SÍNODO DOS BISPOS, Homilia do Cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, de Tegucigalpa •
“Irmãos, alegrem-se, sejam perfeitos, animem -se, tenham um mesmo sentir, vivam em paz e o Deus da caridade e da paz estará convosco” ( 2 Cor 13, 11).
Começamos este Sínodo com grande alegria. É um caminho iniciado há já dois anos e, enche-nos de satisfação encontrarmo-nos, de novo, como irmãos, o que acabamos de ouvir.
IRMÃOS:
Que vimos dos 4 pontos cardeais convocados por Pedro, movidos pelo amor ao Senhor Jesus e à Mãe da Igreja. S. Paulo convida-nos, precisamente, à alegria. Esta alegria do Evangelho que o Papa Francisco proclama, incansavelmente, pelo mundo fora. Mas, como ele mesmo nos disse:” O grande risco do mundo actual, com a sua variada e esmagadora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que, brota do coração acomodado e avaro, da procura doentia de prazeres superficiais, da consciência isolada. Por vezes, entristece-nos ouvir como o mundo enfocou este Sínodo pensando que chegámos como dois bandos opostos para defender posições irredutíveis. Por isso, “Com Jesus Cristo sempre nasce e renasce a alegria”. Mais difícil é a segunda recomendação.
SEJAM PERFEITOS:
Estamos conscientes dos nossos defeitos e limitações mas, o Senhor que nos chamou, é perfeito e, sabe tirar coisas boas do que pode parecer um mal, visto que, é o Espírito Santo que, em definitivo, guia a Sua Igreja. Ele saberá inspirar os nossos pensamentos, palavras, acções, como dizemos na oração “agimos tibi gratias”, Logo, foi-nos dito:
ANIMEM-SE:
Não somos uma Igreja em vias de extinção, nem por sombras. A família, tão-pouco, ainda que, esteja ameaçada e atacada. Tão-pouco vimos para chorar, nem para nos lamentarmos pelas dificuldades. Já o Salmo 26 nos diz:” Sê valente, tem ânimo. Espera no Senhor” (Sal 26, 14).
TENHAM UM MESMO SENTIR:
Todos procuramos a unanimidade que vem do diálogo, não das ideias defendidas a todo o custo, S. Paulo lembra-nos: “Tenham os mesmos sentimentos de Cristo” (Flp. 2, 5).
VIVAM EM PAZ:
E, como nos diz a Evangelii Gaudium (238) o diálogo é a contribuição para a paz, porque a Igreja proclama “o Evangelho da paz” (Ef. 6, 15). Ao anunciar Jesus Cristo que, é a paz em pessoa (Cf. Ef. 2, 14), a Mãe Igreja anima-nos a sermos instrumentos de pacificação e testemunho credível duma vida reconciliada (Propositio 14). É hora de sabermos como desenhar, numa cultura que, privilegie o diálogo como forma de encontro, a procura de consensos e acordos. Não precisamos de um projecto de uns poucos para uns poucos, ou uma minoria ilustrada ou testemunhal que se aproprie de um sentimento colectivo.
POR ISSO QUEREMOS COMEÇAR O SÍNODO EM PAZ
Não é a paz do mundo, feita de componentes e de compromissos que, tantas vezes não se cumprem. É a paz de Cristo, a paz connosco próprios.
E, a conclusão é evidente: “O Deus da caridade e da paz estará convosco” (II Cor 3, 11). Por isso, podemos dizer-Lhe: “ Fica entre nós, Senhor” (Lc 24, 13). Não, precisamente, porque o dia está a terminar mas, porque está a começar.
Um novo dia para as famílias do mundo, crentes ou não crentes, famílias cansadas das incertezas e dúvidas semeadas pelas diversas ideologias, como as da desconstrução, contradições culturais e sociais, fragilidade e solidão, entre outras. Fica connosco, Senhor para que, este Sínodo produza um caminho de alegria e esperança para todas as famílias.
Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal