Posted On 2013-12-20 In Francisco - iniciativos e gestos

Natal com Francisco

org. Jesus é Deus connosco! Deus inclina-se, desce sobre a terra pequeno e pobre, afirma o Papa Francisco na sua catequese de 18 de dezembro. A uma semana do Natal, o Papa Francisco considerou o nascimento de Jesus como “uma festa de confiança e de esperança, que supera a incerteza e o pessimismo”. Apesar do frio, bastantes peregrinos chegaram de distintas partes do mundo para participar da última Catequese do ano na praça de São Pedro. A presença de Deus no meio da humanidade não se realizou num “mundo ideal, idílico” mas “neste mundo real, marcado por tantas coisas, boas e más, marcado por divisões, maldade, pobreza opressões e guerras”, disse Francisco.

Publicamos o texto completo da catequese.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia:
Este encontro acontece no clima espiritual do Advento, ainda mais intenso pela Novena do Santo Natal, que estamos a viver nestes dias e que nos leva às festas natalícias. Por isso, hoje gostaria de refletir convosco sobre o Natal, o Natal de Jesus, festa de confiança e de esperança, que supera a incerteza e o pessimismo. E a razão da nossa esperança é esta: Deus está connosco e confia em nós outra vez! Mas pensem bem nisto: Deus está connosco e Deus acredita em nós! É generoso este Deus Pai hem? Deus vem morar com os homens, elege a Terra como a sua casa para estar junto ao homem e encontra-o ali onde o homem passa os seus dias na alegria e na dor. Assim, a terra não é apenas um “vale de lágrimas”, mas é o lugar onde Deus colocou a sua tenda, é o lugar de encontro entre Deus e o homem, da solidariedade de Deus com os homens.

Deus quis partilhar a nossa condição humana até ao ponto de chegar a ser um connosco na pessoa de Jesus, que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Mas há algo ainda mais surpreendente. A presença de Deus no meio da humanidade não se realizou num mundo ideal, idílico, mas neste mundo real, marcado por tantas coisas, boas e más, marcado por divisões, maldade, pobreza, opressões e guerras. Ele elegeu habitar a nossa história tal como é, com todo o peso das suas limitações e dos seus dramas. Ao fazê-lo, demonstra de maneira insuperável a sua inclinação misericordiosa e cheia de amor pelas criaturas humanas. Ele é o Deus connosco; Jesus é Deus connosco, acreditam nisto? (respondem sim) mas fazemos juntos esta confissão? Jesus é Deus connosco, todos!: Jesus é Deus connosco! Outra vez: Jesus é Deus connosco! Muito bem, obrigado! Jesus é Deus connosco! Desde sempre e para sempre connosco nos sofrimentos e nas dores da história. O nascimento de Jesus é a manifestação de que Deus “toma partido” de uma vez por todas pelo homem, para nos salvar, para nos levantar das nossas misérias, das nossas dificuldades, dos nossos pecados.

Daqui vem o grande “presente” do Menino de Belém: uma energia espiritual traz-nos Ele, uma energia que nos ajuda a não mergulharmos nas nossas canseiras, no nosso desespero, nas nossas tristezas, porque é uma energia que inflama e transforma o coração. O nascimento de Jesus, de facto, traz-nos a boa nova de que somos amados imensamente e individualmente por Deus, e este amor não só nos faz conhecê-lo, mas dá-no-Lo, comunica-O!

Da contemplação gozosa do mistério do Filho de Deus nascido para nós, podemos fazer duas considerações:

A primeira é que no Natal, Deus revela-se não como alguém que está no alto e domina o universo, mas como o que se inclina, Deus inclina-se! Desce à terra, pequeno e pobre, significa que para ser como Ele, não devemos sentir-nos acima dos outros, pelo contrário devemos baixar-nos, colocarmo-nos ao serviço, fazermo-nos pequenos com os pequenos e pobres com os pobres. Mas é feio quando se vê um cristão que não quer baixar-se, que não quer servir. Um cristão que se pavoneia por todos os lados, é feio isso, não? Esse não é um cristão! Esse é um pagão! O cristão serve, inclina-se! Vamos agir de tal modo que estes nossos irmãos e irmãs nunca se sintam sós!

Em segundo lugar: Se Deus, por meio de Jesus, se comprometeu com o homem para chegar a ser como um de nós, quer dizer que qualquer coisa que façamos a um irmão e a uma irmã é a Ele que o fazemos. Recordou-nos o próprio Jesus: aquele que alimentou, recebeu, visitou, amou um dos pequenos e dos pobres entre os homens, fê-lo ao Filho de Deus.

Encomendemo-nos à materna intercessão de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, para que nos ajude neste Santo Natal, já tão próximo, a reconhecer no rosto do nosso próximo, especialmente das pessoas mais vulneráveis e marginalizadas, a imagem do Filho de Deus feito homem. Obrigado.

Em espanhol, acrescentou:

Queridos irmãos e irmãs:
Aproxima-se já o Natal, hoje proponho pensar no nascimento de Jesus como expressão da confiança de Deus no homem e fundamento da esperança do homem em Deus.
O Verbo não se encarnou num mundo ideal, mas quis partilhar as nossas alegrias e sofrimentos, e demonstrar-nos que Deus se colocou junto dos homens, com o seu amor real e concreto. E nos “oferece” uma energia espiritual que nos sustém no meio das lutas de cada dia.
O Natal pode-nos fazer pensar em duas coisas. Primeiro: Deus inclina-se, faz-se pequeno e pobre. Por isso, se queremos ser como Ele, não podemos situar-nos acima dos outros, com vaidade, mas devemos colocar-nos ao serviço, ser solidários. Especialmente com os mais fracos e marginalizados, fazendo-os sentir assim a proximidade de Deus.
Segundo: já que Jesus, na sua encarnação, se comprometeu com os homens até ao ponto de se fazer um de nós, o tratamento que damos aos nossos irmãos e irmãs estamos a dá-lo ao próprio Jesus. Recordemos que “quem não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo 4,20).

Saúdo cordialmente os peregrinos de língua espanhola, em particular os grupos oriundos de Espanha, México, Argentina e outros países latino-americanos. Saúdo em especial a equipa de futebol San Lorenzo, que acaba de se sagrar campeão no domingo passado e veio trazer aqui a taça. Muito obrigado! Confio todos vós à proteção maternal de Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe. Que ela cuide de vós e vos encha de alegria e de paz. Muito obrigado.

Original: Espanhol – Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

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