ROMA/JORDÂNIA, VIS/org. O Papa Francisco começou hoje a sua peregrinação à Terra Santa, por ocasião do 50º aniversário do encontro, em Jerusalém, do Papa Paulo VI e do Patriarca Atenágoras. O avião do Santo Padre saiu às 8h15m do aeroporto romano de Fiumicino e aterrou às 13h00m (hora local, 12h00m, em Roma) no aeroporto “Queen Alia” de Amman (Jordânia). Antes de sair do aeroporto de Roma pediu via Twitter: Queridos amigos, peço-vos que me acompanhem com a vossa oração durante a minha paregrinação à Terra Santa. Durante o vôo rumo a Amman, o Santo Pade saudou os mais de 70 jornalistas que viajam com ele, agradecendo-lhes a sua ajuda e serviço e assinalando que será uma viagem com muito trabalho, compromisso, pois terão que ver, escrever e pensar, isto é, fazer muitas coisas, e acrescentou brincando, que alguém tinha escrito que será uma “viagem assassina” devido à intensidade e densidade da agenda prevista. Para a seguir, assegurar que durante o vôo de regresso a Roma dará uma conferência de imprensa.
O Papa foi recebido à sua chegada pelo representante do rei Abdullah II, o príncipe Ghazi bin Huhammed, acompanhado pelo Patriarca de Jerusalém dos Latinos, Sua Beatitude Fouad Twali e pelo Custódio da Terra Santa, Pe. Pierbattista Pizzabala. Uma criança ofereceu-lhe uma orquídia negra, a flor símbolo do reino hachemita da Jordânia. A seguir a uma breve conversa com o representante do monarca, no Pavilhão Real, o Papa dirigiu-se, de carro, ao Palácio Real Al-Husseini ,de Amman, onde o esperava o Rei Abdullah II e a Rainha Rania.
Durante a visita de Paulo VI à Terra Santa em 1964, o Rei Hussein, pai do actual monarca, acompanhou o Papa até às portas de Jerusalém. Em contrapartida, o Rei Abdullah II, recebeu na Terra Santa, S. João Paulo II, em 2000, e Bento XVI , em 2009, e, por sua vez, foi recebido duas vezes pelo Papa Francisco, uma em 2013 e a outra em Abril deste ano.
A seguir a um rápido encontro privado com o rei e a sua família, Francisco entrou no salão de recepções do palácio onde o esperavam cerca de trezentas pessoas, entre as quais as mais altas autoridades do reino, representantes do Corpo Diplomático e os principais responsáveis das outras religiões e, aí, pronunciu o seu primeiro discurso na Terra Santa recordando, em primeiro lugar, que a Jordânia é uma terra “rica em história e de grande significado religioso para o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão”.
Texto completo do discurso do Papa Francisco:
Majestade,
Excelências,
Queridos Irmãos Bispos,
Queridos amigos:Dou graças a Deus por me permitir visitar o Reino Hachemita da Jordânia, seguindo os passos dos meus antecessores Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI e agradeço a Vossa Majestade, Rei Abdullah II, as suas cordiais palavras de boas – vindas, com a lembrança viva do nosso recente encontro no Vaticano, ao Povo da Jordânia, terra rica em história e de grande significado religioso para o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão.
Este País acolhe generosamente um grande número de refugiados palestinianos, iraquianos e de outras zonas em crise, especialmente da vizinha Síria, destruída por um conflito que está a durar há tempo demais. Majestade, este acolhimento merece o reconhecimento e o auxílio da comunidade internacional. A Igreja Católica, dentro das suas possibilidades, quer comprometer-se na assistência aos refugiados e aos necessitados, sobretudo através da Cáritas Jordânia.
Ao mesmo tempo constato com dor que continuam a existir fortes tensões na região do Médio Oriente, agradeço às autoridades do Reino tudo o que fazem e animo-as a continuae a esforçar-se para conseguir a tão desejada paz duradoura em toda a região; para isso, é necessário e urgente encontrar uma solução pacífica para a crise síria, além de uma justa solução para o conflito entre israelitas e palestinianos.
Aproveito a ocasião para renovar o meu profundo respeito e consideração pela comunidade Muçulmana e, expressar o meu reconhecimento pela liderança que Vossa Majestade, o Rei, assumiu para promover um entendimento mais adequado das virtudes proclamadas pelo Islão e a serena convivência entre os fieis das diferentes religiões. Vossa Majestade é conhecido como homem de paz e artífice da paz! Manifesto a minha gratidão à Jordânia por ter dinamizado várias iniciativas importantes a favor do diálogo inter-religioso para a promoção do entendimento entre judeus, cristãos e muçulmanos, como a “Mensagem Inter-religiosa de Amán”, e por ter promovido, no seio da ONU, a celebração anual da “Semana da Harmonia entre as Religiões”.
Gostaria agora de dirigir uma saudação cheia de afecto às comunidades cristãs, atendidas por este Reino, comunidades presentes no País desde os tempos apostólicos, que contribuem para o bem-comum da sociedade na qual estão totalmente inseridas. Apesar de hoje serem minoritárias, têm a possibilidade de desenvolver um trabalho qualificado e reconhecido, no campo educativo e sanitário, através de escolas e hospitais e, podem professar tranquilamente a sua fé, respeitando a liberdade religiosa que é um direito humano fundamental e, que espero firmemente que, seja tido em grande consideração em todo o Médio Oriente e no mundo inteiro. Este direito “abarca tanto a liberdade individual, como colectiva, de seguir a consciência de cada um, em matéria religiosa como a liberdade de culto … a liberdade de escolher a religião que se acha verdadeira e de manifestar publicamente a própria crença” (Bento XVI, Exhort. Ap. Ecclesia no Médio Oriente, 26) . Os cristãos sentem-se e são cidadãos de pleno direito e desejam contribuir para a construcção da sociedade, em conjunto com, os seus concidadãos muçulmanos, segundo os seus valores específicos.
Dirijo, finalmente, um voto especial de paz, de paz e de prosperidade ao Reino da Jordânia e ao seu povo, com a esperança de que esta visita contribua para incrementar e promover boas e cordiais relações entre Cristãos e Muçulmanos. E, que o Senhor Deus nos defenda a todos desse medo à mudança, ao qual Vossa majestade se referiu.
Agradeço-vos o Vosso cordial acolhimento e amabilidade. Que Deus Omnipotente e Misericordioso conceda a Vossas Majestades felicidade e longa vida e cumule a Jordânia com as Suas benções. Salam!
Missa em Amman
Neste momento, o Papa Francisco passa por uma multtidão alegre no estádio de Amman. A Missa vai começar dentro de alguns minutos.
Original: espanhol – Trad: Lena Castro Valente, Lisboa. Portugal
