Posted On 2013-08-24 In Francisco - iniciativos e gestos

Um Schoenstatt que sai às ruas

ARGENTINA, mca. Atenta aos reiterados pedidos do Papa Francisco, a Campanha da Argentina mostra como – sempre e quando se encarne o espírito do Sr. João, fiel à sua origem – dá uma resposta em todos os sentidos.  Daí o perigo de modificar ou tergiversar esse espírito impresso pelo Sr. João, tal como está refletido no Documento de Consenso 1989, aprovado pelo Conselho Geral: “A Campanha não é uma metodologia pastoral eficiente.  É um processo de vida surgido da irrupção de graças do Santuário, uma corrente arraigada em uma história concreta, ligada inseparavelmente à vida do Sr. João e à semente fecunda semeada pelo Padre Kentenich nesta terra e em seu coração”.

Apresentamos aqui, como inspiração a todos, a carta do Pe. Guillermo Carmona, Assessor Nacional da Campanha, um dos primeiros documentos – se não o primeiro – fora de schoenstatt.org, em clara sinaliza ao chamado e ao exemplo de Francisco e à vocação missionária de Schoenstatt. Ou seja, o Schoenstatt com selo de 2014. Com selo de Francisco e em aliança solidária com ele.

Caros Missionários da Campanha da Mãe Peregrina.

Neste mês, em que celebramos a festa da Assunção de Maria, venho até vocês para lhes enviar uma cordial saudação e algumas linhas inspiradoras.

Quero compartilhar com vocês uma inquietação que, ultimamente, está em minha mente e em meu coração: “A contribuição da Campanha aos acentos pastorais e eclesiais do Papa Francisco”. Tenho a certeza interior que nossa “esforçada Campanha” é uma grande resposta aos anseios do Santo Padre.  Começo me perguntando: “Quais são os recursos da Igreja que Francisco acentua especialmente?”.  Mais adiante vou colocá-los em relação com a Campanha.

Em primeiro lugar: é uma Igreja que sai ao mundo.  Igreja missionária.

Ele afirma em uma carta que enviou aos bispos argentinos, em abril:

“Uma Igreja que não sai, a curto e a longo prazo, fica enferma na atmosfera viciada de sua reclusão.  É verdade também que, com uma Igreja que sai às ruas, pode acontecer o que acontece com qualquer pessoa que sai às ruas: sofrer um acidente.  Diante dessa possibilidade, quero lhes dizer francamente que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada que uma Igreja enferma.  A enfermidade típica da Igreja fechada em si mesma é a auto-referência;  olhar para si mesma, estar curvada sobre si mesma, como aquela mulher do Evangelho.  É uma espécie de narcisismo que nos conduz ao mundanismo espiritual e ao clericalismo sofisticado, impedindo-nos de experimentar ‘a doce e confortadora alegria de evangelizar’”.

A Campanha é missionária por excelência.  Seus portadores são missionários e sua essência é sair, como Maria, a visitar, a ir aos lugares onde se faz necessária, para levar Jesus, a alegria, a redenção e a graça.

Em segundo lugar: é uma Igreja que vai para a periferia.

Francisco já tinha essa linha pastoral quando era Arcebispo de Buenos Aires.  A periferia deve ser entendida tanto em sentido geográfico como anímico: aqueles que estão longe do centro.  Aos sacerdotes, assim como aos Bispos, perguntava-lhes se tinham ‘cheiro de ovelha…’.  É preciso ir aos lugares afastados da fé e não ficar na sacristia ou envolvido nos despachos paroquiais.

A Campanha vai à periferia no duplo sentido: lugares distantes, onde o sacerdote e os agentes de pastoral não chegam.  Porém, visita também aqueles que estão afastados da Igreja, que estão afastados dos Sacramentos, mas querem a visita de Maria e a recebem com amor de filhos.

Terceiro: é uma Igreja que não discrimina e, portanto, serve a todos.

Causou-me impacto a resposta do Papa a um dos jornalistas que, em sua viagem de volta para Itália, lhe perguntou a respeito dos homossexuais: “Quem sou eu para julgá-los?”.  Sua linha pastoral é celebrar o batismo a todos que o desejem, acolher os casais em nova união, buscar as ovelhas perdidas: hoje, mais além das que estão dentro do redil.

A Campanha cumpre essa expectativa do Papa.  Não pergunta se as pessoas que a recebem estão em situação “regular”, se levam uma vida sacramental ou se são casados legalmente.  A Virgem ama todos eles.  Fico emocionado com a Campanha chegando para os encarcerados, para as mulheres grávidas, para os angustiados; inclusive, para pessoas de outras religiões, que estejam abertas para recebê-la.

Quarto: uma Igreja que testemunha a sua fé a todos.

Uma Igreja que não se cala, que não ‘fica na varanda’, como Francisco pediu aos jovens no Brasil.  Uma Igreja que não se amedronta diante das dificuldades do mundo e da rejeição de alguns.  É servidora da vida, do homem, e, portanto, de Deus.

A Campanha é “a pastoral do futuro”, dizia Padre Kentenich aos sacerdotes alemães, quando lhe perguntaram sobre o tema.  Os missionários testemunham sua fé, não se calam, sabem que Maria é a grande missionária e que, portanto, realizará milagres.  Serve à vida tanto dentro das paróquias (as mil Ave-Marias, por exemplo), como fora delas.

Quinto: é uma Igreja pobre e que vive a pobreza.

Não são necessárias muitas explicações.  Os muitos gestos do Papa e suas palavras indicam uma mudança substancial nesse aspecto da Igreja.  Entre os missionários da Campanha, encontramos pessoas de todas as condições sociais; em geral, pessoas humildes, mas com uma enorme fé.  Pobre é aquele que depende de Deus porque sabe que somente Ele tem a verdadeira riqueza.

Sexto: uma Igreja comprometida com os homens.

Novamente, o Papa aos bispos argentinos:

 

“A enfermidade típica da Igreja fechada em si mesma é a auto-referência;  olhar para si mesma, estar curvada sobre si mesma, como aquela mulher do Evangelho… Desejo a todos vocês essa alegria que, tantas vezes está unida à Cruz, porém que nos salva do ressentimento, da tristeza e da reclusão clerical.  Essa alegria que nos ajuda, cada dia, a sermos mais fecundos, doando-nos e desdobrando-nos no serviço ao santo povo fiel de Deus”.

A Campanha leva muito a sério esse compromisso com todos os homens, de todas as condições e em todas as circunstâncias.  Vejam a luz dessas modalidades, em especial quando serve aqueles que estão sozinhos e mais necessitados.

Sétima: é uma Igreja mariana e, por isso, muito respeitada por todos.

A prédica do Papa em Aparecida é de tal densidade mariana e de uma ternura filial tão profunda que comove. Maria tem que estar na nova evangelização, levando alegria, bondade, confiança, dedicação, estímulo, fidelidade generosa e humilde.  “A Virgem nos ensinará o caminho da humildade e o trabalho silencioso e valente que leva para a frente o zelo apostólico”(da mesma carta aos bispos).

A Campanha da Mãe Peregrina leva todos a Ela, atualizando Visitação, Caná de Galileia, Nazaré e Cenáculo.  Ela é a grande protagonista!

Claro, enormes coincidências.  Como podemos não colocar mãos à obra e sentirmo-nos especialmente motivados a cada dia!  Faço meu o final da carta de Francisco, que mencionei em várias passagens, para dizer-lhes, daqui do Santuário: “Que Jesus os abençoe e a Virgem Maria cuide de todos”.

Unidos sempre,

Pe. Guillermo Carmona

 

Tradução para o Português: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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