Posted On 2019-08-24 In Hoerde, Vida em Aliança

Como posso conseguir estar atento aonde o Espírito Santo abre a alma de uma pessoa?

HOERDE – E AGORA?, Maria Fischer •

Perto do Santuário Original, pouco depois das dez horas da noite de 18 de Agosto, com o fogo onde os papelitos foram queimados com as contribuições para o Capital de Graças ainda acesas, e as bandeiras agitando-se, finalmente pude saudar Monsenhor Dr. Michael Gerber, Bispo de Fulda. Agradeci-lhe a sua Homilia na Missa de envio da Jornada Internacional por ocasião do Centenário de Hoerde, uma Homilia que, em tantos momentos, me lembrou a de Monsenhor Robert Zollitsch em 2008, no 40º aniversário da morte do Padre Kentenich. Ambos giraram em torno do grande tema do apostolado de Schoenstatt hoje, na e para a Igreja, e da própria Igreja neste mundo, em torno desta grande questão: Como posso conseguir estar atento aonde o Espírito Santo abre a alma de uma pessoa?

“Espontaneamente, fiz uma mudança na parte pronunciada em alemão”, disse ele. “Foi então que mencionei ‘Maria 2.0’ e a Carta da Juventude do Chile ao Movimento de Schoenstatt. Eu não sabia desta carta até há duas semanas e perguntei-me como tinha sido traduzida para alemão, mas é claro…”, acrescentou ele, com uma risada. Claro, schoenstatt.org. E acrescentou: “Logo após a missa, fui abordado por alguns chilenos que sabiam alemão e viram que esta parte não estava na tradução. Pediram-me que acrescentasse essa parte à publicação, que a documentasse à luz da situação e do progresso do processo”. Um Bispo alemão, atento aonde o Espírito Santo abre as almas de alguns jovens. Um Bispo alemão, que nos desafia e interpela a todos:

Perguntemo-nos de modo crítico: Como reagi na-Alemanha – à iniciativa „Maria 2.0“? Ou como reagi – no Chile – à Carta da Juventude chilena ao Movimento de Schoenstatt no Chile? Houve uma reacção defensiva imediata? Quando faço perguntas mais profundas, que tipo de vozes da alma se movimentam nesta iniciativa? Que experiências poderiam estar por trás disto? Que nos quer dizer o Espírito de Deus, a mim, a nós? Isto não significa de modo algúm que eu tenha que estar de acordo com as posições lá expressas. Mas, a pergunta: „Que movimentos dos corações estão por trás disto?“ Abre-me a uma primeira aproximação e à oportunidade de entrar, realmente, num diálogo construtivo?

 Um Bispo alemão que nos ofereceu um momento estelar no final de um dia cheio de discursos. “É um texto para trabalharmos nas nossas comunidades”, comentou um colaborador espanhol de schoenstatt.org, para descobrirmos, juntos e, cada um a partir do seu carisma pessoal, como contribuir para a Igreja e para a sociedade a partir do que há de novidade em Schoenstatt, sem medo, sem atitudes temerosas diante do tradicionalismo ou fundamentalismo, sem reduzir o carisma do Padre Kentenich a algo piedoso, sem medo de não ter respostas às perguntas e preocupações de “uma sociedade pós-moderna e pluralista”, sem este pensamento mediocre que, para se conseguir o crescimento próprio é preciso esmagar e questionar o que os outros fazem e conseguem fazer crescer.

 

Apóstolos de muitos povos e línguas

Horas antes, no Monte Schoenstatt, os participantes da Jornada de Hoerde e alguns convidados foram à Igreja da Santíssima Trindade, mas não, sem antes, aproveitarem preciosos momentos de diálogo, café na mão, com amigos de sempre e outros novos conhecidos, partilhando projectos, preocupações, apostolados e família. Enquanto falávamos sobre a apresentação de Alejandro Robles e Elizabeth Field do seu projecto “Rondas de comunhão em participação”, o ponto alto do dia, eles próprios abordaram, partilharam e ficaram entusiasmados com o tema da comunicação na vida real. Carlos e Lilita Ricciardi, de La Plata, conheceram pessoas entusiasmadas como eles com as Missões Familiares. Eduardo Shelley, do México, resumiu um momento muito especial dos membros da equipa de schoenstatt.org na Casa da Juventude Masculina: “Miguel Ángel e Paz já não são meus amigos de Whatsapp, mas são de carne e osso”.

