Posted On 2014-07-22 In Artigos de Opinião

A raiz e o coração da caridade e da solidariedade

Pe. Javier Arteaga. Na vida, quando agradecemos, é porque, em nosso interior, reconhecemos nossa necessidade, que estamos mais necessitados que os outros, e por isso pedimos ajuda.  Este é um ótimo ponto de partida, porque é nossa realidade.  Ouvimos tanto falar de independência e autonomia pessoal que esquecemos que entregamos  ao outro mais a nossa própria necessidade, em todos os setores (material e afetivo), do que as cotas de autonomia absoluta que conquistamos.  A independência convertida em ‘deus’ acaba sendo paga com a solidão; pelo contrário, a aceitação sincera de nossa carência do próximo, no final de tudo, termina com a companhia do próximo.  Essa é a raiz e o coração da “caridade” e da “solidariedade”.

Por detrás de um “obrigado” está o valor dado a tudo que se recebe e a quem nos tem ajudado.  Bem se diz que quem agradece vive com mais alegria, porque se reconhece beneficiado, “presenteado”.  Como nos faz bem agradecer!  E quanto se pode agradecer!  Realmente, podemos agradecer por quase tudo.  Cada dia, com toda sua bagagem, pode se converter em um “presente” e motivo para agradecimento; tudo depende de com que olhos e a partir de onde olhemos para a vida.  Padre Kentenich, no campo de concentração de Dachau, nessa “cidade de ódio, loucura e mente”, como o chamou, rezava a oração da manhã que dizia “Nós te agradecemos todos os dons que tão prodigamente recebemos, porque escolheste Schoenstatt, onde Cristo nasce novamente.  Nós te agradecemos que, de Schoenstatt, queres irradiar ao mundo aas glórias de Maria, para fazer jorrar torrentes de amor que inundem os corações frios”.

“Pelo que agradecemos hoje?  Pelo que pedimos perdão hoje? e “Por quem pedimos hoje?”

Conheço um casal que, quando os filhos eram pequenos, colocavam-se no Santuário-Lar para fazer a oração da noite e sempre se faziam três perguntas: “Pelo que agradecemos hoje?  Pelo que pedimos perdão hoje?  Por quem pedimos hoje?” .  Um simples, porém muito acertado exercício de fé prática na Providência de Deus para descobrir a presença de Deus em nossa vida.

Neste ano jubilar, celebramos 100 anos da primeira Aliança de Amor, daquela Aliança dos jovens e do Padre Kentenich com a Santíssima Virgem no Santuário de Schoenstatt.  Agradeçamos e alegremo-nos por tudo que recebemos nestes 100 anos, especialmente pelo dom da Aliança de Amor, por seguir a Cristo nas pegadas o Padre Kentenich, pelo presentes dos irmãos e irmãs e por sermos uma Família, pela missão recebida e compartilhada, e especialmente pelo presente do Santuário Original.

Agradecemos pela vida do Pe. Günther Boll

Queridos irmãos, este caminho de Aliança foi construído ao longo destes 100 anos pela entrega generosa de muitos corações ardentes em amor pela Mãe Três Vezes Admirável.  Permitam-me agradecer a Deus pela vida do Pe. Günther Boll, Sacerdote de Schoenstatt alemão, que foi ordenado no Santuário do Novo Schoenstatt em 20 de outubro de 1963 e faleceu neste 16 de julho.  Um verdadeiro filho e aliado da Mãe, discípulo fiel do Pai e Fundador e incansável apóstolo de Schoenstatt.  Muitas foram suas visitas à Argentina, presenteando-nos sempre com sua grande sabedoria do humano e do divino, e com sua cálida paternidade sacerdotal.  Ele nos ajudou a crescer no amor a Cristo, a Maria e à Igreja.  Nos ensinou a viver a Aliança.  No 40o aniversário da volta do Padre Kentenich do exílio, disse:

“Estes são os fundamentos sobre os quais Schoenstatt repousa: o inquebrantável fundamento da Aliança de Amor com a Mãe e esse inseparável entrelaçamento de destinos e fusão de corações entre o Fundador e sua Família.  Se hoje nos reunimos aqui, a fim de reavivar um pouco em nós o que esse acontecimento trouxe consigo e o que significa para nós, não é simplesmente para voltar o olhar para trás e contemplar tudo o que aconteceu naquele momento.  Nosso Pai, com sua consciência da história, sempre se valeu de cada olhar retrospectivo ao passado, cada intenção de reviver a experiência de um determinado momento histórico, para, ao mesmo tempo, reafirmar a missão permanente e projetar o caminho rumo ao futuro.  É isso, eu acredito, o que nosso Pai e Fundador quer nos dizer hoje, exatamente agora e aqui: Schoenstatt vive da fé na realidade na Aliança de Amor e do entrelaçamento de destinos entre o Fundador e todos nós, sua Família.  Este é nosso caminho.  Poderíamos pedir à Mãe Três Vezes Admirável: acompanha-nos neste caminho!  Queremos seguir adiante!”.

Queridos irmãos, pela imagem do Pe. Günther e de tantos outros irmãos que nos precederam na Aliança,  agradeçamos pelos dons recebidos e que nosso agradecimento se expresse em compromisso de vida, especialmente o compromisso pela unidade, de crescimento no espírito missionário; e de sair, compartilhar e anunciar a Aliança de Amor com Maria.  E que nossa Aliança de Amor vivida ajude a iluminar e transformar nossa sociedade.

Do Santuário, recebam cordial saudação e bênção,

Pe. José Javier Arteaga

 

Original em espanhol. Tradução para o Português: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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