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Posted On 2021-02-04 In Vida em Aliança

Santa Cruz do Sul: Nova audiência e uma tentativa de acordo

BRASIL, Luciana Rosas •

Ao acompanhar todo o desenvolvimento da situação em relação ao fechamento do Santuário de Santa Cruz do Sul é inevitável questionar-se para que e para quem, efetivamente, é construído um Santuário de Schoenstatt. A bênção de um Santuário é um ato apostólico, que envolve toda a comunidade, não somente os responsáveis jurídicos. Sendo assim, é possível discordar completamente da carta aberta enviada pelas Irmãs de Maria na qual alegam que o fechamento do Santuário se dá porque não cumpre sua missão. Ao observar toda a movimentação da comunidade, os posicionamentos através da imprensa, os abaixo-assinados de tantas pessoas do município (e de outros lugares) e o envolvimento direto da prefeita da cidade e do Ministério Público, percebe-se que o Santuário cumpriu e segue cumprindo sua missão. O Santuário é defendido pela comunidade e pelas autoridades do município enquanto por parte das autoridades de Schoenstatt o único que se ouve é um silêncio que ensurdece.—

Abrindo um novo capítulo desta discussão, em fevereiro o Ministério Público realizará nova audiência entre as partes envolvidas na polêmica sobre o fechamento do Santuário de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, na tentativa de se firmar um acordo.

Santa Cruz do Sul

Nova audiência pública em fevereiro

Segundo matéria publicada veículo Gaz em 27 de janeiro de 2021, no dia 11 de fevereiro o Ministério Público irá realizar audiência entre o município de Santa Cruz do Sul (Rio Grande do Sul) e representantes do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, as quais são as portadoras jurídicas do Santuário e estão envolvidas na crise que se estabeleceu na Família de Santa Cruz do Sul após o fechamento do Santuário e a retirada do quadro da MTA, altar, estátua do padre José Kentenich, os quais foram colocados em uma casa situada no centro da cidade.

A audiência contará também com representação do grupo da Família de Schoenstatt Santa-cruzense que é contra o fechamento do Santuário e a mudança do local onde está situado atualmente.

O grande objetivo da audiência é estabelecer um acordo entre todas as partes interessadas, uma vez que a intenção inicial de venda do terreno e o desmonte do Santuário para reconstrução em outro lugar, a ser definido pelas portadoras jurídicas, foram vedados pelo Ministério Público, uma vez que – segundo a mesma reportagem: “… o espaço havia sido doado pela Prefeitura de Santa Cruz do Sul e o templo foi erguido com o auxílio da comunidade (….) a cedência da área por parte do Município para a instituição religiosa deve cumprir uma função social, como consta no próprio documento de cedência. Dessa maneira fica vedada a venda de um espaço público, mesmo cedido a terceiros.”

Santa Cruz do Sul

Irmãs fazem exigência para cogitar reabrir o Santuário

Segundo a mesma matéria, as Irmãs de Maria teriam aceitado reabrir o Santuário em dias e horários pré-agendados, mas com a condição de que “ a Prefeitura concorde com a cedência do imóvel às religiosas, para que a área seja permutada no futuro por um novo espaço, sem o impedimento do Ministério Público e do poder público municipal”, condicionante esta que não deve aceita, por se tratar de fato incerto. O Ministério Público trabalha para a reabertura imediata do Santuário, uma vez que no momento o mesmo não está cumprindo a finalidade de interesse público do imóvel.

No dia 28 de janeiro, a Ir. Rosequiel Fávero, Assessora de Comunicação da Província Sul do Instituto das Irmãs de Maria no Brasil, concedeu entrevista à rádio Gazeta. Nesta entrevista deixa claro que a decisão de desconstruir o Santuário no local onde está é irreversível por parte do Instituto, inclusive ressaltando que os itens do Santuário, que foram retirados e estão atualmente na casa localizada no centro da cidade, não serão levados de volta caso o Santuário volte a ser aberto, mesmo que somente para missas do dia 18.

