Por Claudio Ardissone, Espanha/Paraguai •
Há já algum tempo que trabalho na transformação cultural de empresas e de organizações. É um trabalho que me liga directamente às pessoas que trabalham nessas empresas ou organizações e me permite ver e ouvir o que elas sentem e pensam sobre o seu trabalho, o seu presente e o seu futuro. —
Quando falamos de transformação, falamos de mudança, a única constante nas nossas vidas desde que o universo foi criado por Deus. Mas, não sei porquê, os seres humanos são naturalmente resistentes à mudança, tentamos sempre optar pelo status quo ou ficar na nossa “zona de conforto”.
Antoine-Laurent Lavoisier, no século XVIII, ensinou-nos que: “ Na Natureza nada se cria, nada se perde, mas tudo se transforma”. Esta premissa também se aplica à própria vida, à nossa vida enquanto seres humanos e à vida das organizações que nós próprios criamos e das quais fazemos parte.
Estamos a evoluir ao ritmo que os novos tempos exigem de nós?
Isto leva-me a reflectir sobre o nosso Schoenstatt: Estamos a evoluir ao ritmo que os novos tempos exigem de nós? Estamos a acompanhar a transformação do mundo que queremos alcançar? Estamos a dar respostas actuais às novas gerações? Estamos a manter actual e válido o propósito que levou o Padre Kentenich a fundar o Movimento? O que e como, fazemos para atrair jovens vocações?
Educar Líderes ao longo dos tempos obriga-nos a mantermo-nos frescos e em sintonia com a evolução social, política, económica e demográfica. Por isso, o Fundador ensinou-nos que cada geração, fiel à força da sua origem, é chamada a refundar Schoenstatt em diálogo com as vozes do tempo.
O risco de se permanecer no devocional
Olhando o quadro a partir desta perspectiva, penso que não estamos a ir muito bem. Há Comunidades muito prósperas em que o Movimento tem um grande crescimento e muitas obras apostólicas, levadas por diante principalmente pelos dirigentes formados em Schoenstatt e pelos seus assessores que dão a alma para o conseguir, mas há outras Comunidades, talvez a maioria, que estão a deixar-se ficar no tempo, com medo de enfrentar as mudanças e sem uma visão estratégica para o futuro.
O que pode acontecer se estas Comunidades, que estão a ficar para trás, não se transformarem? Correm o risco de ficarem presas ao devocional e/ou piedoso, com a figura do Pe. Kentenich vista como intercessora e esquecendo o carisma actualizado que ele próprio nos propôs para garantir a validade e vitalidade da sua Obra.
Não devemos ter medo da mudança, devemos transformar-nos. Claro que o processo pode ser incómodo e até doloroso, mas tomemos o exemplo de outras congregações, como os Jesuítas, os Cistercienses, os Carmelitas Descalços, os Beneditinos, que existiram entre 500 e 900 anos com o mesmo objetivo, mas que souberam transformar-se à medida que os tempos exigiam. Passaram por guerras, expulsões, cismas da Igreja, papas com pensamentos diferentes, política clerical, interferências governamentais, adaptação às cidades, etc., etc., etc.
O que aconteceria no mundo se Schoenstatt desaparecesse?
O nosso Schoenstatt vai fazer 110 anos, somos muito jovens, olhemos para o futuro, pensemos no que queremos fazer e onde queremos estar daqui a 500 anos, não daqui a 5 anos. E pensemos se podemos responder à seguinte pergunta: O que aconteceria no mundo se Schoenstatt desaparecesse? Se a resposta for “nada”, é porque não temos um objectivo ou, pelo menos, não temos consciência dele.
Original: castelhano (19/1/2024). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal