Posted On 2014-04-17 In Jubileo 2014

Contraponto de Amor para todo o ódio e desumanidade no Mundo

ALEMANHA, fma. Há cem anos, no início da Primeira Guerra Mundial, o padre Joseph Kentenich fundou o Movimento de Schoenstatt como “um contraponto de amor com todo o ódio e desumanidade do mundo”. Estas foram as palavras de Bernhard Seidenath, deputado Alemão, no dia 6 de Abril de 2014, junto ao Memorial do acampamento de concentração de Dachau. O Pe. Kentenich passou mais de três anos como prisioneiro do regime nazista no campo de concentração de Dachau, e, como disse o Sr. Seidenath, ele trouxe aos seus “companheiros de prisão consolação, esperança e amor”. No meio de um ambiente que era hostil à humanidade e à vida, que ainda o faz arrepiar cada vez que visita Dachau, onde as atrocidades brutais superam o entendimento humano, ainda se podiam encontrar lampejos de esperança e pequenos milagres. Assim ele considerou as atividades do Pe. Kentenich neste este lugar até à sua libertação há 69 anos, precisamente neste 06 de abril.

O Movimento de Schoenstatt , na Baviera escolheu deliberadamente o dia 06 de abril como o dia em que o Símbolo do Pai para o Santuário Original devia ser levado para Dachau na sua peregrinação por todo o mundo, em preparação para o Jubileu da Aliança de Amor. A ideia teve origem na Diocese de Eichstadt, mas logo ficou claro que todas as dioceses da Baviera teriam que ser convidadas, como explicou Maria Kraus da equipe principal. Vieram peregrinos não só das dioceses da Baviera, mas também de Schoenstatt, de Ruhr e do Baixo Reno, neste dia quente e ensolarado. Com a presença dos jovens que trabalham em Schoenstatt para o 2014 jubileu, e dos alunos dos Padres de Schoenstatt da Índia, este dia assumiu um caráter internacional. Juntamente com os representantes políticos, da sociedade e da Igreja – entre eles o deputado Bernhard Seidenath e Rev Thomas Roemer, líder da juventude cristã de Munique – mais de 400 membros e amigos do Movimento de Schoenstatt reuniram-se no memorial Dachau para comemorar os cem anos da história de Schoenstatt neste lugar.

Deus entrou no inferno de Dachau

O deputado Bernhard Seidenath agradeceu ao Movimento de Schoenstatt por tornar possível para todas as pessoas fazerem aqui uma pausa e lembrou o que tinha acontecido neste dia aqui em Dachau. As suas palavras deram o mote para a abertura de meia hora na sala de cinema do memorial, que foi liderado por Martina Kraus e pelo Pe. Elmar Busse. O acompanhamento musical foi fornecido por Gertraud Wackerbauer. Na sua introdução, com a sala de cinema completamente cheia, o Pe. Busse recordou o artista surdo judaico, David Ludwig Bloch, que entrou no campo de concentração de Dachau, em novembro de 1938 – um dos 10,911 homens judeus aqui encarcerados após a “Noite dos Cristais partidos”. Ele só voltou à Alemanha em 1976. Após a sua libertação de Dachau, emigrou para a China e, depois para os EUA, e no seu regresso visitou o Memorial de Dachau. Ele expressou as suas experiências pessoais do Holocausto e de Dachau através da pintura; um dos seus quadros expostos no memorial mostra uma situação tipicamente humilhante em Dachau, a chamada na praça do acampamento. Ele mostra linhas cinzentas, de homens anónimos vigiados por cones triangulares fortemente iluminados. E no céu verde-cinza sobre Dachau ele sugere a presença de um símbolo triangular. É um símbolo que nas tradições judaica e cristã permanece como um sinal da presença e da ação de Deus. Também aqui neste lugar onde a desumanidade ainda clama aos céus por vingança. A pintura de David Ludwig Bloch pode ser vista, a convite da Família de Schoenstatt, nas dioceses da Baviera.

O “símbolo de Deus Pai”, que foi colocado numa das salas do Memorial durante o dia, e que na sua viagem por todos os continentes, ao longo destes quase cinco anos, representa uma realidade: Deus entrou no inferno de Dachau. Ele estava presente no meio deste “inferno” de ilegalidade, de infâmia nas pessoas indefesas que partilhavam alimentos, adquiriam vacinas, ouviam e incentivavam, que escondiam as pessoas dos ataques dos guardas, que contavam histórias para ajudar as pessoas a esquecer a fome, distribuiam tarefas e esperança a cada momento e, e às vezes, até conseguiam provocar um sorriso ou gargalhada. Eles mostraram que existe dignidade humana, mesmo quando as pessoas estão vestidas com trapos e apesar dos espancamentos, uma dignidade que ninguém nos pode tirar. O lema para o dia: “Você é valioso!” resumiu a mensagem como uma advertência e um desafio para nós não permitimos que nos roubem a nossa própria dignidade, e fazermos tudo o que pudermos para, pessoalmente, defender a dignidade de cada ser humano.

