Posted On 2012-05-26 In Schoenstatteanos

Emilie Engel: uma vida exemplar, reconhecida pela Igreja

ALEMANHA, Irmã Theres-Marie Mayer. Em 10 de maio de 2012, o Papa Bento XVI reconheceu as virtudes heroicas de Emilie Engel, membro do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt. Este reconhecimento significa que um servo de Deus viveu de modo exemplar e distinto todas as virtudes, por outra, as virtudes teologais: fé, esperança e caridade, as virtudes cardeais: justiça, prudência, temperança e valentia, assim como, os conselhos evangélicos: pobreza, castidade e obediência. Com a confirmação das virtudes heroicas, foi encerrada uma importante fase do processo da beatificação de Emilie Engel. Com isto, atingiu-se a antepenúltima fase para a beatificação, que ocorrerá depois do reconhecimento de um milagre, operado por intercessão da Serva de Deus. Desde sua morte, muitas pessoas do mundo inteiro têm recorrido a Emilie Engel, em suas múltiplas intenções e necessidades e experimentam notável auxílio. Contudo, falta ainda um milagre, operado por sua intercessão.

Para muitos, a vida da Irmã Emilie Engel tornou-se um encorajamento para, na oferta de inúmeras possibilidades, escolherem a opção da vida cristã e perseverarem outrossim nos momentos árduos da vida. Em sua vida, marcada de êxito, alegria e reiterados sofrimentos, experimentou que o “Sim, Pai!” à vontade de Deus em todos os momentos da vida torna a alma segura, livre e feliz. Uma vida bem sucedida e um caminho que conduz à felicidade, junto das demais opções que se encontram à nossa disposição. E tal experiência foi tão importante para a Irmã Emilie Engel que ela agora outrossim, em sua nova forma de existência, deseja acompanhar as almas que na Terra buscam a Deus e que a ela se dirigem confiantes em sua intercessão junto de Deus Pai.

Testemunho de uma vida feliz

Quem foi esta mulher que em vida deu resposta ao apelo divino de forma extraordinária? Uma mulher que, conforme seu nome, tornou-se um “anjo” para muitos, permitindo-lhes vivenciar a presença de Deus; uma mulher, cuja vida foi marcada por longos períodos de enfermidade, limitações e fraquezas, que, não obstante, fascina muitas pessoas, sendo já conhecida em trinta nações do mundo; uma vida que dá testemunho de um caminho que conduz a uma vida realizada e feliz. Amadurecida mediante muitos problemas internos e externos, Emilie Engel tornou-se uma personalidade autenticamente cristã.

Nascida em 1893, Emilie criou-se na pequena comunidade de Hustens, Alemanha, sendo a quarta dos doze filhos de uma grande família camponesa; a educação recebida de seus pais foi o alicerce para uma fé sólida, bem como, para o autêntico amor a Deus e ao próximo. Sem embargo, já desde tenra idade, as imagens de Deus como um juiz que castiga e recompensa, correspondentes à mentalidade da época, atormentavam-na. A preocupação de não poder realizar inteiramente a vontade de Deus, provocou nela uma consciência hipersensível que a inquietava.

Contudo, não deixava transparecer muito tais temores; pois era estimada como uma professora alegre, abnegada e engajada que, além de sua profissão, se dedicou, no meio do foco social da região do Ruhr, aos mais pobres e necessitados. Amar “os mais pobres com todo o calor humano” foi seu objetivo.

Em 1921, um novo mundo se abriu para Emilie, durante a primeira jornada destinada a senhoras, dada pelo Padre José Kentenich, Fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Já havia antes empreendido peregrinações a alguns lugares de peregrinação, levando sempre consigo suas necessidades espirituais; aqui, na Capela das graças de Schoenstatt, obteve uma resposta que lhe marcou resolutamente a vida. Sob a direção espiritual do Padre Kentenich, foi crescendo num novo mundo espiritual; sua imagem de Deus, qual legislador severo, foi corrigida e completada pela imagem de um Pai misericordioso que a ama de um modo bem pessoal e diante do qual ela tem de ser o que se tornou no batismo: filha de Deus. Gradativamente, foi-se libertando da aflição e do temor interior; na aliança selada com Maria Santíssima, o âmago da espiritualidade de Schoenstatt, consolidou-se a transformação interior. Nessa aliança selada com Nossa Senhora, cresceu nela, ao mesmo tempo, a consciência da responsabilidade pelo reino de Deus.

