única “missão popular” pregada pelo Pe. Kentenich

Pe. Daniel Jany, União de Sacerdotes de Schoenstatt, Argentina •

Em 1952, a caminho do seu “exílio” em Milwaukee, o Pe. Kentenich pregou uma “missão popular”, a única da sua vida. Fê-lo em Paso Mayor, na Pampa argentina, para uma Paróquia composta por famílias de origem alemã. A sua mensagem: O Senhor Ressuscitado quer formar-nos para nos tornarmos Homens Pascais. —

Paso mayor hombre pascual

Por volta de 1940, um sacerdote de origem alemã e formação schoenstatteana, o Pe. Franz Maibach, foi designado pela Diocese de Bahia Blanca para acompanhar os habitantes da colónia de alemães do Volga, situada na zona da estação “Paso Mayor” (assim chamada devido à sua proximidade com a “Paso del Mayor Iturra”, no rio Sauce Grande), a 40 km da cidade. Alguns anos mais tarde, esses colonos e o seu capelão consagraram uma pequena capela à Mãe Três Vezes Admirável.

Em 1948, o Padre Kentenich visitou Paso Mayor e, prometeu regressar com uma imagem original de Nossa Senhora de Schoenstatt. Cumpriu essa promessa na Páscoa de 1952, durante a qual pregou, pessoalmente, uma missão popular e entronizou a imagem de Maria que, apresentou como a “Mãe e Rainha do Povo”.

Chama a atenção que, o Pe. Kentenich tenha decidido celebrar a Páscoa de 1952, um ano tão decisivo na sua vida, cumprindo a promessa de levar aos colonos de Paraje Paso Mayor uma imagem original da Mãe. Ainda mais se, considerarmos que ele aproveitou a oportunidade para pregar, pela única vez na sua vida, o que então foi chamado de “missão popular”, uma tarefa comum para membros de congregações como a sua.

Além disso, chegou o dia 12 de Abril, uma data muito importante para ele, pois teve sempre em mente a consagração a Maria que, surgiu da sua mãe em 1894, à qual, cedo se referiu de forma velada e, da qual mais tarde disse, expressamente, que toda a Obra de Schoenstatt, germinalmente, tinha sido fundada ali . Lendo nas entrelinhas das suas conversas, descobrimos que naqueles dias ele expressou muito do que sentia na sua alma a este respeito. E expressou-o no título mariano que deu ao Santuário: “Mãe do Povo”.

Acima de tudo, interpretou a circunstância para dizer, profeticamente, que a Virgem Maria assumia a responsabilidade de que os sinos da Páscoa ali ressoassem sempre . O que concretiza na primeira graça especial do Santuário: Ela vela por nós para que acreditemos na Ressurreição. Desenvolveu este tema nas duas Missas de Páscoa que celebrou, de acordo com os costumes da época (Missa da “madrugada” e Missa “do dia”).

À primeira vista parecem ser pregações típicas, mas alguém com muita experiência salientou a originalidade das reflexões do Padre Kentenich. Deve ter-se em mente que, nessa altura, (dez anos antes da renovação trazida pelo Concílio Vaticano II) tudo girava em torno da Cruz. É por isso que é importante sublinhar o acento invulgar que o Padre Kentenich coloca sobre a centralidade da Ressurreição. Embora seja verdade que, ele permanece dentro do pensamento tradicional, os traços de uma nova perspectiva já estão delineados quando ele contempla a nossa participação, já aqui na terra, nas qualidades de Jesus ressuscitado, qualidades que ele resume na frase: “O Homem Pascal é o Homem da alegria.

“Contemplamos uma vez mais a vida do Salvador.

Agora Ele já não precisa de sofrer.

Que alegria revelam os antigos hinos: “Mãe de Deus, os teus sofrimentos acabaram”.

A alegria espiritual deve viver continuamente também na minha alma.

O Homem Pascal é o Homem da alegria, da alegria interior (…).

É a alegria de saber que Deus nos ama e que Ele segura nas Suas mãos as rédeas da nossa vida, a alegria de uma jovem autêntica que se manteve pura, a alegria de poder fazer algo de bom com total desinteresse, sem esperar nada em troca (…).

Aquele que confia na vontade de Deus é sempre alegre, porque Deus é a causa da sua alegria.

Pe. J. Kentenich, Paso Mayor, 13 de abril de 1952.

Paso Mayor hombre pascual

A essa luz, como podemos compreender o acontecimento pascal de Jesus hoje? É lógico que os primeiros cristãos assumiram o terrível escândalo da crucificação de Jesus a partir da doutrina judaica da ressurreição, apesar de se terem apercebido que ela não reflectia plenamente o mistério de Jesus; é por isso que, existe um aprofundamento que leva ao Evangelho de João, quando Marta expõe a sua convicção judaica e recebe como resposta a novidade cristã: “Eu sou a Ressurreição” (Jo 11,21-25). Toda a existência de Jesus (incluindo naturalmente a Cruz) é a irrupção do amor providencial do Pai.

Na linguagem de Schoenstatt, poderíamos dizer que a última Páscoa de Jesus é o “marco culminante” que coloca um acento final na revelação da Sua pessoa e missão: Ele é o verdadeiro Cordeiro da Páscoa definitiva que, através de toda a sua vida sela a Nova e Eterna Aliança com Deus Pai. Por esta razão, o próprio São João resume em duas palavras todo o processo de acreditar no encontro com Jesus, afirmando que o discípulo amado, quando descobre o túmulo vazio e os lençóis amarrotados, “viu e acreditou” (Jo 20,8).

Nesta linha, vários pensadores cristãos actuais sugerem que devemos dizer que “Jesus ressuscita”, para evitar a imagem de um acontecimento do passado, dizendo que hoje, como há dois mil anos atrás, Jesus está presente nas nossas vidas através de sinais pelos quais Ele nos mostra o amor de Deus Pai.

Uma vez perguntou-se a um monge idoso e sábio se ele “sabia realmente” que Jesus tinha ressuscitado ou “apenas acreditava”; o dilema levanta a questão de que a Ressurreição de Jesus não é um facto palpável (tal como o desaparecimento do seu cadáver), mas a fé também não é algo arbitrário. Espero que a resposta do monge nos ajude a meditar e a dar vida à primeira graça do Santuário: “Acredito realmente nisso”.


Segue-se o documento com os textos completos das pregações do Padre José Kentenich nas missões populares realizadas em Paso Mayor durante a Páscoa de 1952.

PREGAÇÕES DO PADRE KENTENICH EM PASO MAYOR  (ES)

Fonte: schoenstatt.org.ar – com autorização dos editores

Original: Espanhol (25/4/2021). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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