Posted On 2013-08-24 In Schoenstatteanos

Na comunidade dos crentes

ALEMANHA, dbk.de/mda. Com uma cerimónia festiva, a Arquidiocese de Friburgo e a Conferência Episcopal da Alemanha celebraram os 75 anos do Arcebispo Dr. Robert Zollisch em Friburgo. Participaram na celebração do aniversário mais de 400 convidados do âmbito da Igreja, política, sociedade, economia e meios de comunicação. O Arcebispo Dr. Robert Zollisch, membro do Instituto dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt, é Presidente da Conferência Episcopal Alemã desde 18 de fevereiro de 2008.

O Vice-Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Monsenhor Norbert Trelle, elogiou o trabalho do Arcebispo Robert Zollisch na Conferência Episcopal. “Interessado no diálogo, paciente e com grande estima pelos seus irmãos – assim é Robert Zollisch. Ele também gosta de disciplina e dirige os debates e as reuniões começando e terminando pontualmente”, disse o Bispo Trelle. Para o Arcebispo Zollisch, a paróquia é o “lugar normal da vida religiosa”. Na sua saudação, o Arcebispo Preboste Bernd Uhl descreveu a Igreja como “uma instituição divina, animada pelos dons do Espírito Santo”.

No seu discurso, o Ministro das Finanças, Dr. Wolfgang Schäuble, falou de uma Europa forte. “O Arcebispo Zollisch sabe pela sua própria história o que vale para o mundo tal Europa” disse Schäuble. “Se se pisam os valores comuns da Europa, temos que denunciar em conjunto esta situação. Só com os nossos valores seremos permanentemente fortes. Sem medida e sem centro, qualquer liberdade se auto-destrói”. Schäuble pediu encarecidamente por uma Europa Unida. “Apesar de todas as tentativas prematuras a este respeito, a ideia da união europeia não chegou ao fim. A Europa tem um acordo pacificador para o mundo”.

A comunhão na fé tem que ser convertida na missão pela fé

Durante a missa festiva na Catedral de Friburgo, o Presidente emérito do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, o Cardeal Walter Kasper, elogiou o Arcebispo Zollisch e o seu compromisso por uma Igreja que está ao serviço, que escuta e que peregrina. O lema episcopal do Arcebispo Robert Zollisch: “Na Comunidade da Fé”, influenciou muitas das etapas da sua vida. “A Igreja não é uma organização, não é uma associação. Ela significa para mim uma das mais antigas auto-denominações: comunidade dos crentes, ela encontra-se chamada a escutar a palavra de Deus e a ser sua testemunha”, disse o Cardeal Kasper. A primeira prioridade da Igreja e pela qual o Arcebispo Zollisch lutou sempre é “entregar de forma viva a mensagem libertadora e reconciliadora do Evangelho. A comunhão na fé tem que ser a missão pela fé. Equivaleria a abdicar se pensássemos que hoje em dia não podemos ganhar novos cristãos”, disse o Cardeal Kasper. Na Igreja e no mundo surgiu uma nova situação diaconal, “na qual não se trata apenas de pobreza material, mas de pobreza de relações e orientação, de solidão e isolamento, de pobreza mental e espiritual, de vazio interior até mesmo de desamparo interior”. Por isso a Igreja tem que ser uma Igreja que escuta, que trata de ver o mundo com os olhos do outro, uma Igreja misericordiosa. Cada um de nós, também nós bispos, dependemos de um Deus misericordioso e de pessoas misericordiosas” disse o Cardeal Kasper.

Na cerimónia de Friburgo, junto a numerosos membros da Conferência Episcopal Alemã, participaram para além do Núncio Apostólico na Alemanha, o Arcebispo Jean Claude Pérriset, o Presidente da Igreja Evangélica Alemã, Dr. Nikolaus Schneider, o Presidente da Conferência Episcopal Ortodoxa da Alemanha, Metropolitana Dr. Augoustinus e o Presidente do Comité Central dos Católicos Alemãos, Alois Glück.

As portas estão abertas!

Estes 75 anos do Arcebispo Robert Zollisch são uma oportunidade para recordar algumas das suas mais que claras palavras ao Movimento de Schoenstatt e tornar a escutá-las hoje:

Não necessitamos esconder-nos e podemos dar forma ao caminho do futuro da Igreja com confiança em nós mesmos. Parece-me, que às vezes nos esquecemos de que Schoenstatt é um movimento de renovação. O Padre Kentenich exige-nos com a sua saudação durante o Katholikentag em 1968, em Essen, como um legado, olhar o futuro, quando nos pediu para ir “Com Maria, alegres na esperança e seguros da vitória, rumo aos novos tempos!” Não só desde que sou bispo, já antes recebi por parte de muitos responsáveis nas paróquias, reconhecimento pelo compromisso dos schoenstattianos. Eles são fiáveis, simples e fiéis. Podemos contar com eles e muitas vezes são o apoio nas comunidades. O que raras vezes escuto é a força inovadora que emana de nós, o que era para o Padre Kentenich o objetivo fundamental ao falar da sua visão da Igreja. Tenhamos a coragem de abordar este objetivo do nosso Fundador! Sim, temos que dar à Igreja hoje uma mensagem moderna, quase desafiadora. Era esse justamente o desejo do nosso Pai e Fundador: não ficar preso ao passado e querer conservar tudo, mas observar como são conduzidos os conteúdos da fé nos tempos atuais e como se podem interpretar. Isto também o levou ao conflito com a Igreja, sem perder o seu amor por ela. E aí se reconheceu a tarefa de Schoenstatt, de construir a “Igreja das novas margens” e assim tornar realidade na Igreja a visão do Concílio Vaticano II. O desafio do 4º marco converte-se hoje numa possibilidade real. As portas estão abertas para nós.

