ARGENTINA, mda. “Como todos os anos, depois de ficar na fila, falo com vocês. Talvez tenha ficado na fila com o coração. Estou um pouquinho longe. Não posso compartilhar com vocês este momento tão lindo, quando vocês estão caminhando para encontrar a imagem de São Caetano”, destacou o Papa Francisco em sua mensagem aos milhares de devotos que fazem fila para entrar no santuário de Liniers, bairro de Buenos Aires, santuário esse dedicado a São Caetano. “O lema escolhido por vocês fala de outro encontro”, disse ele. “Com Jesus e São Caetano vamos ao encontro dos mais necessitados”, enfatizou na mensagem transmitida pelo Canal 21, do arcebispado de Buenos Aires, por um telão instalado em frente à igreja. A “cultura do encontro” – Francisco, em sua mensagem, voltou a chamar assim aquilo que ele vive e que abre os corações de tantos fieis e não fieis…
“Ele ia todos os anos celebrar a Missa; começou dizendo que, ainda que à distância, peregrina conosco. É tão lindo vê-lo sempre tão perto de nós, em nossas datas importantes. Ele não se esquece de seu povo, é uma emoção muito grande, todos choravam com sua mensagem”, comenta uma pessoa de Buenos Aires. Foi como aconteceu com seu telefonema a todos os milhares de fieis reunidos na Praça de Maio, no dia que assumiu o pontificado… Uma proximidade sem medo de amar demais. Lembra as vítimas da explosão de um edifício no bairro de Rosário e saúda um sacerdote muito doente, da cidade de Tucumán… Mostra que Deus quis presentear um pai para seus filhos… e os homens mostram que não há nada de que precisam mais do que o amor incondicional de um pai. Foram instrumentos do Espírito Santo os dois que, na Favela, o chamaram ‘pai Francisco’.
E esse pai convoca para uma cultura de encontro
No dia sete de agosto, o bairro de Liniers, em Buenos Aires/Argentina, está em festa; celebra-se São Caetano, patrono do pão e do trabalho. Desde a meia-noite do dia anterior, em compridas filas, as pessoas esperam para entrar no Santuário, para fazer sua oração a São Caetano, pedindo pão e trabalho, ou agradecendo as graças que receberam. A fervorosa espera é desgastante; espera-se por horas, cresce a ansiedade por parte de seus devotos; alguns estão acampados há um mês, com o objetivo de poder chegar até o altar e, ao menos, tocar o vidro que protege a imagem, fazer sua oração, pedir a intercessão. O Cardeal Jorge Mario Bergoglio sempre esteve junto com os peregrinos, “depois de ficar na fila” com eles. Este ano também – e convocou todos para viverem uma cultura de encontro… de encontro real com os mais necessitados. É uma cultura da aliança, de Aliança de Amor. Não um slogan. Real.
“Quando o Papa Francisco foi nomeado, dei meu testemunho sobre o que ele sempre nos dizia nos retiros de Caritas; lembram-se disso? “Você olha a pessoa nos olhos, lhe estende sua mão, etc.,”?. “É o que agora ele pede a todos…”, disse Cecilia Mata, de Buenos Aires.
“Em um semáforo de Córdoba, está sempre um jovem rapaz em cadeiras de rodas, a quem eu simplesmente não olhava, nem lhe dava alguns centavos…”, conta Juan Barbosa, de Córdoba. “Depois de ler a meditação de Francisco a respeito da esmola, comecei a dar-lhe algo e faço questão de olhar nos olhos dele… O sorriso que ele me dá vale muito mais do que aquilo que lhe dou e sua ‘amizade espontânea’ me alegra durante o tempo que fico parado no semáforo… Além disso, como tenho andado bastante ‘para melhorar o físico’, também passo por esse semáforo a pé; aí nos cumprimentamos aos gritos e sempre com um sorriso. Como, muitas vezes, nos custa pouco sermos melhores!”.
