Posted On 2014-10-04 In Jubileo 2014

Cem anos de caminho. Um olhar de esperança

ESPANHA, org. Na Sua projeção pastoral para o mês de outubro de 2014, o mês do jubileu da Aliança de Amor, o Diretor do Movimento de Schoenstatt em Espanha, o Padre Carlos Padilla, oferece à Família de Schoenstatt de Espanha e a todos os leitores da nossa página schoenstatt.org, um impulso importante e atual ao serviço da vida e da peregrinação jubilar. O seu ponto de partida é o presente jubilar da Família de Schoenstatt de Espanha de formar uma rede de santuários vivos, uma rede de vida, uma rede missionária. O caminho “rumo a 2014” está a chegar à sua meta. É preciso agradecer e seguir em frente com esperança.

Chegamos ao final de um ano de graças, de um ano de vida. Continuamos a construir a nossa rede de santuários vivos.

Renovamos o nosso sim a Maria no Santuário. Como há cem anos. Um grupo de jovens reuniu-se junto ao Pe. Kentenich no Santuário. Eram pequenos e débeis. Naquela capela de São Miguel acreditaram nas palavras do Pe. Kentenich. Creram pela sua fé e confiaram. Acreditaram porque antes se sentiram amados. E puderam assim dar um salto audaz. A fé do Pe. Kentenich sustentou-os a eles e sustentou-nos a nós ao longo de cem anos. Ao mesmo tempo sabemos que a nossa fé sustém a muitos. Graças a que acreditamos que muitos creem. Assim se contagia a fé. Cremos no poder de Deus. Cremos no amor de Maria, na sua misericórdia. Olhamos a nossa vida, a nossa própria história e voltamos a admirar-nos. Temos que olhar sempre o Deus da vida. Dizia o Pe. Kentenich: “deveríamos esforçar-nos muito mais por nos vincularmos ao Deus da vida do que ao Deus do nosso coração, ao Deus dos altares, ao Deus dos livros ascéticos” (1). Por isso vamos a Schoenstatt e a Roma, para nos encontrarmos com o Deus da nossa história. Vamos agradecer, olhar a nossa vida de Schoenstatt, tudo o que Deus fez connosco, tudo o que Maria realizou. Vamos surpreendidos por tantos milagres de graça. Transformações que ocorrem no silêncio do coração e das quais muito poucos são testemunhas. Mas às vezes, não nos alegramos, não agradecemos e tiram-nos a paz coisas sem importância. Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, lemos na Sagrada Escritura. É vaidade tudo aquilo que nos tira a paz com frequência e não é fundamental. O poder, o protagonismo, as invejas, os ciúmes. Temos que voltar à simplicidade da origem. De um sacerdote jovem e sonhador, cheio de Deus que acreditou. A um grupo de jovens que confiou e, como crianças, deram esse salto. Queremos voltar à simplicidade da vida de Aliança. Na qual entregamos o coração e Maria nos entrega o seu. Ao verdadeiramente importante, ao serviço que não mede, não calcula, não exige, não denúncia. Ao serviço alegre das crianças apaixonadas por Deus no caminho.

Durante estes cem anos ocorreram muitas coisas, chegaram muitos corações jovens ao Santuário.

Houve muitas alegrias, muitas tristezas e dores. Maria abriu o seu coração e encheu-se de tantas petições e anseios. Maria diz-nos na ata de fundação: Atrairei a mim os corações juvenis e educá-los-ei como instrumentos aptos nas minhas mãos”. Assim foi ao longo deste século. Assim continuará a ser. Ela forma corações nas suas mãos de Mãe. Por isso nos levantaremos este 18 de outubro, cem anos depois, para olhar surpreendidos a fidelidade de Maria a fidelidade de Deus. Esperam-nos sempre. Têm paciência com as nossas dúvidas e medos. Maria está no interior do Santuário aguardando o nosso sim. Olha-nos comovida e alegre. Olha-nos sempre e espera o nosso amor. O sim do nosso amor. Esse sim que muda o mundo. O primeiro sim do Pe. Kentenich. O sim daqueles congregados apaixonados. O sim de tantos outros, milhares, que durante cem anos descobriram no Santuário o seu lar e criaram raízes. O primeiro é esse sim dado com simplicidade e humildade, o sim ao amor de Maria. É o fundamental. Em que tenho que dizer sim a Maria, ao Senhor, na minha vida? O Sim é importante. É desse sim que Maria continua à espera que não me posso cansar de repetir cada manhã. O sim que nunca passa. O sim com o qual tudo começa e tudo muda. O mundo novo, o homem novo, meu coração transformado.

A Aliança introduz-nos numa terra sagrada, a terra do Santuário.

