Santuario de Lisboa

Posted On 2023-12-06 In Vida em Aliança

O Santuário de Lisboa – Nihil Obstat

PORTUGAL, Lena Castro Valente •

O Santuário de Lisboa está viver um Ano Jubilar que assinala os 50 anos da sua Bênção, ocorrida em 15 de Setembro de 1974. Estes Marcos Históricos precisam de ser celebrados não somente como datas marcadas pelo calendário mas, com a revisitação da Vida que lhes deu origem. Ao voltarmos os olhos da alma e do coração para o caminho percorrido nestes 50 anos, desde a origem até hoje, seremos levados a “incendiar-nos”, de novo, por esta história que se fez Vida e, por esta Vida que se fez História porque está marcada com o selo de Deus. —

Continuamos, neste artigo, a fazer memória da Vida e da História que se seguiram após a decisão de fundar Schoenstatt em Portugal.

Schoenstatt proibido

D. Manuel Gonçalves Cerejeira, Cardeal-Patriarca de Lisboa (1929-1971) que proibiu Schoenstatt em Lisboa

D. Manuel Gonçalves Cerejeira, Cardeal-Patriarca de Lisboa (1929-1971) que proibiu Schoenstatt em Lisboa

Embora, de vez em quando, alguns sacerdotes de Schoenstatt passassem por Portugal o facto é que só podiam ter contactos individuais com os schoenstatteanos, nada de reuniões, nem de actos públicos.

Mas, a Divina Providência tem sempre um plano B. Quando pensamos que ao fundo do túnel não haverá luz, Ela encarrega-se de ir acendendo uma vela aqui, outra mais adiante, para que não mergulhemos na escuridão.

O Schoenstatt proibido em Lisboa, enfraquecido e visto com desconfiança no norte do país, não deixa de existir e consegue ir sobrevivendo com o, aparentemente, pouco que vai recebendo.

No entanto, no ano de 1970 a Mater encarrega-se de suscitar alguns acontecimentos que desencadearão uma nova evolução.

Em Junho de 1970 chega à Paróquia da Gafanha da Nazaré o Pe. Miguel Lencastre para tomar posse como Co-Adjutor devido à inacapacidade temporária do Pároco, Padre Domingos Rebelo em virtude de ter sofrido um acidente.

Esta vinda repentina do Pe. Miguel (encontrava-se na Alemanha a estudar e devia ficar ainda mais um ano), começou a querer abrir uma pequena porta neste acidentado edifício da fundação de Schoenstatt em Portugal.

O Pe. Miguel foi também proibido pela Comunidade dos Padres de Schoenstatt de falar do Movimento na Paróquia, em linha com a interdição da hierarquia portuguesa.

Na Paróquia da Gafanha, Schoenstatt era muito conhecido e apreciado devido ao trabalho incansável do Padre Domingos. O Pe. Miguel vai beneficiar de toda essa base já instalada para alcançar os fins que se tinha proposto.

Passa o resto do ano de 1970 a reunir os Padres e Seminaristas que já tinham tido contacto com Schoenstatt e vê, com alegria, a chegada providencial à Gafanha do Pe. Celestino Trevisan, seu colega de Curso. O Pe. Celestino já com uma idade avançada ainda não conhecia o Santuário Original, nem tudo o que tinha surgido em Schoenstatt. É, por isso, enviado à Europa e, a seu pedido, autorizado, posteriormente, a vir a Portugal, onde ficou alguns meses, em visita ao Pe. Miguel.

O Pe. Miguel estava proibido de falar de Schoenstatt mas, o Pe. Celestino não. Começou por falar numa Missa Dominical com o seu estilo simples e popular e o trabalho do Pe. Miguel com os sacerdotes recebe um fôlego novo.

Nesta vinda à Europa, o Pe. Celestino coincidiu em Schoenstatt com a sua prima Anita Trevisan e desafiou-a a vir a Portugal. Esta visita teve como consequência o estabelecimento das Unionistas em Braga. O Pe. Miguel não pára e convida as Irmãs de Maria para virem para Portugal e instalam-se na Gafanha da Nazaré.