Conferência com motivo do 40º aniversário da morte do P. Kentenich, 15/09/2008

Em muitos países, especialmente também aqui na Alemanha, o nosso movimento já não está em construção, já está estabelecido e ancorado. Com todos os benefícios que nos permitem atuar. Contudo, a isto está unido o perigo – um processo muito natural – de acomodação, de tornar-se imóvel, se possível deixar tudo como está. Isto está em contradição com o que o nosso Pai Fundador nos legou desde o princípio! O espírito profético, descobrir a vontade de Deus através das vozes do tempo, deixar-se levar pela fé prática da Divina Providência sem ter seguros. Tudo isto há que despertá-lo uma e outra vez! Olhar o futuro é o que importa!

Mensagem durante a abertura da Conferência 2014, 01/02/2009

Na Aliança de Amor damos forma à nossa vida diária como aliados de Deus e da Virgem Santíssima e podemos experimentar como estamos conectados por uma rede de alianças que nos permitem viver dela. Continuemos a tecer esta rede e convidemos outros a deixarem-se envolver nesta rede pela Virgem Santíssima, nossa “tecedeira de aliança”.

Mensagem durante a abertura da Conferência 2014, 01/02/2009

Dinamismo, a disposição de se pôr em marcha é o que nos é pedido, não queremos passar pela história como um dos tantos movimentos do séc. XX, mas devemos levar à Igreja a força da renovação e a visão profética do nosso Fundador! As portas estão abertas para nós, somos convidados a caminhar cheios de esperança no caminho rumo ao futuro e desta forma fazer um serviço essencial à Igreja. Chegou o momento; vejamos como podemos dar um novo impulso para a Igreja depois de cem anos da nossa fundação e renovarmo-nos interiormente para enfrentar os desafios do nosso tempo.

Mensagem durante a abertura da Conferência 2014, 01/02/2009

Através desta união com Maria, José Kentenich converteu-se na grande figura de pai, que tanto e a tantos tocou e que continua a tocar. Hoje, 100 anos depois da sua ordenação sacerdotal, ele continua atuando em nós e através de nós. Ele envia-nos para tornar viva a imagem de uma Igreja marcada pelo espírito, dinâmica e solidária. A imagem de uma Igreja que serve a vida das pessoas, que existe para as pessoas. A imagem de uma Igreja que é humilde e ao mesmo tempo cheia de dignidade interior. A imagem de uma Igreja que está cheia do Espírito Santo e que atua através da sua força e que por esse motivo se encontra em movimento e permanece viva. Estamos convidados e chamados a levar esta dinâmica justamente hoje à Igreja. Fazemos isto pelo nosso Pai e com ele. Ele deu-nos tanto. Ele quer atuar ainda mais na Igreja, que justamente o necessita tão desesperadamente: a renovação no Espírito Santo.

Jornada pelos 100 anos de ordenação sacerdotal do Padre Kentenich, 2010

Era a noite de 12 de setembro de 1964. Reuni-me com o Fundador em Milwaukee para uma longa caminhada e uma entrevista pessoal. Falámos de pontos distintos da história da Família e chegámos ao 31 de maio de 1949 e ao tema da teologia e da psicologia das causas segundas. Mas logo percebi: eu perguntava ao Padre Kentenich por coisas que há muito já se tinham passado. O que nesse momento interessava ao nosso Pai e o que me quis dar, era outra coisa. Para ele era claro: o Concílio Vaticano II era a grande mudança. Ele estava convencido de que agora se entenderia o que Schoenstatt era, agora chegava o grande desafio para nós. Falou do Papa João XXIII, o qual abriu amplamente as janelas e portas da Igreja, para que a Igreja caminhasse de novo para penetrar o mundo e reconhecer os temas do tempo atual. Ele explicou o que significa que a Igreja, essa rocha aparentemente firme, se tenha posto em movimento; falou inclusivamente da “rocha peregrina”. Uma rocha que se põe em movimento e que peregrina traz consigo enormes choques. Para o Padre Kentenich o importante era que o meu olhar se abrisse ao Kairós e o levasse rumo ao futuro. Olhar para trás significa determinar e agradecer. O olhar tem que ser para o futuro e isto é o crucial.

Conferência com motivo do 40º aniversário da morte do P. Kentenich, 15/09/2008

Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal


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