Posted On 2014-05-17 In Artigos de Opinião

Um mês para peregrinar da mão de Maria ao Santuário

SPAIN, org. Em seu projeto pastoral para o mês de maio 2014, o Diretor do Movimento de Schoenstatt da Espanha, Pe. Carlos Padilla, oferece à Família de Schoenstatt da Espanha e a todos os leitores de nossa página schoenstatt.org, um impulso importante e atual a serviço da vida e da peregrinação jubilar. Seu ponto de partida é o presente jubilar da Família de Schoenstatt da Espanha: formar uma rede de santuários vivos, uma rede de vida, uma rede missionária. No caminho a 2014, este mês é dedicado à peregrinação, ao que significa peregrinar.

Vivemos um ano de graça, um ano de vida em abundância

Somos peregrinos. Peregrinamos ao Santuário desde o começo deste ano de graças. Ali, Maria nos espera, nos educa, transforma nosso coração. Na realidade, peregrinamos desde que recebemos a fé, desde que o Senhor nos mostrou o sentido de nossa vida. Deus nos fez peregrinos. O peregrino começa seu caminho sabendo para onde dirige seus passos. Conhece a meta. Sonha com ela. Os peregrinos de Emaús voltavam para o lar deles. Porém, seus sonhos tinham se desfeito. Na realidade, os peregrinos de Emaús só se convertem em peregrinos quando deixam sua terra e voltam para Jerusalém. Antes, eram caminhantes sem esperança. Caminhar não é o mesmo que peregrinar. Aquele que caminha não tem clara sua meta, segue sem rumo. Peregrinar é caminhar rumo à eternidade. Há muitas paradas e muitos sonhos. Consiste em deixar a própria segurança, a própria terra e começar um longo caminho. Exige de nós deixar para trás os medos, o peso da vida, tudo o que nos amarra. Trata-se de ser capaz de deixar os planos, as posses, as tristezas e confiar plenamente no poder do Deus da vida. Deixar as chamadas ‘zonas de conforto’, nas quais queríamos estar sempre instalados. Sim, o peregrino deixa tudo e se põe a caminho. Sonha, espera, deseja, anseia, busca. O desejo se converte no motor de seus passos. Tem algo para entregar, tem muito para receber. Por isso, espera aquilo que ainda não possui. O peregrino tem claro para onde vai e sabe que sua vida começa com o primeiro passo. Não importa quanto tempo dure o caminho. O que importa é ter a força para dar o primeiro passo. E esse primeiro passo, muitas vezes, é o mais difícil.

Somos peregrinos. A Igreja é peregrina. Schoenstatt é um Movimento Apostólico de peregrinos

A Espanha é uma terra de santos peregrinos. O caminhar faz parte de nossa vida. Não queremos nos acostumar a um conforto estático. Peregrinar nos permite estar atentos, dispostos a buscar onde e como seguir o caminho. O peregrino vive o momento, lança raízes a cada passo, absorve com olhos de crianças a beleza do caminho. Cada parada, cada povo, cada instante, cada homem é importante, porque tudo e todos pertencem a Deus. Tudo pertence a Ele, e, por isso, o peregrino também. Tudo lhe importa, nada lhe é indiferente. Por isso é capaz de deixar os seus, aqueles que ama. Embora, ao mesmo tempo, nos os deixa, porque leva todos em seu coração, carrega na alma cada um deles. O peregrino sabe que, todos os dias, existem muitos momentos inesperados, muitas surpresas. Sabe para onde caminha, porem não se preocupa com o que virá, em tudo que lhe falta. Isso não é importante. O que conta é a etapa do dia, o preço do momento, o lar no qual vai passar a noite. O peregrino vive o caminho em plenitude, sabe que é o passo necessário rumo à meta. O caminho é longo e, por isso, a bagagem do peregrino é leve. Sabe que o caminho é difícil. Deixa tudo o que não precisa e, caminhando, sabe o que não lhe faz falta. Na vida, muitas vezes carregamos coisas demais. Vivemos angustiados pelo que temos pela frente. Sofremos. O coração se apega. Não quer perder nada do que lhe pertence. Guardamos, conservamos, possuímos, ficamos obcecados pelo medo de perder.

O peregrino olha sempre para o céu e, por isso, não vive sobrecarregado pelo que não pode controlar

Deus caminha em sua alma. Maria é sua companhia constante. Não tem medo. Confia. O peregrino tem os pés descalços, porque não se prende a normas nem a regras, porque não pretende impor a ninguém suas normas, suas decisões, seu modo de viver. As formas são importantes, porém podem nos prender e matar o espírito. Padre Kentenich nos lembra o essencial: “O espírito cria sua própria forma. A forma protege o espírito, porém também traz consigo o perigo de, com o tempo, consumir o espírito”. O formalismo pode nos estancar e tirar-nos as forças, pode nos tornar rígidos e nos levar a perder a misericórdia. Caminhar descalços tem seus riscos. Podemos sofrer pelo caminho. Podemos nos sentir inseguros e vulneráveis. Contudo, nos dá muita liberdade e nos faz respeitosos. Um peregrino descalço não impõe nada, apenas acompanha, mostra o vasto horizonte, dá alegria, compartilha sonhos. O peregrino nunca está sozinho, segue com outros peregrinos, constrói uma família. Busca sempre os pontos que unem, deixa de lado as diferenças. Busca acolher quem quer que chegue. Sustenta o fraco e acompanha o necessitado. O peregrino conhece a meta, porém não a mantém presa. Não tem que chegar em uma hora determinada. Confia que, logo que chegar, esse será o momento. É um peregrino do céu e faz que seu passo pela terra seja um pedaço de céu. O peregrino vive nas alturas, plantando raízes na terra. Ama, se enraíza, voa. Deus é quem dirige seus passos. É um alpinista de alturas. Por isso é que, neste ano de graças, queremos fazer de nossa vida um contínuo peregrinar. Peregrinamos ao Santuário todos os dias. E neste mês, em Madri, iremos de um Santuário a outro Santuário. É um pequeno símbolo. Queremos pedir a Maria que nos faça viver cada dia como peregrinos. Confiar como peregrinos. E, assim, fazer de nós peregrinos do céu.

Original em espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

0 Responses

  1. Lena Castro Valente says:

    Este sacerdote possui um dom singular o de ser capaz de "mergulhar" nos abismos insondáveis do Coração de Deus e de traduzir o que captou em palavras simples que tocam a própria vida. Ao lê-lo pensamos: "É isto mesmo, põe por palavras a vida que pulsa no meu coração". Como peregrina há tantos anos o que descreve o Pe. Carlos Padilla é o retrato fiel da essência e da vivência da PEREGRINAÇÃO.
    Obrigado
    Lena Castro Valente

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