Foram mais de 700 apóstolos de muitos povos e línguas que, pouco a pouco, se reuniram na Igreja da Adoração, e aproveitaram o convite para escreverem, nalguns minutos de silêncio antes da Missa, o que descobriram ou redescobriram nestes dias como sendo a sua missão pessoal. Há um desejo de poder partilhar entre todos sobre o tema, sobre as experiências, sobre as preocupações, sobre os passos a dar a partir de agora.

Entre cânticos, leituras e mesmo a Homilia em várias línguas, desenrolou-se uma Missa com um toque de internacionalidade e de saída, alegre e comovente, apesar do sufocante calor húmido.

 

A nossa União não conhece pessimismo!

“Teremos que reflectir e dialogar muito sobre a Homilia de Monsenhor Gerber”, comentámos na reunião da equipa de schoenstatt.org; teremos que reflectir e dialogar muito sobre a Homilia de Monsenhor Gerber, uma Homilia pronunciada com natural e simpática internacionalidade em inglês, espanhol e alemão. Todos os que não compreendiam a língua corrente podiam ler a tradução do folheto que foi entregue antes da Missa.

“A nossa União não conhece pessimismo! Ela opõe-se ao radicalismo do mal com um radicalismo do bem e acredita que o bem vencerá, sim, que ele tem de vencer. Só um optimismo saudável ajuda as pessoas e o mundo a renovarem-se; o pessimismo jamais constrói, muitas vezes ele só deita abaixo.”A citação de Alois Zeppenfeld é como um fio vermelho na Homilia, presente e apresentado como “música de fundo” quando ele menciona as características fundamentais do evento Hoerde, que são transformadas em dons e tarefas para o apostolado de Schoenstatt hoje, no contexto actual da Igreja e da sociedade.

Vivamos com consciência apostólica a riqueza que temos (e que muitas vezes não valorizamos como algo profético, e às vezes não compreendemos, nem vivemos). Que esta seja a definição multidimensional de liderança como chave para muitas questões de liderança na nossa Igreja. Que esta seja a consciência da acção de Deus “em iniciativas divinas”do drama da Páscoa: Isto também nos pode ajudar a afastarmo-nos do fatalismo e do pessimismo e a encontrarmos o caminho de volta ao espírito fundamental que marcou os nossos Unionistas há 100 anos”. Seja este o grande tema de estarmos atentos a como e quando o Espírito Santo abre o coração de uma pessoa à Sua mensagem e onde uma vida real começa a surgir do mais profundo da alma tocada pelo próprio Deus.

 

A Igreja cresce nas almas. Schoenstatt também

“Em toda a sua vida uma das perguntas essenciais do nosso Fundador foi: Como é que se abre o coração e a alma, na sua profundidade, para a acção de Deus? Continuando a pergunta: ff Deste modo, a nossa percepção das manifestações anímicas de uma pessoa e daquilo que se manifesta na alma de uma cultura, adquire um significado novo e verdadeiramente teológico. Perguntamo-nos: Onde é que possivelmente se mostra em tal anseio ou opinião, a acção do Espírito Santo, que abre as almas à mensagem do Evangelho?… Não temos, por isso, de questionar com espírito crítico os nossos próprios padrões de reacção, os nossos mecanismos de defesa em relação a muitos fenómenos e manifestações de vida na sociedade actual?”

A Igreja cresce nas almas. Schoenstatt também. Então, apostolado significa: “aqui e agora, neste mundo pós-moderno, multi-opcional, conquistar pessoas para um relacionamento vital com Jesus Cristo, para o Evangelho. Isto jamais pode significar, que se procure apenas as pessoas, que ainda mostram que têm de alguma forma “uma boa conduta católica”. Não, se acreditamos na continuação da iniciativa divina, devemos contar com o facto de que o Espírito Santo abre as almas das mais diversas pessoas à sua mensagem, nomeadamente as almas daqueles, de cujo estilo de vida menos o esperamos”.

Obrigado, Mons. Gerber, por nos enviar, a estarmos atentos aonde o Espírito Santo abre a alma de uma pessoa.

Mons. Dr. Michael Gerber – Texto integral da Homilia na Missa de 18/8/2019 – Hoerde, versão final

Fotos: Roberto González, Maria Fischer

Original: espanhol (22/8/2019). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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