Santa Maria

Posted On 2023-11-03 In Campanha

De Santa Maria não se volta o mesmo

PARAGUAI, Letizia González de Kubina •

Voltámos recentemente, o meu marido Gustavo o nosso filho e eu, da primeira peregrinação a Santa Maria, Brasil, levada a cabo pela União Apostólica de Famílias do Movimento de Schoenstatt do Paraguai, mas a verdade é que voltámos fisicamente; o nosso espírito continua lá, a alegria continua intacta, porque como se diz “quem vai a Santa Maria, não volta o mesmo”. —

Ouvi esta frase há alguns anos atrás, quando ainda estava a começar a mergulhar no Movimento e apaixonada por Nossa Senhora, decidi fazer o curso de três dias para me tornar missionária da Campanha da Mãe Peregrina. Pela primeira vez, nessa altura, ouvi falar do Santuário Tabor e da Campanha da Mãe Peregrina e, claro, também de João Luís Pozzobon.

Recebi a minha Mãezinha, na modalidade “a vida que começa”, ou a “branquinha”, como também é chamada, comecei a missionar com Ela, mas uma coisa ficou pendente no meu coração, conhecer Santa Maria e saber porque “de Santa Maria não se volta o mesmo”.

A oportunidade surgiu, inscrevemo-nos na viagem, preparámo-nos com entusiasmo, mas à medida que a data de partida se aproximava, os contratempos e as dificuldades da vida quotidiana colocavam barreiras. Deixámos a viagem nas mãos da Mater, se fosse a nossa hora de partir, as coisas seriam arranjadas de acordo com a vontade do Pai, bem, assim foi, pudemos partir para o nosso destino, com algumas preocupações e assuntos pendentes, mas partimos.

Posso testemunhar que, desde o momento em que entrámos no autocarro, sentimos o espírito de peregrinação, irmãos e irmãs unidos em Aliança que iam ao encontro da nossa Mãe.

Gostaria de relatar a peregrinação passo a passo, mas faltar-me-iam as palavras e talvez a minha memória me pregasse uma partida, pelo que prefiro centrar este relato em seis aspectos que me tocaram intensamente e que me atrevo a relatar no plural, pois tenho a certeza de que todos os peregrinos partilham o mesmo sentimento.

Os pormenores

Deus está presente nas nossas vidas de diferentes formas, em Schoenstatt falamos de instrumentalidade, de causas segundas, pois bem, toda a organização da viagem, pela mão de Mirta e Julio Patiño e Kathia Monrreale, do Padre Martin Gomez e das Irmãs do Centro Mariano de Santa Maria, nos presenteou com suaves carícias do nosso Deus Pai e da nossa Mãe Santíssima.

Cada pormenor foi preparado de forma tão orgânica. Para cada lugar e cada momento eles tinham um presente único para nós, os peregrinos, que não era apenas algo material e tangível, mas eram tão oportunos, tão humanos, tão simples que tocavam a alma.

No autocarro, ofereceram-nos um repertório de filmes sobre a vida dos santos, que nos tocou profundamente, e partilhámos vários Terços meditados, acompanhados de cânticos animadores.

O Centro Mariano, onde ficámos alojados, com o seu asseio e ordem, convidava-nos a levar uma vida simples mas ordenada segundo a vontade de Deus.

A pontualidade e a organização com que cada visita era planeada e orientada pela Irmã fez-nos sentir filhos de Deus.

Destes pormenores guardo esta reflexão, o Deus Uno e Trino e a Mater estão presentes onde reina a harmonia, a ordem e a simplicidade.

O asseio do Centro Mariano, a paz que se respirava naquele lugar, lembrava-me a alma de um penitente que acaba de receber o perdão no sacramento da reconciliação, que é limpa e pura. Missa no Ca’aro

Conhecer o Ca’aro

Foi uma mais-valia, um presente extra, pouco ou nada sabia deste lugar santo, lugar do martírio de São Roque González de Santa Cruz, Juan del Castillo e Alfonso Rodríguez.

Chegámos muito cedo na sexta-feira de manhã, depois de termos viajado toda a noite, e vivemos a primeira Missa da peregrinação no Santuário de Ca’aro.

Entregámos o nosso coração no lugar onde o fogo não conseguiu consumir o coração do primeiro santo paraguaio. “Estamos a pisar Terra Santa”, foram as palavras do Padre Martín.

O padre responsável pelo lugar recebeu-nos com tanta bondade e simplicidade, o seu sorriso e o seu calor fizeram-nos sentir acolhidos e amados.

Que presente inesperado foi conhecer o Ca’aro…um agradecimento póstumo ao nosso querido Padre António, por ter sido um dos precursores para que este justificado desvio no caminho do Tabor fizesse parte da peregrinação…Padre António, naquele local dedicámos-lhe um momento especial.

