Madrugadores Península Ibérica

Posted On 2023-06-18 In Madrugadores

Jornada de Madrugadores da Península Ibérica

ESPANHA/PORTUGAL, Pe. Bladimir Navarro •

Finalmente chegaram os tão esperados dias do Encontro de Madrugadores, em 9 e 10 de junho de 2023, no Santuário de Schoenstatt de Valldoreix, em Barcelona. Foi maravilhoso que pessoas de Portugal, Madrid, Tarragona, Barcelona e Girona tenham vindo a este primeiro encontro; e um Madrugador que vive a 300 metros do Santuário também veio, embora se contássemos o número de vezes que ele veio para preparar tudo, somaria alguns quilómetros. —

Este pequeno milagre de Nossa Senhora foi preparado pela nossa parte com um total de 570 “Confio (RC  632)“, rezados um por dia por cada um dos participantes desde, pelo menos, o dia 3 de Maio. “Confio em teu poder, em tua bondade, em ti confio com filialidade. Confio cegamente em toda a situação, Mãe no teu Filho e na tua protecção.”

O primeiro encontro

No dia do primeiro encontro, havia curiosidade e alegria nos nossos olhos por conhecer os nossos colegas da Madrugada e partilhar as nossas experiências de grupos semelhantes em diferentes latitudes. Verdadeiramente, o Espírito Santo e a capacidade dos portugueses de compreenderem e de se fazerem compreender, mesmo em “portuñol”, deram-nos uma ajuda para que pudéssemos comunicar sem qualquer inconveniente.

A Mesa Eucarística

Na primeira Eucaristia celebrada pelo Pe. Bladimir, invocámos o Espírito Santo para que Se derramasse sobre nós e nos tirasse a venda dos olhos, para reconhecermos Deus e os outros como nossos próximos e também para compreendermos que um Madrugador não pode caminhar sem a Eucaristia.

Conscientes da nossa fragilidade, confiámos o estado das nossas almas ao Senhor e pedimos-lhe que “fique connosco, Senhor, porque está a escurecer”. No momento da comunhão, foi muito emocionante fazer a comunhão sob as duas espécies, pois muitos não o tinham podido fazer desde antes da pandemia. Este momento foi o primeiro “M” dos Madrugadores, a Mesa Eucarística.

A mesa da amizade

Celebrámos então o segundo “M”, a mesa da amizade e da fraternidade, com omeletas de batata com chistorra, fiambre, queijo, pa amb tomaquet (prato catalão) e algumas garrafas de vinho tinto; nada a invejar às celebrações na aldeia gala de Astérix.

Depois do jantar em fraternidade e desejando que as horas tivessem muito mais do que apenas 60 minutos, reunimo-nos à volta do nosso melhor amigo, o primeiro e mais importante Madrugador, Jesus Eucaristia, para O adorar. De joelhos pedimos-Lhe, quase gritámos “Fala comigo Senhor, o teu servo escuta”, “Cura-me… Unge-me… Ama-me…”, “Faz-nos terra fértil…”, “Faz-nos terra fértil…”, “Faz-nos terra fértil…”. “, “Faz de nós terra fértil da Tua palavra”, “Obrigado pela tua paciência para connosco”, “Torna-te o Rei da nossa vida”, “Entra nas profundezas da nossa apatia, raiva, máscaras e reina para sempre em nós”, “Tu és o Rei da minha vida, o primeiro, o grande conquistador”, “Por favor, conquista o meu coração de vez” e o Pe. Bladimir, levado pelo Espírito Santo, disse a cada um de nós uma destas mensagens.

Madrugadores Península Ibérica

Peregrinação à Ermida do século IX

Neste ambiente, deitámo-nos tarde e levantámo-nos cedo, como não podia deixar de ser, para rezar o Terço e subir à Ermida construída no século IX, dedicada à Mare de Deu de la Salut del Papiol. Depois do Terço, descemos da Ermida num ambiente de silêncio e recolhimento para a Missa das 8 horas, onde reflectimos sobre o Evangelho da viúva que deu duas pequenas moedas no templo, que era tudo o que tinha. Deus multiplica o que damos quando nos custa, mesmo que só possamos dar um pouco.

Depois da Missa, de novo o “M” da grande mesa da amizade e da fraternidade com um pequeno-almoço apoteótico de um Madrugador de origem navarra: Butifarra amb mongetes, ovos, churros, tinto peleón e muito café.

