Posted On 2011-02-12 In Schoenstatteanos

Padre Ernesto Dúran, o primeiro schoenstattiano chileno

P. Ernesto DuránCHILE, Juan Enrique Coeymans Avaria, Camencha Zabala de Coeymans. No dia 7 de janeiro de 2011, regressou à Casa do Pai eterno o Padre Ernesto Durán Díaz, o primeiro schoenstattiano chileno e um dos fundadores do Movimento Apostólico de Schoenstatt em terras chilenas, com 94 anos de idade.

 

 

 

Quando seminarista, conheceu providencialmente um padre palotino e ingressou em sua comunidade, sendo enviado para a Alemanha para dar continuidade a seus estudos. Aqui conheceu o Padre Kentenich e o Movimento Apostólico de Schoenstatt, vindo a ingressar no Movimento na década de 30, razão por que é o primeiro schoenstattiano chileno. Em plena Segunda Grande Guerra regressou ao Chile, sem antes haver tido problema algum com o regime hitleriano; o Padre Ernesto faz parte da segunda geração dos palotinos schoenstattianos alemães, a geração do Cenáculo. Em 1942 foi ordenado presbítero, iniciando sua atividade presbiteral no Colégio Federico Errázuriz, em Santa Cruz, Colchagua. Aqui conquistou um dos primeiros jovens chilenos para o Movimento, o atual Padre Rafael Fernández, de Andraca. Posteriormente foi transferido para Santiago, onde exerceu seu apostolado em diversas paróquias como pároco, entre outrem, com a Juventude da Ação Católica.

Sua vida

CABALLEROS DEL FUEGO: Uno de los dos primeros grupos de la Juventud Masculina de Bellavista en 1953, para el día la toma de hábito de sus hermanos de grupo Humberto Anwandter y Anselmo Cerró, seminaristas pallottinos. Abajo izquierda: Arturo Cleveland, Francisco Mena, (Padre) Rafael Fernández, (Padre) Ignacio Cruz, Norman Hansen y Rafael Montalva (Q.E.P.D.). Arriba izquierda: (Padre) Luis López, (Padre) Roberto Renner, Padre Ernesto Durán (asesor), (Padre) Raúl Feres, Rolando Torrijo, (Padre) Francisco García-Huidobro, (Padre) Anselmo Cerró, (Padre) Humberto Anwandter y Hernán Krause.Em 1950 deu início à formação de grupos de jovens, sob sua direção espiritual, no Movimento Apostólico de Schoenstatt, de sorte que conseguiu conquistar numerosos e valiosos estudantes, entre os quais a maior parte dos atuais Padres de Schoenstatt da geração fundadora chilena. Juntamente com Santo Alberto Hurtado, foi um dos presbíteros mais fecundos no tocante a vocações presbiterais na história da Igreja chilena. Formou uma grande legião de estudantes universitários que constituíram a base das numerosas vocações presbiterais por ele suscitadas.

Em meados dos anos 50 surgiram as controvérsias pedagógicas a respeito da estrutura do Movimento e a missão do 31 de Maio entre ele e o Padre Benito Schneider, e que foram a causa da separação com que foi provada nossa fundação em seus inícios. Em meados de dezembro de 1960 deixou o Chile indo primeiramente trabalhar alguns anos na Argentina, trabalhando depois mais de 30 anos em Nova Iorque. Nos finais dos anos 70, deixou a Congregação dos Palotinos e ingressou no clero da Diocese de Brooklyn. Efetuou um fecundo trabalho paroquial nesse bairro nova-iorquino, regressando ao Chile no início da década de 90. No Chile viveu uma vida retirada e tranquila, recebeu em seu apartamento em Providencia pessoas que queriam conversar com ele, confessar-se ou então vinham em busca de sua direção espiritual.