Vídeo da mensagem do Papa Francisco na festa de São Caetano
Boa tarde!
Como todos os anos, depois de ficar na fila, falo com vocês. Desta vez, fiquei na fila com o coração.
Estou um pouco longe e não posso compartilhar com vocês este momento tão lindo, quando vocês estão caminhando para encontrar a imagem de São Caetano. Para que? Para encontrar-se com ele, para encontrar-se com Jesus. Porém, hoje, o lema dessa peregrinação, lema escolhido por vocês, escolhido entre tantas possibilidades, hoje o lema fala de outro encontro e diz: “Com Jesus e São Caetano vamos ao encontro dos mais necessitados”.
Fala do encontro com as pessoas que precisam mais, com aquelas que precisam que lhe estendamos a mão, que olhemos para elas com carinho, que compartilhemos sua dor ou suas ansiedades, seus problemas. Porém, o mais importante não é apenas olhar de longe para elas ou, de longe, ajudá-las. Não, não! O importante é ir ao encontro. Isso é ser cristão! Isso é o que nos ensina Jesus: ir ao encontro dos mais necessitados. Como Jesus que sempre ia ao encontro das pessoas. Ele ia encontrá-las. Sair ao encontro dos mais necessitados.
Às vezes, eu pergunto a uma pessoa:
– Você dá esmolas?
Ela me responde: “Sim, padre”.
– E quando você dá esmolas, você olha nos olhos da pessoa para quem está dando?
– “Ah, não sei, nem percebo isso”.
– Então, não há encontro. Apenas lhe deu a esmola e foi embora. Quando você dá uma esmola, você toca na mão dele ou apenas lhe atira a moeda?
– “Não, atiro a moeda”
– Você não o tocou, e se você não o tocou, você não se encontrou com ele.
O que Jesus nos ensina é, primeiro, o encontro; e, no encontro, ajudar. Precisamos saber nos encontrar. Precisamos edificar, criar, construir uma cultura do encontro.
Tantos desencontros, desencontros na família, sempre! Desencontros nos bairros, desencontros no trabalho, desencontros por todos os lados. E os desencontros não ajudam. A cultura do encontro. Sair para encontrar. E o lema diz: encontrar os mais necessitados, ou seja, aqueles que precisam mais do que eu. Daqueles que estão em mau momento, pior do que o momento pelo qual estou passando. Sempre existe alguém que está pior, não é verdade? Sempre existe alguém. Então eu penso: estou passando por um mau momento; fico na fila para me encontrar com São Caetano e com Jesus, e depois saio para me encontrar com o próximo, porque sempre existe alguém que está pior que eu. É exatamente com essas pessoas que precisamos nos encontrar.
Obrigado por me escutar; obrigado por estarem aqui hoje; obrigado por tudo que levam no coração. Jesus ama muito vocês! São Caetano ama vocês! Apenas lhes pedem uma coisa: que se encontrem! Que saiam e busquem e encontrem aquele que está precisando mais! Porém, não sozinhos! Com Jesus, com São Caetano!
Vou querer convencer o outro a se tornar católico? Não, não, não! Vá encontrá-lo, ele é seu irmão! E isso basta! Você vai ajudá-lo – o resto, Jesus faz, o Espírito Santo faz.
Prestem atenção: com São Caetano, os necessitados, vamos ao encontro dos mais necessitados. Com Jesus, os necessitados, os mais necessitados, vamos ao encontro dos mais necessitados. E tomara que Jesus lhe mostre o caminho para você se encontrar com quem precisa mais. Seu coração, quando você encontrar com aquele que precisa mais, vai se alargar, alargar, alargar! Porque o encontro multiplica a capacidade do amor. O encontro com o outro alarga o coração! Ânimo! “Mas não sei como fazer”. Não, não, não! Com Jesus e com São Caetano! Que Deus os abençoe e que terminem bem o dia de São Caetano.
E, por favor, lembrem-se de rezar por mim. Obrigado.
(CdM,RC-RV)
Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil
