PARAGUAI, Sandra Lezcano •
O dia18 foi um dia diferente dos outros, não estava a sair à pressa para chegar ao escritório, estava era ansiosa por chegar a tempo a Tupãrenda, para saudar a que faz e desfaz na minha vida, a Mater.
O amanhecer desse dia foi cálido, não havia dúvida de que teríamos um dia de calor como é costume no Paraguai. Contudo, durante essa manhã pude experimentar uma brisa como poucas, porque apesar do sol queimar a brisa era fresca, é que uma mãe está sempre pendente do bem-estar dos seus filhos.
Cheguei ao lugar cerca de trinta minutos antes do início da primeira missa do dia, o caminho que vinha do estacionamento para o santuário ainda estava silencioso e ao chegar ao recinto via-se a relva como um imenso tapete verde iluminado por um sol que brilhava com todo o seu esplendor sobre Tupãrenda.
Dirigi-me então para o Santuário para poder saudar a Rainha da casa e fiquei na fila que ainda era pequena para entrar, sabia que isto era um privilégio pois daí a poucas horas essa fila seria enorme. Ao entrar pude encontrar-me com peregrinos que estavam de joelhos saudando a Mater, entregando de certeza, como eu, as alegrias, os anseios e também tudo aquilo que inquieta o coração.
Maria é a ponte que nos conduz ao Pai de Misericórdia
Ao sair do Santuário encontrei-me com a procissão dos celebrantes que ia para o altar onde se celebraria a Santa Missa. Fui caminhando atrás deles e fiquei mesmo no centro, sobre a relva que fazia de tapete para a Mater e sob o sol ardente que se fazia sentir nesse dia.
A Missa foi presidida pelo Bispo Joaquín Robledo da diocese de San Lorenzo. O qual na sua homilia nos falou da misericórdia do Pai, e como é Maria que nos conduz até Ele.
“Cada vez que chegamos a Tuparenda experimentamos este duplo abraço de misericórdia onde recebemos a primeira graça de Maria, um abraço que acolhe, que nos dá um lar. Ela transforma-nos, não saímos os mesmos, saímos de Tuparenda com o coração transformado”
Disse que é o mesmo que acontece quando recebemos a visita da Mãe Peregrina na nossa casa. Ela faz-nos sentir acolhidos, transformados.
Monsenhor Robledo acabou a sua homilia dizendo que, na verdade, Maria nos aproxima do Pai. Desse Pai que nos ama imensamente e que nos oferece continuamente a sua misericórdia e o seu perdão.
Uma família ao serviço dos peregrinos
Como todos os anos pôde observar-se toda a família de Schoenstatt do Paraguai trabalhando ao serviço dos peregrinos que vêm até Tuparenda para saudar a Mater.
Uma sensação de orgulho e a necessidade de dar um pequeno contributo para que todos se sintam acolhidos no nosso Santuário é o que nos invade nesse dia a todos nós schoenstattianos.
Viam-se servidores de todas as idades, todos com um grande sorriso realizando o seu trabalho, dirigindo o trânsito, servindo água aos peregrinos, transportando os doentes, os que mobilizavam aqueles que precisavam de uma cadeira de rodas, as distintas tendas que se encontravam no caminho para o Santuário oferecendo informações, momentos de oração, tantas outras tarefas e detalhes que foram atendidos nesse dia, encontravam-se servidores da Mater por todos os lados.
Presentes da Mater
Nessa manhã ao terminar a missa estava feliz de poder estar em Tuparenda, de ter iniciado o dia saudando a Mater, mas a minha felicidade não estava completa porque não consegui confessar-me, então pedi à Mater que me permitisse aceder ao sacramento da reconciliação. Fui então até onde estavam a confessar, havia vários sacerdotes escutando a confissão debaixo das árvores, ao ar livre, havia servidores que organizavam a ordem, ofereciam um exame de consciência que se podia fazer enquanto se aguardava na fila, esperei 30 minutos até que chegasse a minha vez e quando o sacerdote me deu a absolvição disse-me algo que me tocou o coração: “Deus está feliz contigo porque procuraste reconciliar-te com Ele e dá-te a oportunidade de começar de novo”. Essas palavras fizeram brilhar os meus olhos e encheram-me a alma. Foi um presente da Mater que me conduziu até aos braços misericordiosos do Pai como tinha dito o Bispo na homilia.
Antes de regressar a casa, pois à tarde tinha de ir trabalhar, fui comprar um quadro da Mater, dentro de pouco tempo vou mudar de casa e pensei que não poderia haver melhor dia e lugar para levar a Mater que ocupará o centro do meu Santuário Lar, encontrei o que procurava e estava feliz com a conquista do quadro; como já não tinha muito tempo, era quase meio-dia e o tapete verde já não se via pois o campo estava cheio de peregrinos que chegavam de todos os lados para saudar a Mater, pensei e decidi que o melhor era pedir para abençoar o quadro noutra altura, no Santuário Jovem onde vou sempre, mas a Mater tinha outro presente para mim nesse dia. Ao dirigir-me para o estacionamento vi uma mesa grande, detrás dela um sacerdote com um recipiente de água e um raminho de folhas verdes com o qual benzia todos os objetos que lhe iam dando os peregrinos. Aproximei-me e foi assim que a Mater do meu Santuário Lar foi abençoada num 18 de outubro em Tuparenda.
Original: espanhol. Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal