Peregrina Venezuela

Posted On 2021-05-19 In Campanha

Um migrante da Venezuela leva a Mãe Peregrina de Schoenstatt a pessoas sem lar em Santiago

VENEZUELA/CHILE, Maria Fischer •

“Obrigado também por querer partilhar a minha história”, diz Luis Osvaldo Ortiz Oropeza, venezuelano que vive em Santiago do Chile há quatro anos. “Se é para o louvor e glória de Nosso Senhor e para fomentar o amor à nossa Mãe, concordo desde que a Mãe seja a protagonista. É Ela quem está a escrever uma história de missão na minha vida”. —

Uma história de missão na minha vida. Uma mensagem factual para o Dia Mundial das Comunicações Sociais que, hoje se celebra na Igreja Universal pela 55ª vez. “Para poder contar a verdade da vida que se faz história (cf. Mensagem para o LIV Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24 de janeiro de 2020), é necessário sair da presunção cómoda do «já sabido» e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade, que nunca deixará de nos surpreender em algum dos seus aspetos. «Abre, maravilhado, os olhos ao que vires e deixa as tuas mãos cumular-se do vigor da seiva, de tal modo que os outros possam, ao ler-te, tocar com as mãos o milagre palpitante da vida»: aconselhava o Beato Manuel Lozano Garrido[1] aos seus colegas jornalistas. Por isso, este ano, desejo dedicar a Mensagem à chamada a «ir e ver», como sugestão para toda a expressão comunicativa que queira ser transparente e honesta: tanto na redação dum jornal como no mundo da web, tanto na pregação comum da Igreja como na comunicação política ou social. «Vem e verás» foi o modo como a fé cristã se comunicou a partir dos primeiros encontros nas margens do rio Jordão e do lago da Galileia”, diz o nosso Papa Francisco na sua Mensagem para este dia.

Tudo começa com uma pergunta

Peregrina Venezuela

2004: Christel Sonnekalb parte para a Venezuela com a Mãe Peregrina

“Juntamente com as saudações, gostaria de lhe perguntar o seguinte: cada Mãe Peregrina tem um número ou código no verso, há algum tempo atrás foi-me dada uma, toda partida, que encontrei num armazém e amorosamente A restaurei. Depois de conhecer a história, fui encorajado a aprender mais sobre a Mãe e, percebi que na parte de trás tem este número 457 ou 957, gostaria de saber o que significa. Esta mensagem chegou há alguns dias à redacção de schoenstatt.org, de Santiago, Chile. Motivada pela procura de histórias da vida real, perguntei…e parece que a minha Peregrina no meu Santuário-Escritório, aquela que em 2004 esteve na Venezuela durante algumas semanas com Christel Sonnekalb, então colaboradora do schoenstatt.org, sorri….

Caminhando 10 dias sob a Sua protecção

Luis Ortiz é venezuelano e vive em Santiago do Chile há quatro anos. Encontrou uma Imagem da Peregrina num armazém, meio quebrada, esquecida, perdida, abandonada, acidentada no seu peregrinar pelas ruas. O risco daquele que sai….

Luis relata: “Nesse caso, Ela conquistou-me mais uma vez. Há uma história particular por detrás de tudo isto. No meu país, a Venezuela, a devoção da Mãe não é “popular”, no entanto, no dia em que saí, algumas freiras amigas deram-me uma imagem da Mãe numa estampa e com ela a consagração, pedindo-me que a fizesse todos os dias juntamente com o Santo Terço. Foi assim durante dez dias intensos na estrada em que não fiquei definitivamente desamparado em nenhum momento. Quando cheguei ao local onde ia ficar durante algum tempo, encontrei esta Imagem e depois disso fiquei a conhecer o Seu Santuário.

Levando conforto às pessoas em risco e em desespero

Peregrina Venezuela

Na embaixada venezuelana em Santiago do Chile

Peço a Luis algumas fotos da Peregrina e aquelas que ele me envia tocam o meu coração. Nada doce com flores e nuvens cor-de-rosa, mas sim a vida brutal e real da rua.

