Santuario de Bellavista, Chile

Posted On 2024-01-23 In Vida em Aliança

Gostaria que as minhas cinzas pudessem ficar em Bellavista…

Por Rafael Mascayano, Chile •

Num misto de dor e alegria, assistimos à páscoa da nossa querida Kiki Quiroz de Tagle, que na sua despedida foi velada na Igreja de Bellavista, para passar uns momentos em frente ao Santuário, visitar o túmulo de Mário e partir para um cemitério situado ao norte de Santiago… Como gostaria que os seus restos mortais tivessem ficado nesta terra que ela tanto amou e pela qual tanto se entregou! Para ir rezar junto dela, pedir a sua intercessão como ela fez aqui enquanto esteve connosco. —

Esta realidade renovou as conversas que a Nena (minha mulher) e outras pessoas tiveram em relação à decisão a tomar para o momento da nossa partida ou passagem para os braços do Senhor e da nossa Mater….

Já tomámos a decisão de sermos cremados e fizemos os preparativos necessários para que as nossas cinzas sejam colocadas num dos Columbários ou Memoriais do local onde fizemos os preparativos necessários. Achámos por bem, fazer este planeamento com antecedência e com a tristeza de não podermos deixar os nossos restos mortais no local que mais nos representa: o Santuário de Bellavista.

E porque é que não podem Estar lá os leigos e leigas que também foram exemplos de vida em Schoenstatt?

Sim, há as Irmãs que foram parte importante e semente deste Santuário; há também os nossos sacerdotes que também semearam e apoiaram a Família desde a sua juventude até à plenitude do seu sacerdócio; há também Mario Hiriart, um exemplo vivo do 31 de Maio, um Irmão de Maria que apoiou o Movimento no Chile (juntamente com outros) durante os tempos de divisão e enquanto se forjava a Cruz da Unidade. E porque não podem estar lá aqueles leigos que também foram exemplos de vida de Schoenstatt, exemplos de vida do 31 de Maio? São muitos aqueles cuja vida girou em torno do Santuário de Bellavista e que gostariam que os seus restos mortais ficassem na terra que tanto os acolheu e à qual tanto deram. Infelizmente nenhum deles está na terra de Bellavista.

Há alguns dias, um amigo comentou que tinha visto, em mais de uma ocasião, pessoas a deixar as cinzas dos seus entes queridos à volta do Santuário, de forma sub-reptícia, uma vez que não existe um lugar oficial, e o desejo é muito grande de que a Mater continue a olhar por nós e a acompanhar-nos para sempre. Crescemos na Juventude Masculina e Feminina de Schoenstatt, conhecemo-nos ali, casámo-nos neste lugar de graças, vivemos unidos a esta Família, não seria uma consequência necessária permanecer junto da Mãe e Rainha no seu Santuário? E esta é uma realidade partilhada pela grande maioria dos leigos e leigas que vivem cada dia unidos na Aliança de Amor.

Tumba de Mario Hiriart

Túmulo de Mario Hiriart – Fonte: www.schoenstatt.cl

Santuários abertos à vida

Fala-se muito hoje em dia que os Santuários de Schoenstatt devem ser “abertos à vida” que neles se entrega, da forte presença dos leigos em cada Família, de formas de “sinodalidade”. Não será tempo de os leigos e leigas do Movimento poderem também ter acesso aos lugares onde possam repousar as nossas cinzas? O lema destes 75 anos diz: “Vamos um no outro“, mas no fim dos nossos dias estamos separados… As Irmãs, os padres ficam lá, os leigos e leigas… não.

Proclamar a fé na Ressurreição

A Instrução Ad resurgendum cum Christo, 2016 e os esclarecimentos posteriores, falam-nos de:

“Também nos nossos dias, a Igreja é chamada a proclamar a fé na Ressurreição: ‘A Ressurreição dos mortos é a esperança dos cristãos; somos cristãos porque acreditamos nela” 1.

“Finalmente, a inumação dos corpos dos fiéis defuntos nos cemitérios ou noutros lugares sagrados favorece a recordação e a oração pelos defuntos por parte dos familiares e de toda a comunidade cristã, bem como a veneração dos mártires e dos santos”.

“Através da inumação dos corpos em cemitérios, igrejas ou áreas dedicadas, a tradição cristã tem guardado a comunhão entre os vivos e os mortos e tem-se oposto à tendência para ocultar ou privatizar o acontecimento da morte e o seu significado para os cristãos.

“A conservação das cinzas num lugar sagrado pode ajudar a reduzir o risco de retirar o defunto da oração e da recordação dos familiares e da comunidade cristã. Evita também a possibilidade de esquecimento, desrespeito e maus tratos, que podem ocorrer especialmente após a primeira geração, bem como práticas inconvenientes ou supersticiosas”.

Já temos a experiência concreta da construção de um Columbário ou Memorial no Santuário de Schoenstatt em San Fernando (Las Rosas), e porque não em Bellavista? Quando visitarmos o nosso Santuário de Bellavista, quando formos à Missa, poderemos rezar com tantos irmãos e irmãs leigos que deram a sua vida nesta Aliança de Amor com a Mater, e que são parte relevante da história sagrada da nossa comunidade de Schoenstatt, desta porção da Igreja de Cristo.

Será demasiado pedir que nestes 75 anos do 31 de Maio se possa pensar, deliberar e pôr em marcha a ideia de construir um Columbário ou Memorial em Bellavista?

Rodolfo, Guillermo, Kiki, Sergio, Kika, Cedric, Paul, Angélica, Ramón… e a tantos outros, obrigado pela vossa vida e que sejam um testemunho para todos os que vierem a esta terra santa, pois que o hoje de Bellavista foi construído com as vossas vidas, com as nossas vidas… Esperemos, com esperança em Cristo e Maria, que estas gerações e as vindouras, leigos e leigas, continuem a “viver” no nosso Santuário Cenáculo de Bellavista.

Original: castelhano (21/1/2024). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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