Afirmou, como na carta aberta, que o “Santuário não está mais cumprindo sua missão” no local onde está, sem deixar claro o que isto significa exatamente. Em seguida define que o sentido da existência de um Santuário é para que “haja peregrinação, que seja um local de oração e uma escola de formação para o Movimento de Schoenstatt”. Novamente ressaltou que a questão da falta de segurança é um fator chave para a decisão do Instituto de fechar o Santuário, bem como o fato de viverem neste local apenas duas irmãs que estavam muito tensas e preocupadas pela insegurança.

A Ir. Rosequiel também abordou a questão de diferentes pontos de vista jurídicos e segundo ela, inclusive, há uma linha jurídica que entende que “estaria tudo correto, estamos com a escritura na mão e poderíamos fazer o que quiséssemos” e por isso há a necessidade, segundo ela, de se abrir o diálogo.

Resposta à entrevista

Na sexta-feira, dia 29 de janeiro, foi publicado no jornal Gaz um comunicado do grupo que é contra o fechamento e transferência de local do Santuário “tijolo por tijolo”, em resposta à entrevista dada pela Ir. Rosequiel à rádio no dia anterior. Neste comunicado afirmam:

Temos confiança no promotor, dr. Érico Barin e na prefeita Helena Hermany, que certamente tomarão a decisão justa e correta, de acordo com as leis, a pedido da maioria do povo santa-cruzense e de cidades vizinhas… em outras cidades, com dificuldade de deslocamento e insegurança, que existe em todo lugar, o povo vai pela fé, pela devoção, subindo quantidades de degraus e estes lugares nunca foram mudados de lugar”.

 

Falta de respostas

Schoenstatt.org em consonância com sua missão de abrir todas as frentes de diálogo e discussão, em liberdade, procurou o diretor nacional do Movimento de Schoenstatt do Brasil, Pe. Vandemir Meister, para abrir espaço sobre um tema importante e sensível para o Movimento de Schoenstatt, especialmente do Brasil. O contato realizado através de e-mail no dia 28 de dezembro de 2020 não obteve retorno até o presente momento.

No dia 11 de janeiro de 2021 foi publicada uma nota oficial assinada pelos presidentes do Conselho da Família de Schoenstatt de Santa Cruz do Sul e, em seguida, o membro do Conselho da Família de Schoenstatt de Santa Cruz do Sul, Sr. César Ricardo Leuckert, Representante do Movimento do Terço dos Homens, renunciou ao seu lugar no Conselho por não concordar com a forma de condução do assunto junto à Família de Schoenstatt. Em sua carta pode-se ler claramente sobre o descontentamento manifestado:

O motivo deve-se a discordância pela transferência do local (…) Tirá-la (a MTA) de lá devido à falta de procura, insegurança, custos e transporte nos faz pensar que o acesso a sua Casa está sendo limitada por algumas pessoas (…) Agora, estamos saindo de um lugar sagrado, em meio aos menos favorecidos para nos apresentarmos em outro local, mais aprazível. Quem fará a educação, formação e evangelização nas periferias, que eu tenho certeza que Jesus iria preferir estar? (…) É meu sentimento, e com certeza, de muitas outras pessoas que se sentiram traídas, pois não participaram deste processo, pessoas participantes assíduas, que muito se dedicaram ao Santuário para vê-lo crescer, pois não foi participado a eles o processo de transferência com bastante antecedência.”

Schoenstatt.org entrou em contato com os presidentes do Conselho e encaminhou algumas perguntas com o objetivo de tornar mais claros e tangíveis os argumentos apresentados na nota oficial. A resposta foi um agradecimento “pelo interesse” e que tudo já estava dito na referida nota oficial.

Aproveitamos este espaço para publicar as perguntas encaminhadas e que não foram respondidas, para ciência de toda a Família de Schoenstatt:

Tendo em vista o choque da Família de Schoenstatt Internacional em relação à transferência do Santuário de Schoenstatt de Santa Cruz do Sul, as diversas manifestações contrárias sobre a forma como o assunto tem sido conduzido pelo Instituto das Irmãs de Maria, portadoras jurídicas do Santuário, e a nota oficial assinada pelos senhores e publicada no dia 11 de janeiro de 2021 no veículo www.schoenstatt.org.br, schoenstatt.org gostaria de convidá-los a responder algumas perguntas com o objetivo de fornecer maiores esclarecimentos sobre o assunto, não apenas para a Família de Schoenstatt do Brasil, mas também para a Família de Schoenstatt Internacional.