Quando os jovens chegaram pela primeira vez àquela capela, o chão era de terra. Tornou-se terra sagrada na sua entrega, no sim de Maria. Maria, ao entrar, torna-nos sagrados. Inscreve os nossos nomes no seu coração para sempre. Já nos dizia Jesus: “Alegrai-vos, não porque afastais demónios em meu nome, mas porque os vossos nomes estão inscritos no céu”. Ali estão os nossos nomes inscritos para sempre. Ali pertencemos. Somos esses primeiros congregados. Em Deus não há tempo. Somos o começo da história. Volta a começar tudo hoje. Confiamos novamente. Novamente nos abandonamos nas mãos de um Pai que crê em nós. A história repete-se. De novo somos convidados a ser santos, a não decair pensando que não merece a pena. É a areia do deserto, a água do mar. É o barro do nosso santuário que se converte em terra sagrada. É a nossa pequena contribuição, quase insignificante. Mas estamos gravados no coração de Deus, no coração de Maria. É o que conta. Afastar o demónio, abençoar, falar d´Ele, amar no concreto. Sim, tudo isso é importante. Mas o fundamental é que os nossos nomes estão já inscritos para sempre no coração de Cristo.

Hoje agradecemos o caminho percorrido. Sabemos que Maria transforma o coração quando lho entregamos.

Cada um sabe quando e como começou a mudar a sua vida. Quando fizemos a aliança, pedimos-lhe algumas coisas, oferecemos-lhe a vida. Entregámos os nossos medos, o futuro incerto, tantas dúvidas e perguntas abertas. Maria acolheu o nosso coração com simplicidade e alegria. Agora Maria espera-nos de novo. Que lhe queremos entregar? Que lhe queremos pedir quando chegar o momento a hora exata? Que queremos colocar aos seus pés no Santuário Original, ou no nosso Santuário filial quando revivermos essa hora de graças? Quais são esses sonhos que surgem na alma ao pensar em Schoenstatt? Sonhamos alto, sonhamos em grande. Mas é verdade que não sabemos bem o que vai acontecer. Não sabemos os milagres de graça que Maria vai realizar ao cumprirem-se os cem anos. Simplesmente pedimos a Deus que nos ofereça um coração aberto e um olhar puro para receber o presente de viver este jubileu. Seguramente, a cada um de nós, nos tocará, em algum momento, o coração. Os que não vão e o celebram em casa. Os que peregrinam ao Santuário Original. Aqueles que levamos no nosso coração. Todos vamos vivê-lo juntos. Uns nos outros. Os que ali vão. Os que permanecem aqui velando e cuidando a nossa terra sagrada. Estamos unidos numa rede. A rede simboliza essa entrega de todos, esses laços que nos unem. É o anseio profundo de unidade, olhamos a rede carregada de rostos, de sonhos, de anseios, de dificuldades, de alegrias. Ali estamos todos inscritos para sempre. É verdade que hoje faltam muitas pessoas queridas que nos deixaram. Estão no nosso coração. Aqueles que já não estão aqui, mas que nos marcaram com as suas vidas, com a sua entrega. Também aqueles que tomaram outros caminhos e se afastaram do Santuário. Deram o seu sim, e deixaram o seu nome inscrito no Santuário, no coração de Maria. Também hoje os levamos. Somos muitos. É muita riqueza. Cada pessoa importa, é necessária, cada cruz, cada grupo, cada celebração, cada santuário construído, cada dor e cada encontro, cada alegria. Vamos como peregrinos para nos ajoelharmos como crianças perante Ela, dar-lhe graças e pedir-lhe que nos acolha sob o seu manto, que nos mude o coração, que nos envie das suas mãos.

Tudo colocamos a seu pés para que Ela nos leve mar adentro.

Essa rede, que ressalta a unidade, é lançada ao vento. É entregue ao mundo que necessita da paz de Deus. Uma rede que quer chegar a muitos corações. Porque não queremos ser um movimento de auto santificação fechado em si mesmo. Sem projeção. Não queremos formar um movimento doente, cansado, aburguesado, sem ânimo de levar a Boa Nova a muitos corações. Não. Queremos ser um movimento de renovação, um movimento a caminho, audaz, profético. Um movimento peregrino. O Pe. Kentenich dizia naquele dia há cem anos: “Uma ideia ousada, talvez ousada demais para o público em geral, mas não ousada demais para vós. Quantas vezes, na história mundial, as coisas pequenas e insignificantes foram a fonte das coisas grandes e das coisas maiores. Porque não poderia acontecer o mesmo no nosso caso?” Sim é uma ideia muito ousada. Sentimo-nos muito pequenos. É algo imenso que transborda. Mas sabemos que é a partir das coisas pequenas que se muda o mundo. Um coração transformado muda outros corações. Assim atua Deus, nas pequenas coisas, na terra sagrada de cada um. Assim atuou Cristo. Mas, como nos sentimos pequenos, às vezes corremos o risco de ficarmos fechados na nossa comunidade, por medo, por insegurança. Guardamos o talento em vez de o entregar. É necessário sair, levar o que recebemos. Amar os homens, dar a vida sem medo. Inscrever os seus nomes no céu. Sim, esta é a santidade que Maria espera de nós. A vida doada, não conservada com cuidado. O que guardamos, perdemos. Enquanto que a vida que se perde, é fecunda.

[1] J. Kentenich, 1953


Original: espanhol – Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

0 Responses

  1. Maria Liduina Cunha da Silva says:

    Obrigada Mãe, por tudo que aa Senhora tem feito em minha vida, por favor intercede junto a Seu Filho Jesus, para a cura da minha visão no olho esquerdo.
    Amém

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