Sínodo sobre sinodalidade, comunicado de imprensa •
Na sexta-feira 31 de Março de 2023, a etapa continental chegou oficialmente ao fim: a segunda etapa do processo sinodal e com ela também o tempo da consulta em larga escala do Povo de Deus. Após a Etapa Local (diocesana e nacional), a inclusão de um tempo de escuta, diálogo e discernimento entre as Igrejas da mesma área geográfica representou outra novidade deste processo sinodal. —
Esta nova etapa não se limitou à celebração de sete assembleias continentais, mas foi um verdadeiro processo de escuta e discernimento a nível continental, sobre a mesma e única questão do processo sinodal como um todo, nomeadamente, Como é que este “caminhar juntos” que permite à Igreja proclamar o Evangelho, de acordo com a missão que lhe foi confiada, está a ser realizada hoje nos diferentes níveis (do local ao universal)? (DP n.º 2).
Sete assembleias continentais
De acordo com o princípio de subsidiariedade, a organização desta parte do processo e das respectivas assembleias sinodais continentais foi confiada a Comités Organizadores locais (ou task forces), na sua maioria pertencentes às Reuniões Internacionais das Conferências Episcopais ou às Igrejas Católicas Orientais. Contudo, um grupo de trabalho especial da Secretaria Geral do Sínodo acompanhou os seus trabalhos. Os responsáveis da Secretaria Geral do Sínodo e o Relator Geral da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos asseguraram a presença de pelo menos um deles em cada assembleia continental como testemunho da proximidade e do desejo da Santa Sé de ouvir as Igrejas particulares.
As sete assembleias que, desde o início de Fevereiro até ao final de Março, marcaram este momento do caminho sinodal, foram todas assembleias eclesiais, ou seja, representativas do Povo de Deus (bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas, leigos). O seu objectivo era responder às três questões contidas no DEC (nº 106) publicado a 27 de Outubro (para mais pormenores). Os participantes tentaram primeiro identificar as “ressonâncias” suscitadas pela leitura do DEC, e depois indicar as tensões e prioridades. Foi reconfortante ver como os participantes nas assembleias continentais se encontravam nos caminhos indicados no DEC, obviamente cada um a partir da sua própria perspectiva eclesial e cultural, por vezes muito diferente. O fruto das suas discussões reflecte-se no Documento Final que cada Assembleia produziu como contributo para os trabalhos da primeira sessão da Assembleia do Sínodo dos Bispos de Outubro (4-29 de Outubro de 2023).
Estes documentos foram o fruto de um caminho autenticamente sinodal, respeitador do processo que tem tido lugar até agora, reflectindo a voz do Povo de Deus do Continente. Estes 7 documentos continentais constituirão a base do Instrumentum Laboris, o documento de trabalho para a primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Cabe agora à Comissão Preparatória, criada pela Secretaria Geral do Sínodo, (para mais pormenores) organizar o grupo de trabalho convocado para a sua elaboração.
Um grande desejo de renovação
Todas as assembleias foram um tempo de Graça para a Igreja. Para além de destacar o grande desejo de renovação caminhando juntos em unidade com Cristo, o processo continental revelou a alegria e o profundo amor de tantos fiéis pela sua Igreja, o Povo de Deus, apesar das suas deficiências e fraquezas; a importância da escuta como instrumento permanente e dinâmica da vida eclesial; e confirmou a escolha da conversão espiritual como método que favorece a verdadeira escuta e o discernimento comunitário para alcançar o consenso eclesial.
A Secretaria Geral do Sínodo expressa os seus sinceros agradecimentos a todos aqueles que se empenharam neste processo com grande seriedade e entusiasmo. A Etapa Continental permitiu-nos tomar mais consciência da importância de caminhar juntos na Igreja como uma comunhão de comunidades, reforçando o diálogo entre as Igrejas particulares e a Igreja Universal.
A conclusão da consulta não significa o fim do processo sinodal do Povo de Deus, muito menos a interrupção do diálogo entre a Igreja Universal e a Igreja Particular. Significa antes deixar às comunidades locais o desafio de implementar estas “reformas sinodais” na rotina diária da sua acção eclesial e com a certeza de que muito do que foi discutido e identificado até agora a nível local não requer o discernimento da Igreja universal ou a intervenção do magistério de Pedro.
Os Documentos Finais publicados até à data estão disponíveis aqui.
Original: castelhano (9/4/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
