Posted On 2018-05-17 In Vida em Aliança

“Recordo esse momento quando…”

ITÁLIA, Gloria de Curtis •

Roma, 7 de abril de 2018 – É uma cálida manhã de primavera que dá as boas-vindas à  Juventude Feminina de Roma no Santuário de Cor Ecclesiae para o primeiro dia de formação. O lema do encontro é “O meu coração no teu coração”, uma expressão que nos dá a entender qual é a finalidade do retiro: Pôr-se completamente a  si mesmo à disposição de Nossa Senhora para que cada um dos nossos batimentos do coração ressoe na sua alma vivificadora. —

Precisamente, as sensações corporais foram um ponto de partida para a reflexão durante o primeiro momento de oração. De facto, ajuda-nos a superar a falta de atenção diária – que fazem com que a oração pessoal seja um ritual sem sentido – para um novo paradigma espiritual, que consiste numa meditação que envolva cada fibra do nosso ser, desde escutar a respiração e os batimentos do coração, à postura mais relaxada, passando pela “oração do nome de Jesus” para alcançar uma conexão mais intima com o Céu.

A missão da paternidade espiritual

Sobre o mesmo tema do ensinamento da oração, a intervenção do P. Marcelo centrou-se em como, no mundo católico, o maior defeito é não saber como orar. Evidentemente, os cristãos de hoje esqueceram as lições de Santa Teresa de Ávila neste sentido, que os convidou a praticar a oração; uma oração que deve representar um diálogo profundo, capaz de ir mais além das petições que podem dirigir-se ao Pai e que permite um encontro intimo com o Divino. Para facilitar esta conexão, sugeriram-nos a figura do P. Kentenich que, numa época na qual tristemente se regista o eclipse da paternidade, se oferece como esse tu humano que permite uma relação verdadeiramente filial com Deus, graças ao recebimento humano garantido por ele a quem lhes foi confiado. De facto, através do ícone do Pai Fundador pode-se abrir uma janela para o céu. Reconhecendo nele, que sofreu a ausência paterna, a missão de paternidade espiritual para todos os filhos do Movimento, é possível sentir mais profundamente o amor supremo de Deus Todo Poderoso pela humanidade. Para isto, contudo, devemos emancipar-nos da ideia de que este enlace pode surgir de forma automática, já que a filialidade, assim como a maternidade e a paternidade, se forma com o tempo e se fortalece quando se vivem dificuldades que nos advertem da exigência de nos abandonarmos ao “abraço divino, fonte de fortaleza e consolo”.

Uma pequena viagem no tempo

Para investigar melhor o lema do dia, outro sacerdote de Schoenstatt, o P. Valentín Goldie, guiou-nos na leitura de Lucas, o evangelista, que para transmitir a Palavra reuniu os testemunhos diretos daqueles que tinham vivido com Jesus, começando com Maria, e convidou-nos a partilhar um episódio no qual tivéssemos formulado, em relação a algum acontecimento significativo do nosso passado, a frase “Recordo esse momento quando…” Portanto, fizemos uma pequena viagem no tempo, no meio de recordações da infância, através de amizades dececionantes ou pequenas discussões familiares. Um caminho, contudo, que não era um fim em si mesmo, mas que tinha como objetivo investigar qual tinha sido a intenção com que tínhamos dito aos outros “Recordo esse momento quando…” Foi assim que nos induziram a questionar-nos qual era a intenção da “Mulher de Mulheres” ao contar alguns episódios da sua vida com Jesus, e o apoio privilegiado para responder a esta pergunta foi o Santo Evangelho. “De que serve recordar o passado no presente se não quiseres dar novo significado a esses mesmos episódios, que geram um futuro? E então, porque é que a Mater partilhou com o Evangelista Lucas a recordação da cena do nascimento de Jesus, bem como o tê-lo perdido por três dias e encontrá-lo no templo? Maria abriu-nos o seu coração porque, ao encontrar a memória do tempo passado com Jesus, podemos dar significado a esses acontecimentos e crescer na nossa fé.

Um novo futuro de fé e colaboração

Na segunda parte da jornada, a Juventude Feminina participou na reelaboração da manhã de estudo e oração, sobretudo para identificar o ideal de grupo, que poderia ser o objetivo a seguir e pelo qual nos comprometermos. Dentro desta fase de reelaboração, a atenção centrou-se na busca do lema e do emblema que poderia distinguir a Juventude Feminina Romana para o futuro. O resultado mais brilhante conseguiu-se depois da oração dirigida à Mater no Santuário.

Assim chegou ao fim esse dia intenso que, enriquecido com a graça da Mãe, constitui um momento decisivo para o nosso grupo. A partir de hoje, uma nova imagem de oração permanece nos corações de todos nós, que seja um intimo diálogo com o Pai. Então amadurece em nós a convicção de que o P. Kentenich não surge só como fundador, mas como pai dos filhos prediletos do Movimento. Fica finalmente sobre a nossa pele a suavidade da primavera e a tibieza do sol que nos aqueceu durante o  piquenique. De agora em diante temos mais uma oportunidade para recordar esse dia de estudo e oração e dizer “Recordo esse momento quando…”, construindo assim um novo futuro de fé e colaboração.

 

Gioventù Femminile - Santuario

Original: Italiano, 10/5/2018. Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

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