 O conteúdo das perguntas e suas respectivas respostas serão publicadas no site www.schoenstatt.org e traduzido para dois idiomas (espanhol e alemão), facilitando assim o acesso às informações.

 Nosso objetivo é fornecer espaço para todos os lados envolvidos no assunto, trabalhando assim para a transparência e o espírito de corresponsabilidade familiar.

  1.  Conforme postagem no facebook do Santuário de Santa Cruz do Sul no dia 08 de janeiro às 22:39h, foi realizada reunião com o Conselho Diocesano da Família de Schoenstatt de Santa Cruz do Sul com a participação do Pe. Clodoaldo Kamimura, Diretor da Central Regional de Assessores do Movimento de Schoenstatt. Desta reunião supõe-se que surgiu a nota divulgada no dia 11 de janeiro de 2020. Na pauta desta reunião, conforme informação apurada, constava um ponto de discussão sobre possíveis soluções para o local, o que acabou não ocorrendo. Qual o motivo de não ser feita tal discussão? Para esta reunião, foram também convidadas as pessoas que apresentam argumentos divergentes dos apresentados na nota oficial?
  2. A nota oficial diz “… no entanto, as várias propostas de solução, que surgiram ao longo do tempo, foram analisadas uma a uma (algumas implementadas) e chegamos à conclusão que elas não resolveriam a situação complexa que abrange a realidade local do nosso Santuário. Deus nos pedia mais do que isso…”. Quais medidas que efetivamente foram analisadas e quais foram implementadas e quais foram os critérios de mensuração para que a conclusão fosse de que “não resolveriam a situação complexa”?
  3. Nesta mesma nota ofical afirma-se que: “Os integrantes do Movimento de Schoenstatt de Santa Cruz do Sul participaram das tratativas em torno à mudança de endereço do Santuário de Schoenstatt em Santa Cruz do Sul.  Isto aconteceu não somente nas reuniões do Conselho Diocesano, mas também através de assembleias abertas a todos os integrantes do Movimento que desejassem participar. Em algumas destas reuniões participou também o Diretor da Central Regional de Assessores do Movimento de Schoenstatt, Pe. Clodoaldo Kamimura. Todos tiveram a oportunidade de manifestar sua opinião e apresentar propostas. Todas as opiniões foram ouvidas e valorizadas.” Como se justifica então o fato, por exemplo, de um integrante do mesmo Conselho da Famíllia pedir seu desligamento no dia 12 de janeiro de 2021 alegando que ele e “… muitas outras pessoas que se sentiram traídas, pois não participaram deste processo, pessoas participantes assíduas, que muito se dedicaram ao Santuário para vê-lo crescer, pois não foi participado a eles o processo de transferência com bastante antecedência”?
  4. Nestas discussões foi levantada a possibilidade de administração do Santuário por uma comissão de leigos, uma vez que um dos grandes argumentos apresentados seria a idade das Irmãs que vivem no Santuário e a falta de vocações da Provîncia? Se sim, qual o motivo de não ser acatada a proposta?
  5. Qual é a posição, como presidentes do Conselho da Família, frente a ausência das portadoras jurídicas na reunião realizada na Câmara de Vereadores do município no dia 14 de dezembro de 2020? Não seria o momento adequado para apresentar de forma transparente os estudos e as conclusões para a comunidade da família de Schoenstatt e do município de Santa Cruz do Sul?
Romaria 2018

Romaria 2018

A grande questão

A questão que fica é:

Sendo expressamente necessária a autorização da Presidência Internacional para toda e qualquer construção de Santuário em qualquer lugar do mundo, parece não ser necessária a autorização de nenhuma autoridade do Movimento de Schoenstatt (a não ser dos próprios interessados diretos) para a sua desconstrução.

Aguardamos a audiência do dia 11 de fevereiro e permaneceremos como veículo atento a todas as situações importantes do nosso Movimento de Schoenstatt.

Santa Cruz do Sul

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