Ousadia e responsabilidade

E isso teve logo consequências para a sua caminhada profissional. A entrega total a Deus e aos homens impeliu-a a abandonar o professorado, que lhe dava certa segurança profissional; ela fazia parte dos membros da fundação da comunidade das Irmãs de Maria de Schoenstatt, fundada pelo Padre José Kentenich, em 1926. Logo assumiu tarefas de alta responsabilidade para a jovem fundação, como vigária geral, diretora de uma casa de assistência social, destinada a mulheres necessitadas e outrossim como mestra de noviças; acompanhou mais de 400 mulheres em sua caminhada para este instituto. Seu maior desejo era que a comunidade das irmãs pudesse oferecer santas à Igreja; por isso, quando jovem irmã, a Deus ofereceu-lhe a vida e prontidão de suportar todos os sofrimentos que Ele lhe enviasse; esta consagração, Deus tomou-a muito a sério.

Purificada no sofrimento

Em 1935, uma enfermidade – tuberculose – colocou término a seu empenho ativo em prol da nova fundação, volvidos nove anos de intenso trabalho. Com três cirurgias difíceis e fases de total isolamento e de solidão em diversos hospitais e sanatórios, a cura foi muito morosa.

Os árduos anos de sofrimento com inatividade absoluta e futuro totalmente inseguro tornaram-se para ela um período de purificação e de seguimento a Cristo, em que foi sempre descobrindo, com maior clareza, o amor de Deus e sua sábia condução. Lentamente, foi-se libertando de toda a própria vontade e planos e abandonou-se a Deus, sem reservas; teve de conquistar arduamente seu disposto “Sim, Pai!”, proferido à sua via sacra e a um vindouro incerto e suplicar em oração: “Certa estou de que não me deixarás cair nem sucumbir, senão para sempre me atrairás para o teu coração paternal.”

Seu desejo e vontade determinaram sempre mais seu pensar e agir; reconhecia que não se chega a Deus com a atividade externa, senão com o amor, qual resposta humana à vontade de Deus; porque interiorizou sempre mais em si esse conhecimento, foi capaz de escutar, com paz interior, os demais, aconselhá-los, consolá-los, motivá-los e fortalecê-los.

Conduzida por Deus

Em março de 1946, a Irmã Emilie assumiu a direção de uma das primeiras províncias da comunidade das Irmãs de Maria em terras germânicas; a desejo seu, a província recebeu o nome de Providência. Tal como ela própria o havia experimentado em vida de modo reiterado, devia ser outrossim viva nas irmãs de sua província a fé na Divina Providência; na penúria existencial dos anos pós-guerra, conduziu a comunidade com incomparável tranquilidade e certeza, com inabalável confiança, depositada na sábia condução de Deus e com amor ilimitado ao próximo, ao longo de todas as crises; e colocou suas irmãs à disposição para o serviço multiforme em prol do próximo.

Transcorridos oito anos de atividade prudente e copiosamente abençoada, Deus exigiu dela o desprendimento definitivo de tudo; em consequência de uma deformação da coluna vertebral, provocada pelas cirurgias pulmonares a que no passado fora submetida, lentamente foi-se inteiramente paralisando; apesar da crescente falta de forças, provinha dela uma grande irradiação; estava convicta de que Deus havia aceito sua consagração, de sorte que, até a morte, nada retirou de seu oferecimento; quando se encontrava sentada na cadeira de rodas, quase completamente paralisada e já não podia falar, escreveu em uma tabuinha o seguinte: “Ainda que o bom Deus não atenda nossa oração tal como é desejo nosso, tomo, contudo, o partido dele”. A boca silenciou-se-lhe, os olhos, porém, diziam mais; esses estavam espiritualizados e límpidos; estava convicta de que Deus sabe o que é melhor para nós. Em 20 de novembro de 1955, Deus aceitou o sacrifício da vida da Irmã Emilie. O grão de trigo caiu na terra e pôde dar fruto para a jovem comunidade e mais além (cf. Jo.12,24)

 

Fonte: www.schoenstatt.de

Tradução: Abadia da Ressurreição, Ponta Grossa, PR, Brasil

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *