Posted On 2014-05-26 In Vida em Aliança

Com a Sua Misericórdia cura as feridas e as incompreensões

TERRA SANTA, RD, José M. Vidal/org. Missa do Papa Francisco no estádio internacional de Amman. Um estádio que já recebeu João Paulo II no ano 2000 e Bento XVI em 2009. Perante milhares de refugiados palestinianos, sírios e iraquianos, o Papa implora o dom da paz, que “é preciso procurar pacientemente e construir artesanalmente”. Há alegria, entusiasmo, esperança, estão 1400 meninas e meninos que vão receber a Primeira Comunhão… estão uns schoenstatteanos do Chile, Espanha, Alemanha, Terra Santa nesta missa, ou próximo… e muitos em frente aos ecrãs, em oração, em Aliança Solidária com Francisco, peregrino da paz na terra de Jesus.

O estádio está a abarrotar e os cânticos animam a espera pelo Papa. Sobretudo um hino dedicado ao Papa:”Benvindo, benvindo, servo de Cristo/Benvindo, benvindo, Papa Francisco”.

Começa a Procissão de Entrada num dia de sol radiante em Amán. No céu azul, voa um rosário formado por balões.

Ao lado do Altar, em forma de tenda do deserto, um Cristo, rodeado por duas grandes fotografias de S. João Paulo II e S. João XXIII.

O Papa leva um Báculo muito simples de madeira, que termina em cruz. Está vento e o Papa segura o solidéu.

A seguir às Leituras, a Homilia do Papa.

Texto integral da Homilia.

Ouvimos, no Evangelho, a promessa de Jesus aos discípulos: «Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco» (Jo 14, 16). O primeiro Paráclito é o próprio Jesus; o «outro» é o Espírito Santo.

Aqui não estamos muito longe do lugar onde o Espírito Santo desceu poderosamente sobre Jesus de Nazaré, depois de João O ter baptizado no rio Jordão (cf. Mt 3, 16), e hoje irei lá. Por isso, o Evangelho deste domingo e também este lugar, onde, graças a Deus, me encontro como peregrino, convidam-nos a meditar sobre o Espírito Santo, sobre aquilo que Ele realiza em Cristo e em nós e que podemos resumir da seguinte maneira: o Espírito realiza três acções, ou seja, prepara, unge e envia.

No momento do baptismo, o Espírito pousa sobre Jesus a fim de O preparar para a sua missão de salvação; missão caracterizada pelo estilo do Servo humilde e manso, pronto à partilha e ao dom total de Si mesmo. Mas o Espírito Santo, presente desde o início da história da salvação, já tinha agido em Jesus no momento da sua concepção no ventre virginal de Maria de Nazaré, realizando o evento maravilhoso da encarnação: «O Espírito Santo virá sobre ti – diz  o Anjo a Maria – e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra, e tu darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus» (cf. Lc 1, 35.31). Depois, o Espírito Santo tinha actuado sobre Simeão e Ana, no dia da apresentação de Jesus no Templo (cf. Lc 2, 22). Ambos à espera do Messias, ambos inspirados pelo Espírito Santo, Simeão e Ana, à vista do Menino, intuem que Ele é mesmo o Esperado por todo o povo. Na atitude profética dos dois anciãos, exprime-se a alegria do encontro com o Redentor e, de certo modo, actua-se uma preparação do encontro entre o Messias e o povo.

As diferentes intervenções do Espírito Santo fazem parte de uma acção harmónica, de um único projecto divino de amor. Com efeito, a missão do Espírito Santo é gerar harmonia – Ele mesmo é harmonia – e realizar a paz nos vários contextos e entre os diferentes sujeitos. A diferença de pessoas e a divergência de pensamento não devem provocar rejeição nem criar obstáculo, porque a variedade é sempre enriquecedora. Por isso hoje, com coração ardente, invoquemos o Espírito Santo, pedindo-Lhe que prepare o caminho da paz e da unidade.

Em segundo lugar, o Espírito Santo unge. Ungiu interiormente Jesus, e unge os discípulos para que tenham os mesmos sentimentos de Jesus e possam, assim, assumir na sua vida atitudes que favoreçam a paz e a comunhão. Com a unção do Espírito, a nossa humanidade é marcada pela santidade de Jesus Cristo e tornamo-nos capazes de amar os irmãos com o mesmo amor com que Deus nos ama. Portanto, é necessário praticar gestos de humildade, fraternidade, perdão e reconciliação. Estes gestos são pressuposto e condição para uma paz verdadeira, sólida e duradoura. Peçamos ao Pai que nos unja para nos tornarmos plenamente seus filhos, configurados cada vez mais a Cristo, a fim de nos sentirmos todos irmãos e, assim, afastarmos de nós rancores e divisões e nos podermos amar fraternalmente. Isto mesmo nos pediu Jesus no Evangelho: «Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos, e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco» (Jo 14, 15-16).

E, por último, o Espírito Santo envia. Jesus é o Enviado, cheio do Espírito do Pai. Ungidos pelo mesmo Espírito, também nós somos enviados como mensageiros e testemunhas de paz. Quanta necessidade tem o mundo de nós como mensageiros de paz, como testemunhas de paz! É uma necessidade que o mundo tem. Também o mundo nos pede para lhe fazermos isso: levar a paz, testemunhar a paz!

A paz não se pode comprar, não está à venda. A paz é um dom que se deve buscar pacientemente e construir «artesanalmente» através dos pequenos e grandes gestos que formam a nossa vida diária. Consolida-se o caminho da paz, se reconhecermos que todos temos o mesmo sangue e fazemos parte do género humano; se não nos esquecermos que temos um único Pai no Céu e que todos nós somos seus filhos, feitos à sua imagem e semelhança.

Neste espírito, vos abraço a todos: o Patriarca, os irmãos Bispos, os sacerdotes,  as pessoas consagradas, os fiéis leigos, a multidão de crianças que hoje fazem a Primeira Comunhão e os seus familiares. Com todo o meu coração saúdo também os numerosos refugiados cristãos; e não só eu, mas todos nós saudamos, com todo o nosso coração, os numerosos refugiados cristãos que vieram da Palestina, da Síria e do Iraque: levai às vossas famílias e comunidades a minha saudação e a minha solidariedade.

Queridos amigos, queridos irmãos, o Espírito Santo desceu sobre Jesus no Jordão e deu início à sua obra de redenção para libertar o mundo do pecado e da morte. A Ele pedimos que prepare os nossos corações para o encontro com os irmãos independentemente das diferenças de ideias, língua, cultura, religião; que unja todo o nosso ser com o óleo da sua misericórdia que cura as feridas dos erros, das incompreensões, das controvérsias; pedimos a graça que nos envie, com humildade e mansidão, pelas sendas desafiadoras mas fecundas da busca da paz. Amen!

 

Documentación completa del Vaticano (textos, videos): http://w2.vatican.va/content/francesco/it/travels/2014/outside/documents/papa-francesco-terra-santa-2014.html

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