Posted On 2020-04-05 In Francisco - Mensagem

“A Dolorosa”, discípula e mãe

PAPA FRANCISCO – HOMILIA EM SANTA MARTA

Francisco dedicou a sua Missa hoje, sexta-feira 3 de Abril, às pessoas “que agora começam a pensar no ‘depois’, no depois da pandemia”. Nos problemas que virão: de pobreza, de trabalho, de fome”. Um olhar profundo sobre Maria na Sexta-feira das Dores: este foi o convite que ele lançou na sua Homilia, apresentando Maria como mãe, Mãe da Igreja e mãe na Igreja Mãe. “O Redentor é um só e este título não pode ser duplicado: apenas discípula e mãe”. Assim, como mãe, devemos procurá-la e rezar-lhe na Igreja Mãe. Na maternidade de Nossa Senhora, vemos a maternidade da Igreja que a todos recebe , bons e maus”.

Intenção de 3/4/2020

Há pessoas que, a partir de agora, começam a pensar no depois: no depois da pandemia. Em todos os problemas que virão: problemas de pobreza, trabalho, fome… Rezemos por todas as pessoas que hoje ajudam, mas pensam também no amanhã, para nos ajudar a todos.

Homilia: Nossa Senhora nunca pediu nada para Ela, nunca.

Nesta Sexta-feira de Paixão, a Igreja recorda os sofrimentos de Maria, Nossa Senhora das Dores. Há séculos  que existe esta veneração do povo de Deus. Foram escritos hinos em honra de Nossa Senhora das Dores: ela estava aos pés da cruz e contemplam-na ali, sofredora. A piedade cristã recolheu os padecimentos de Nossa Senhora e fala das “sete dores”. A primeira, só 40 dias depois o nascimento de Jesus, a profecia de Simeão fala de uma espada que lhe trespassará o coração (cf. Lc 2, 35). A segunda dor, a fuga para o Egito para salvar a vida do Filho (cf. Mt 2, 13-23). A terceira dor, aqueles três dias de angústia quando o jovem Jesus permaneceu no templo (cf. Lc 2, 41-50). A quarta dor, quando Nossa Senhora se encontra com Jesus no caminho do Calvário (cf. Jo 19, 25). A quinta dor de Nossa Senhora é a morte de Jesus, ao ver ali o seu Filho, crucificado, nu, a morrer. A sexta dor é a descida de Jesus da cruz, morto, e ela pega nele no colo como o havia  feito há mais de 30 anos em Belém. A sétima dor é o sepultamento de Jesus. E assim, a piedade cristã percorre este caminho de Nossa Senhora que acompanha Jesus. Faz-me bem, no final da tarde, quando recito o Angelus, rezar estas sete dores como uma lembrança da Mãe da Igreja, como a Mãe da Igreja que com tanta dor deu à luz todos nós.

Nossa Senhora nunca pediu nada para si, nunca. Para os outros, sim: pensemos em Caná, quando fala com Jesus. Ela nunca disse: «Eu sou a mãe, olhai para mim: serei a rainha-mãe”. Nunca disse isso. Nunca pediu nada importante para si no colégio apostólico. Aceita apenas ser mãe. Ela acompanhou Jesus como discípula, pois o Evangelho mostra que ela seguiu Jesus: com as suas amigas, mulheres piedosas, ela seguiu Jesus, ouviu Jesus. Certa vez alguém a reconheceu: “Ah, aqui está a mãe”, “A tua mãe está aqui”… (Cf. Mc 3,  31)… Ela seguia Jesus. Até ao Calvário. E ali, em pé… as pessoas certamente disseram: “Mas, pobre mulher, como deve sofrer”, e os malvados certamente disseram: “Mas, a culpa também é dela, porque se ela o tivesse educado bem, isto não teria acabado assim”. Ali estava ela, com o Filho, com a humilhação do Filho.

Honrar Nossa Senhora e dizer: “Esta é minha Mãe”, porque ela é Mãe. E este é o título que ela recebeu de Jesus, ali mesmo, no momento da Cruz (cf. Jo 19, 26-27). Os teus filhos, tu és mãe. Ele não a nomeou primeira-ministra nem lhe atribuiu títulos de “funcionalidade”. Apenas “Mãe”. E depois, os Atos dos Apóstolos mostram-na em oração com os Apóstolos como Mãe (cf. At 1, 14). Nossa Senhora não quis tirar nenhum título a Jesus; recebeu o dom de ser sua Mãe e o dever de nos acompanhar como Mãe, de ser nossa Mãe. Ela não pediu para ser uma quase-redentora ou uma co-redentora: não. O Redentor é um só e este título não se duplica. Apenas discípula e mãe. E por isso, como Mãe, devemos pensar nela,  procurá-la, rezar a ela. Ela é a Mãe. Na Igreja Mãe. Na maternidade de Nossa Senhora vemos a maternidade da Igreja que recebe a todos, bons e maus: todos.

Hoje far-nos-á bem parar um pouco e pensar na dor e nos sofrimentos de Nossa Senhora. Ela é a nossa Mãe. E como os carregou, como os suportou bem, com força, com choro: não era um choro falso, era precisamente o seu coração destruído pela dor. Far-nos-á bem parar um pouco e dizer a Nossa Senhora: “Obrigado por terdes aceite ser Mãe quando o Anjo te deu o  anúncio, e obrigado por teres aceite ser Mãe quando Jesus o disse”.

Oração pela comunhão espiritual

As pessoas que não podem comungar  agora recebam a comunhão espiritual.

Meu Jesus, creio que estás verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento do altar. Amo-Te acima de todas as coisas e desejo-Te na minha alma. Dado que agora não Te posso receber sacramentalmente, vem, pelo menos espiritualmente, ao meu coração. Como se já estivesses aqui, abraço-Te e uno-me totalmente a Ti. Jamais permitas que me separe de Ti. Amém.

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Original: espanhol (3/4/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

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