Também no ano de 1970 acontece outro facto importante. O Símbolo do Pai andava em peregrinação pelo mundo a recolher Capital de Graças para preparar a próxima viagem do Pe. Kentenich a todos os países onde Schoenstatt estava implantado ( não chegou a acontecer porque o Pai e Fundador partiu em 15 de Setembro de 1968). O Símbolo entra em Portugal em 6 de Novembro.

Quando o Símbolo chega à Gafanha o Pe. Miguel recebe, com honras de Presidente da República a pessoa que o levou. No dia seguinte oferece-lhe um almoço no Palace Hotel do Bussaco (considerado desde 1917 um dos mais belos e históricos hoteis do mundo) como se fosse com o Pe. Kentenich.

É então, que o Pe. Miguel com o seu entusiasmo peculiar diz ao Pe. Domingos: “Hoje é um dia especial chegou ao nosso país o Pe. Kentenich”.

É também em torno deste Símbolo do Pai que a Família Portuguesa de Schoenstatt se reúne em Fátima no dia 13 de Dezembro de 1970.

Outro marco importante foi a vinda a Portugal do Sr. João Pozzobon trazendo a Mãe Peregrina Original que lhe tinha sido entregue pela Ir. Teresinha Gobo. Vai com Ela ao Carmelo de Coimbra onde vivia a Ir. Lúcia e lá rezam um Terço. Tendo a Imagem permanecido junto da Ir. Lúcia.

Tal como, tinha acontecido nos anos 60, surge, de novo, a Nossa Senhora Apressada, que parece querer recuperar o tempo perdido e, de repente, tudo se desencadeia em ritmo acelerado.

Símbolo de Dios Padre

Símbolo de Dios Padre, desde 2014 en el Santuario Original, en Schoenstatt. Es un regalo del P. Kentenich al Santuario Original.

Nihil Obstat

D. António Ribeiro Cardeal-Patriarca de Lisboa (1972-1998), levantou a proibição a Schoenstatt

D. António Ribeiro Cardeal-Patriarca de Lisboa (1972-1998), levantou a proibição a Schoenstatt

Infelizmente, o Movimento continuava proíbido em Lisboa. Temos, no entanto, razões para acreditar que, no Patriarcado se começava a repensar a situação de Schoenstatt.

O Pe. Miguel, cujo pai era amigo de D. Manuel Cerejeira, já tinha, em tempos, pedido para ser recebido por ele, para lhe pedir o fim da proibição. Mas, a resposta que obteve foi:”Miguel a Diocese é tua, o Patriarcado é teu, mas Schoenstatt…tens que terminar com isso. Schoenstatt não…Se quiseres vir apenas como Padre, tens a porta aberta, como schoenstatteano, não”.

Em 22 de Abril de 1968 realiza-se no Brasil, em S. Paulo um almoço em homenagem a D. Manuel Cerejeira, Cardeal-Patriarca de Lisboa, o mesmo que tinha proíbido o Movimento em Lisboa, e que tinha ido nessa altura ao Brasil acompanhar a Virgem Peregrina de Fátima.

Nesse almoço, na Casa de Portugal, estavam presentes, entre outros os Padres, Miguel Lencastre e António Lobo que, exerciam o seu ministério no Brasil. Referindo-se aos dois e ao Movimento disse-lhes:”Temos que rever a vossa situação em Portugal”.

O Cardeal Cerejeira pede a resignação ao cargo de Patriarca de Lisboa em 1966 (por imposição da Santa Sé), só a 10 de Maio de 1971, o papa Paulo VI aceita, sendo substituído por D. António Ribeiro.

Com a mudança do Cardeal-Patriarca esta nova atitude em relação a Schoenstatt tem um rápido desenvolvimento no sentido do levantamento da proibição.

D. António Ribeiro toma posse em 29 de Junho de 1971 e, um mês depois, em 29 de Julho, recebe, em audiência o Pe. Humberto Anwandter. Em 4 de Fevereiro de 1972 recebe os Chefes da Família e, de novo, o Pe. Humberto no dia 22 do mesmo mês.

Em 25 de Maio de 1972 recebe, em audiência, o Instituro de Nossa Senhora de Schoenstatt, levanta a proibição, concede licença para a vinda de Padres de Schoenstatt para Assessores e autoriza a construção do Santuário de Lisboa.

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