“As fotografias foram tiradas na embaixada da Venezuela no Inverno passado, onde se encontravam mais de 300 pessoas sem abrigo, desempregadas e atingidas pela pandemia. Exigiram ajuda humanitária e um voo para regressar ao seu país. Naquele momento, além de levar comida física, eu também queria que a Mãe de Deus servisse de consolo para tantas pessoas que, ali, A acolheram com confiança e esperança. As outras fotos são com pessoas em situação de rua e toxicodependência, passam o Inverno nas Praças de Santiago, e estão lá a ser, de alguma forma, esquecidas pela sociedade. Fui com a minha bicicleta carregada com sanduíches e chá para que sentissem um gesto de caridade, um gesto de amor. A figura materna é importante para uma pessoa numa situação de rua, e com a Mãe, apesar do medo que senti, acolheram-nos com muito afecto e respeito.

Quero que o meu país seja um país da Mãe

“Sou venezuelano e quero que o meu país desfrute da presença da Mãe. Em alguns estados já existem algumas Peregrinas. Mas eu gostaria de promover mais a Sua devoção. O meu coração saltou de alegria quando li que a sua Mãe visitou a Venezuela duas vezes. Louvado seja Deus!

Para mim é muito comovente sentir a acção de Nossa Senhora na minha vida e no meu ambiente.

A Venezuela e o mundo inteiro precisam de muita oração e eu sei que a Mãe de Deus intercede e protege muitos pelos quais rezamos.

Estou certo de que muitos venezuelanos que estão fora da Venezuela e, que de alguma forma, experimentaram a presença da Mãe no Santuário, não querem ficar só com isto; pelo contrário, queremos que os nossos irmãos e irmãs venezuelanos também experimentem esta alegria. Por esta razão, enviei estampas da Mãe a duas Paróquias na Venezuela, onde os Párocos estão a divulgá-l’A ao povo de Deus. Há um total de quatro Paróquias onde, com a ajuda dos Párocos que são meus amigos, poderíamos espalhar as sementes do amor à Mãe.

Gostaria de ser missionário e de ter a bênção de levar a Mãe em missão, já o faço num pequeno serviço de amor aos sem abrigo, mas em breve A levarei à Europa, no caminho de Santiago de Compostela, para poder evangelizar pelo caminho e fomentar a devoção e o conhecimento do Santuário e da Mãe.

Glória a Deus por tudo o que Ele realizou através do amor da Mãe na minha vida, que este testemunho sirva para que muitas pessoas ousem aproximar-se de Deus, do Deus que dorme nas ruas, do Deus que vagueia à noite em busca de abrigo, do Deus que foge da guerra social em busca de um futuro melhor para a sua família.

Que a Mãe torne os nossos corações mais doces, mais próximos, mais úteis.. que a nossa vida seja apenas um exemplo e reflexo do amor misericordioso que Deus tem por nós e que o quis expressar através do olhar terno da nossa Mãe que, nos espera em cada Santuário, em cada Imagem Peregrina, em cada canto onde começa uma devoção mariana e para confirmar que somos todos d’Ela, e que Ela nos use como Seus instrumentos.

Que nunca nos falte a missão e a oportunidade de servir aquele que sofre, de servir o Cristo que resplandece no rosto do irmão”.

Ir e ver

“O próprio jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão. Temos que agradecer à coragem e determinação de tantos profissionais (jornalistas, operadores de câmara, editores, cineastas que trabalham muitas vezes sob grandes riscos), se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras esquecidas foram noticiadas. Seria uma perda não só para a informação, mas também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade”, diz o Papa.

Seria uma perda para todo o Schoenstatt não conhecer a história de Luis Ortiz e da sua Peregrina de Schoenstatt.

Venezuela Peregrina

Com pessoas sem abrigo

Original: espanhol (16/5/2021). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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