Posted On 2014-02-16 In Francisco - iniciativos e gestos

Em estado permanente de missão

MÉXICO/ARGENTINA, mda. “Aparecida propõe colocar a Igreja em estado permanente de missão, realizar atos de índole missionária sim, porém, em um contexto mais amplo de uma missionaridade generalizada: que toda a atividade habitual das igrejas particulares tenham um caráter missionário, na certeza de que a saída missionária, mais que uma atividade entre outras, é paradigma, ou seja, é o paradigma de toda a ação pastoral. A intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade itinerante, supõe um sair de si, um caminhar e semear sempre de novo, sempre mais além. ‘Vamos a todos os lugares, pregando às aldeias vizinhas, porque para isso eu vim’, dizia o Senhor. É muito importante para a Igreja não encerrar-se em si mesma, não sentir-se já satisfeita e segura com o que já conseguiu. Se assim acontecer, a Igreja se adoece, se adoece de abundância imaginária, de abundância supérflua, se fecha e se enfraquece. É preciso sair da própria comunidade e atrever-se a chegar às periferias existenciais que precisam sentir a proximidade de Deus. Ele não abandona ninguém e sempre mostra sua ternura e sua misericórdia inesgotáveis – é tudo isso que precisamos levar a todas as pessoas”. – Mensagem sempre atual do Papa Francisco aos participantes do encontro “Nossa Senhora de Guadalupe, estrela da Nova Evangelização no continente americano”, realizado de 16 a 19 de novembro de 2013, do qual participou o Dr. Carlos Eduardo Ferré, Diretor do Centro de Estudos da Doutrina Social da Igreja “João Paulo II”; ele é da Argentina e membro do Movimento de Schoenstatt. No contexto de suas atividades em torno do aniversário da eleição do Papa Francisco, schoenstatt.org entrevistou Dr. Ferré, também a respeito desse encontro em Guadalupe, seu impacto para toda a Igreja e o significado da mensagem de Francisco.

Quem participou desse encontro e qual foi a meta do mesmo?

O encontro no México, convocado pela Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), contou com a presença de aproximadamente 80 cardeais e bispos, 120 sacerdotes, religiosos e religiosas e 150 leigos.

Entre os cardeais, destacou-se a presença do Mons. Quellet, da Congregação dos bispos, Rivera Carrera (México), Sean O’Malley (Boston), Rodríguez Maradiaga, presidente do G8, Robles Ortega (Guadalajara), Dolan (Nova York), López Rodríguez (Santo Domingo), os presidentes do CELAM: Aguiar Retes e da Conferência de Bispos dos EUA. Entre os bispos, D. Tempesta (Rio de Janeiro), Ramos Krieger (Bahia/Brasil), José Gómez (São Francisco), Lara Barbosa (Campo Grande/Brasil), Charles Chaput (Filadélfia), Ulloa Mendieta (Panamá), Moronta (São Cristóvão/Venezuela), Brenes Solorzano (Managua), Arregui Yarza (Guayaquil), Ulrich Steiner, Secretário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e D. Arancedo, Presidente da Conferência Episcopal Argentina. Entre os religiosos, destacou-se a presidente da Confederação Latino-americana de religiosas, Ir. Mercedes Casas Sánchez.

O Congresso cumpriu os dois objetivos propostos. Foi uma autêntica peregrinação no sentido do lugar, que teve oração e liturgia, a constante reflexão sobre o acontecimento de Guadalupe, presente em todo o encontro, e o espírito de conversão que inspirou o Congresso em si, suas conferências e as discussões nos grupos – realmente enriquecedoras. O trabalho foi muito intenso, em um clima particular de comunhão, como os momentos de graças que a Igreja vive.

As conferências se encontram na página da Pontifícia Comissão para América Latina.

O Papa Francisco não esteve fisicamente no encontro. Como você viveu a presença dele?

Um momento muito especial foi o presente de uma rosa de ouro que o Papa mandou para a Virgem.

As referências de Francisco, a graça que sua nomeação tem sido para a Igreja e as moções para não deixá-lo sozinho, colocando-se ativamente à sua disposição, assim como a necessidade de que todas as instituições, ordens e movimentos eclesiais se renovem estiveram presentes em 95% das exposições.

As palavras da mensagem de Francisco foram dirigidas especialmente aos bispos, os quais foram novamente chamados a uma conversão pastoral. Insistiu que a Igreja precisa ter espírito missionário, na importância de colocar em marcha a missão continental não apenas nos atos, mas também em seu paradigma, que deve impregnar a ação de toda a missão e o dever de sair ao encontro das periferias existenciais. Fez um apelo à criatividade. “Não se pode continuar dizendo sempre fiz assim”. Renovou suas críticas ao clericalismo e disse que os bispos não são príncipes nem funcionários.

Aos religiosos, incentivou-os a recuperar o carisma de seus fundadores. Não falou dos leigos. Em minha opinião, nos colocou em papel de testemunhas do Povo fiel, da autocrítica que fez, quando nos notificava que se os bispos produzem essa mudança, toda a comunidade deve seguir atrás de seus pastores. Não haveria mais lugar para igrejas privadas.

Francisco fala tantas vezes da cultura do encontro. Como isso foi vivido nesse encontro?

O desafio de reunir católicos de todo o Continente foi grande; mas acredito que houve êxito na mesma proporção. Houve menção aos irmãos do norte, o que antes não acontecia; ao mesmo tempo, foi reconhecida que a imigração hispânica é uma bênção para a Igreja dos EUA, mas não tanto para o Canadá, que está vivendo uma situação semelhante à europeia. Houve pedidos de ajuda dos irmãos do norte para, ali, haver a formação da Doutrina Social da Igreja, em relação à qual se reconhecem muito atrasados.

O que mais tocou você pessoalmente?

Enfim, estas são as minhas primeiras impressões a respeito do Congresso. Agradeço a Deus por ter podido participar e confesso que, talvez pela primeira vez, compreendi profundamente o acontecimento de Guadalupe. Isso foi para mim motivo de conversão e de muita esperança na Missão continental e na unidade continental. A mesma impressão teve um grupo de argentinos, com os quais compartilhei esses dias.

Acredito que devemos nos colocar sob a proteção de Maria de Guadalupe, rezar muito e seguir trabalhando incansavelmente.

Original em espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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