Hoje estamos colhendo os frutos do que aqui foi semeado

O Rev. Thomas Roemer do movimento da juventude cristã (YMCA), em Munique, que em resposta ao convite do Movimento de Schoenstatt veio acompanhado da sua esposa, lembrou que foi o encontro em Dachau do Pe. Kentenich com pastores evangélicos casados que lhe tinha fornecido o incentivo ao início da Obra Familiar no Movimento Apostólico de Schoenstatt. Como resultado do seu trabalho no movimento “Juntos pela Europa”, tem vindo a valorizar o Pe. José Kentenich, e especialmente a sua visão orgânica do mundo, que neutraliza as aberrações mecanicistas particularmente no pensamento europeu, e incentiva-nos a pensar e a viver de forma holística. Hoje podemos colher os frutos do que aqui foi semeado com sofrimento indizível, e experimentar como aquilo que o Pe. Kentenich semeou, fez e fundou há quase 70 anos, tem resistido ao teste do tempo. O Pe. Wolfgang Fischer, capelão dos idosos na diocese de Munique, falou sobre como lidar com o sofrimento, para o que o testemunho do Padre Kentenich em Dachau é um exemplo.

Num programa muito variado, todos os visitantes puderam apreciar os frutos do que foi semeado em Dachau, ou acompanhar a obra de Deus neste lugar de horror, meditando as Estações da Via Sacra, ou participando de visitas guiadas, filmes e discussões em grupo. Muitos aproveitaram a oportunidade para passar algum tempo junto do Símbolo do Pai na sala de exposições. Como disse Renate Immler de Kempten, “Nós estamos trazendo aqui todas as intenções da nossa Escola Joseph Kentenich.”

Algumas comunidades de Schoenstatt tinha organizado conferências ou seminários em Munique nesse fim de semana, por isso elas estavam bem representadas. Os membros do Instituto de Nossa Senhora de Schoenstatt vindas de Schoenstatt, de Stuttgart e de outros lugares tinham vindo a Munique, e as senhoras profissionais realizaram o encontro de fim de semana, em Munique. “Nós tomamos como certo que iríamos visitar Dachau quando o Símbolo do Pai lá estivesse “, disse Gabriele Sudermann de Dinslaken.

“Eu estava realmente à espera de muitos encontros surpresa”, comentou Hildegard Beck de Schoenstatt. Magdalena Grund confirmou as suas palavras: “Muitos schoenstatteanos de várias comunidades, dioceses e gerações, que raramente se encontram, reuniram-se hoje aqui e, obviamente, foi uma grande alegria.”

És precioso aos meus olhos

Perto das 03:00 o Símbolo do Pai foi levado da sala de exposições para a capela do Carmelo para a Santa Missa, que foi o clímax e o encerramento deste dia. Mais de dez sacerdotes de Schoenstatt concelebraram, e os estudantes da “juventude de Schoenstatt” em Munique acompanharam a missa com o seu canto e a música de Gertraud Wackerbauer. Hinos adequados e simples foram escolhidos para que todos pudessem participar; houve momentos de silêncio ou com música suave no Ofertório, em que todos puderam apresentar as suas ofertas a Dachau. As palavras “És precioso aos meus olhos …” foram seguidas como um fio condutor ao longo da celebração. Desta forma, a Santa Missa tornou-se um momento de encontro com Jesus Cristo, que estava presente em Dachau, na Eucaristia e no Santíssimo Sacramento, e que ainda hoje visita cada Dachau, na periferia de toda a sociedade deste mundo, no Santíssimo Sacramento, ou nos corações das pessoas que não têm medo de sair para o Dachau de hoje. Mesmo que este seja no local de trabalho , onde um colega é privado dos seus direitos e do bom nome. Você está lá!

Símbolo da solidariedade do Fundador com a sua fundação – hoje, no próximo século e mais além

O símbolo que o Pe. Kentenich deu à Família de Schoenstatt em 1967, representa a nossa fé num Deus que dá a cada ser humano uma dignidade que não pode ser racionalizada ou discutida, disse Pe. Elmar Busse no seu sermão. “Mesmo que o Pe. Kentenich ainda não tenha sido beatificado oficialmente, eu acredito que ele está com Deus, e que no céu ele passa o seu tempo, entre outras coisas, a interceder junto de Deus por nós, que o invocamos. Curiosamente este processo tem foi associado a este símbolo de Deus Pai nas suas viagens pelo mundo.”

“Assim, para muita gente, este símbolo tornou-se também um símbolo da solidariedade do Fundador com a sua fundação. O Pe. Kentenich intercede a Deus por nós, pela nossa redenção, pela nossa cura, pela nossa libertação, pela nossa capacidade de entrar em vinculações. Tal como no curso da sua vida em que Deus o levou para fora do seu estado não redimido, e permitiu-lhe tornar-se uma prova viva do seu amor redentor, assim, ele também quer ajudar-nos a cooperar de uma forma esclarecida , com a graça redentora de Deus. ” O Pe. Busse concluiu o seu sermão com as palavras “Na mensagem da conferência preparatória para o nosso Ano Jubilar, os representantes de 40 países formularam a seguinte frase: ” Com este símbolo, que representa o carinho e a orientação de Deus Pai ao longo da história, todos são convidados a vir ao Santuário original para celebrar o Jubileu 2014″. Quando partirmos para casa, podemos tomar como um incentivo surgido deste dia o lema: Descobrir e desenvolver a originalidade da vontade de Deus! Não permitir que destruam ou roubem a tua dignidade e a tua auto-estima, porque elas foram-te dadas diretamente por Deus! Acreditar na comunhão dos santos e dar às pessoas que já estão com Deus uma oportunidade de fazerem algo para ti!”.

Original: alemão. Trad.: José Cravo, Lisboa, Portugal

Video: www.schoenstatt-tv.de

 

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