Mediante sua vida, Deus concedeu-nos copiosas dádivas. Três são os aspectos que passo a destacar de sua personalidade:

A consciência de ser o precursor

Con el Padre KentenichEm primeiro lugar, a forte consciência de ser um precursor. Muito se identificou com São João Batista e no dia de sua ordenação presbiteral fez profeticamente alusão a isso. Intuía que sua tarefa consistia em preparar os caminhos e anunciar o que viria, a saber, preparar seus filhos espirituais para a criação e consolidação do Movimento de Schoenstatt. Via outrossim a figura de João Batista como preparador de caminhos, mas igualmente a figura do Batista qual homem vigoroso que muito de si mesmo exigia , modesto e simples, porém também um homem com um vigor profético, anunciador do reino, da conversão e da transformação das pessoas. Sentia-se outrossim um precursor da missão do dia 31 de Maio. Ninguém se entusiasmou tanto pela missão quanto ele e a transmitiu seus filhos espirituais. Suas conferências acerca do dia 31 de Maio eram profundas, magníficas, e, sobretudo, arrebatadoras; foi o grande apóstolo do 31 de Maio e muito do que descobriu: a importância dos Santuários Filiais, a necessidade da inculturação de Schoenstatt, para deixar de ser um Movimento com traços germânicos e converter-se em um Movimento universal. Isto veio causar-lhe muitos equívocos e incompreensões. É verdade que lutou por assuntos estruturais que não eram o âmago da missão e que não deu o tratamento correto (os “grupos de vida” como comunidades permanentes na ordem organizativa); porém neles havia uma ideia fundamental que perdura: os vínculos humanos têm sempre que conservar-se, estejamos onde estivermos, e nossos irmãos e irmãs do grupo de jovens – ainda que hajam ingressado em outras comunidades – serão e sempre permanecerão nossos irmãos e irmãs de grupo.

Amor a Maria Santíssima como caminho para a plena compreensão vital de Cristo

Em segundo lugar, a transmissão fecunda, perseverante e profunda do amor a Nossa Senhora como caminho para a plena compreensão vital de Cristo; para ele a Aliança de Amor foi algo vivo, permanente, e o vínculo ao Santuário foi uma herança para seus filhos espirituais, que sempre nos acompanhou. Certa vez, o Pai Fundador disse o seguinte: “Poucos compreenderam a projeção existencial da Aliança de Amor como Ernst (Ernesto). “Seus retiros e conferências dos anos 50 – com todo o timbre desse período – serão, agora, uma vez que já partiu para a Casa do Pai eterno, uma redescoberta espetacular das enormes dimensões da Aliança de Amor na vida pessoal e comunitária.

O Pai das misericórdias

Em terceiro e último lugar, o Pai das misericórdias. A todos nós – dessa época – fez-nos entrar nas dimensões inesperadas do amor misericordioso de Deus; fez-nos pôr fim à nossa antiga consciência católica de que “temos de comportamo-nos bem para que Deus nos queira” para uma nova instrução: porque Deus nos quer , então como resposta a isso comportamo-nos bem”. Valorizava imensamente o Sacramento da Reconciliação, a que lhe dedicava inúmeras horas. Sabia que aí – na fonte de graças, em que se recebe o perdão de Deus – havia um sacramento do Pai que nos renovava a consciência de filiação. Mediante seus conselhos, compreensão e acolhida, sentíamos o amor misericordioso de Deus em nossa vida.

Partiu um pilar de Bellavista e do Movimento Apostólico de Schoenstatt em terras chilenas. A história, com mais objetividade que nós, pobres mortais míopes, irá recolher seu imenso testamento deixado à Igreja e a Schoenstatt. À retaguarda de sua vida, encontra-se o mistério de todos os precursores: uma vida de propostas que causaram contradições, uma vida de cruz silenciosa e uma vida de bênçãos.

No dia de sua ordenação presbiteral, escolheu um versículo do livro dos Números (Nm.23,20) “Sim, foi-me dada a missão de abençoar. Ele abençoou, e eu não posso desdizê-lo!” Agora do céu, juntamente com a sua querida Nossa Senhora e Nosso Senhor, a quem fielmente serviu, poderá realizar em plenitude sua tarefa de abençoar!

Tradução: Abadia da Ressurreição, Ponta Grossa, PR, Brasil

 

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