Os traços do Madrugador

Madrugadores Península IbéricaDepois do pequeno-almoço tivemos um momento de formação pelo venerável e douto Rafa Muñoz, que depois de invocar o Espírito Santo através da oração do Pe. Kentenich “Espírito Santo, Tu és a alma da minha alma (RC 639) “, partilhou connosco um testemunho pessoal do qual emergiu como corolário a extrema importância do reencantamento na vida, que é não perder o primeiro amor pelas pessoas que Deus colocou em relação connosco.

Para isso, devemos, em primeiro lugar, fazer uso de uma atitude contínua de frescura espiritual, ou seja, manter a nossa relação com as pessoas fresca e saudável através da simplicidade de espírito. E, quando as desilusões e as contrariedades nos chegam, dizer “apesar de tudo”, há pessoas boas. Deus está presente neste facto, mesmo que de forma velada, mantemos os ideais mesmo que os factos provem o contrário.

Vemos nas nossas vidas que é radicalmente impossível agir desta forma apenas com as nossas próprias forças. Sem Deus, nada podemos fazer quando o tédio, a desilusão e as contrariedades estão presentes na nossa história pessoal e comunitária. Por isso, só podemos ancorar-nos no Senhor, para o que é indispensável assegurar pelo menos um momento diário de oração, para que o nosso coração se torne uma esponja em vez de uma pedra-pomes. Procurar o Deus da Vida na nossa vida. Parar, rezar, preparar e manter o nosso coração sensível, delicado e, assim, pedir a Deus que nos inscreva no Seu coração.

Rafa Muñoz propõe como ideal do Madrugador:

Ser um místico: é a atitude de procurar na nossa vida a experiência do divino. Ver Deus em tudo e em todos. É preciso ter calma, senão a vida leva-nos.

Ser profeta: procurar ver com os olhos de Deus e projetar o olhar de Deus sobre as pessoas que nos são confiadas.

Ser um sismógrafo (instrumento que detecta o movimento do solo), muitas vezes impercetível para as pessoas. Portanto, é ter delicadeza com as pessoas que me foram confiadas para detetar esses pequenos movimentos antes que se tornem verdadeiros terramotos. O Pe. Kentenich expressou-o como “ter a mão no pulso do tempo e o ouvido no coração de Deus“.

Transformar as nossas casas em conventos de leigos, ou seja, numa comunidade de pessoas onde Deus é o centro.

Tornarmo-nos fontes de água viva. À medida que a nossa intimidade com Deus aumenta, através da oração e da participação nos Sacramentos, tornamo-nos fontes de água viva para os outros.

Sentindo-se vitorioso, Jesus deu-nos a vida eterna através da sua Paixão. Esta é a razão da alegria mais importante e mais plena. Estar convencido deste dom e querer partilhá-lo.

Só para homens

Madrugadores Península IbéricaDepois da intervenção muito interessante de Rafa Muñoz, tivemos uma ligação do Chile com o fundador dos Madrugadores, Octavio Galarce.

Octavio explicou-nos como começou este carisma no Chile, em Março de 1989. Nasceu com simplicidade e não responde a nenhum tipo de planeamento estratégico. Surgiu simplesmente como um lugar de entrega de Capital de Graças, como um espaço de oração e de partilha. Deus suscita pessoas e grupos que depois abençoa. Como cronologia deste carisma, podemos dizer que os primeiros 10 anos foram de silêncio. Os 10 anos seguintes foram anos de grande expansão, aproximadamente 120 comunidades em paróquias. Depois de 20 anos da fundação, pensámos em como cuidar e como organizar. Atualmente, existem entre 8000 e 10000 Madrugadores no mundo.

Como espiritualidade, responde aos 3Ms

Primeiro M: Missa, Mesa Eucarística, Adoração. É importante deixar espaço para o silêncio. É laico, não está condicionado à presença de um padre.

Segundo M: Mesa, espaço de partilha.

Terceiro M: Mundo, Missão. O esforço de viver a fé. Ir para a periferia.

Como fundamentos dos Madrugadores temos 8 princípios:

1º Madrugar, no início do dia.
2º Só para homens.
3º Oração, Eucaristia.
4º A frequência dos encontros é de 15 em 15 dias, sábados às  7 h.
5º Crescer comunitariamente.
6º Originalidade, não há estructura rígida.
7º Apostolado.
8º Ampla liberdade, não há chefes.

Para concluir o encontro, fixámos a data e o local da próxima reunião em Aveiro, Portugal. De 31 de Maio de 2024 a 2 de Junho de 2024.

Madrugadores Península Ibérica

Original: castelhano (16/6/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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