Sitio de martirio de San Roque González de Santa Cruz.

Sitio do martírio de San Roque González de Santa Cruz

Mário Hiriart

Pouco sabia eu do “Servo de Deus” Mário Hiriart, schoenstatteano, que estudou na casa de formação de Santa Maria. Com as histórias do Padre Martin, pudemos aproximar-nos dele, da sua vida, da sua dedicação. O compromisso de saber mais sobre a sua vida é um dos objectivos da peregrinação.

Santuário Tabor

A Irmã Márcia, que nos aguardava em Santa Maria, ficou encarregada de reviver cada um dos momentos do Pai em cada uma das visitas que ele fez ao Santuário de Santa Maria, Santuário que ele mesmo abençoou. Percorremos cada lugar, desde seus aposentos, o poço de água onde recebia os que vinham conversar com ele, os degraus que pisava, o altar onde celebrava Missas, a escrivaninha onde terminou de escrever a Epístola Per Longa de 31 de Maio e depois enviava ao Padre Tick, que deu origem à formação da Obra das Famílias no Movimento de Schoenstatt.

As graças do Santuário já não são teóricas, mas entram por todos os poros da pele. Sentirmo-nos filhos, sim, mais do que nunca, porque a nossa Mãe nos esperou e nos recebeu com tanto carinho, através de tudo o que vivemos, tocou os corações, cada um dos 32 corações que chegaram ao seu encontro, segundo o que cada um necessitava na intimidade do seu ser e depois enviou-nos para o mundo renovados, comprometidos com a missão.

Renovación del bautismo

Renovação do baptismo

Os Sacramentos

Somos schoenstatteanos, mas antes somos católicos. Schoenstatt é a nossa forma de viver a Igreja de Cristo, nesta peregrinação reencontrámos esta Igreja peregrina e com a renovação dos nossos Sacramentos nascemos de novo, renovámos as nossas promessas baptismais, a nossa Confirmação, os nossos votos matrimoniais e todas as Eucaristias que vivemos durante estes dias de céu deixaram-nos com mais fome, com o desejo de receber a comunhão não só todos os Domingos, mas mais vezes.

Obrigado Padre Martin por nos ter dado o dom do seu sacerdócio, por ter vivido a sua vocação de uma forma tão desinteressada e por nos ter dado a possibilidade de receber Jesus dentro de nós na Eucaristia.

João Pozzobon

“Quando compreendi a Missão, a minha entrega foi total”, obrigado, João Pozzobon por esta frase, obrigado por nos ensinares a santificarmo-nos no nosso trabalho, na nossa vida quotidiana, por fazeres do cultivo máximo do espírito uma realidade no estado em que vivemos. Sim, João Pozzobon, cultivaste o teu espírito como homem de família, marido, pai, trabalhador, usaste o trabalho como meio de santificação.

Obrigado por nos mostrares com um exemplo silencioso mas forte e firme que o céu se alcança através dos Sacramentos, do Terço e pela mão de Maria.

Obrigado por teres dado a Schoenstatt a Campanha da Mãe Peregrina. A Campanha da Mãe Peregrina “é o coração que bate dentro do Santuário”, não foi em vão que o Pai Fundador deu o seu pleno aval a esta iniciativa.

A emoção e o ar de santidade que se experimenta ao entrar na casa museu de João Pozzobon, onde um gesto tão pequeno como levar o café todas as manhãs à esposa na cama, conversar com os filhos depois do jantar, ter sempre um doce para os mais pequenos que acompanhavam os pais à sua loja, educar os clientes no cumprimento das suas palavras e no pagamento das suas dívidas, que homem justo, que coração de cavalheiro. Chamaste-te burro de Nossa Senhora, mas não há burro mais sábio do que tu. Obrigado João Luiz Pozzobon.

Depois de mencionar estes seis aspectos da nossa inesquecível peregrinação, basta dizer que em Santa Maria o Natural e o Sobrenatural se tornam um só. Homens que ouviram o chamamento de Deus e compreenderam a sua missão evangelizadora, Homens que, olhando para o mundo sobrenatural, tiveram a coragem de olhar com os mesmos olhos para o mundo natural, agora entendo porque de Santa Maria “não se volta o mesmo”, porque ali Schoenstatt se torna palpável, é um caminho de conversão.

A peregrinação a Santa Maria é um retiro itinerante, que leva a alma do peregrino ao coração do Movimento, um lugar que guarda tanta história, um lugar que nos enche de orgulho, um lugar ao qual, sem dúvida, se pode voltar uma e outra vez e que continuará a renovar-nos em cada visita, porque não há duas experiências iguais, porque Cristo faz novas todas as coisas.

Santa Maria

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Fonte: Revista Tuparenda digital

Original: castelhano (2/11/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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