Posted On 2013-12-10 In Artigos de Opinião

O advento na vida do missionário

Pe. Guillermo Carmona. O missionário vive da consciência de que Jesus, que nasce de Maria, é quem visita as pessoas na Imagem da Mãe Peregrina que ele leva até elas. O missionário é o portador de uma graça que não lhe pertence, mas tem a consciência de que é – apenas, nada mais, nada menos – instrumento.

Advento é o tempo durante o qual o missionário vive mais próximo de Maria, em sua expectativa da vida que Ela oferece em Belém, seu Filho Divino. Para que esse tempo seja um tempo de bênção, o missionário cultiva cinco atitudes própria do tempo do Advento.

A alegria

Como não viver a alegria, já que Deus ao nosso encontro? “Se manifestou a ternura de Deus”, dizia São Paulo em sua Carta a Tito. A ternura faz bem, nos faz reviver experiências de criança, quando nossa mãe nos acariciava e nos dava acolhida e amor. Acabamos de receber a exortação do Santo Padre sobre o Evangelho da Alegria. Todos os dias deveriam ser dias de alegria, porém, muito mais especialmente nas semanas do Advento. Em toda família, os dias anteriores a um parto são de nervosismo, mas também de alegria antecipada pela chegada da criança, principalmente se for o primogênito.

O missionário experimenta essa alegria porque está mais próximo de Maria. Não é uma alegria comercial de uma propaganda natalina. Não é da boca para fora. E porque sente essa alegria, ele a demonstra aos outros com gestos, com sorriso e com palavras. Convido todos a transmitir essa alegria aos missionados.

A esperança

Esperar significa olhar para mais além do horizonte. É acreditar que as promessas de Deus se cumprirão. Jesus é a grande promessa do Pai, sua misericórdia, liberdade e vida. Existem dois tipos de esperança: a passiva e a ativa. É passiva quando apenas se espera que as coisas aconteçam, sem fazer nada para que se concretizem. É ativa quando a pessoa se põe a caminho para apressar a esperança, para prever quando ela chega, despertando-a com oração e saudade. É preciso falar dessa esperança para as pessoas, sobretudo para aquelas que estão sofrendo, tristes, sem vontade de viver. A esperança ativa cria espaços para detonar a força que impulsiona a não se conformar, a não cair, a não se abandonar a si próprio. Não é o otimismo cego (“tudo vai melhorar”) , mas otimismo lúcido: porque Jesus virá, você tem direito a pedir a sua ajuda, sentir sua companhia e não deixar que o desalento vença você.

A intimidade com Maria

Queremos ter mais intimidade com a Mãe e com o Senhor. Em diálogos consigo mesmo e com os outros, percebo que um dos motivos pelos quais não consigo ter mais intimidade é a falta de tempo, a ignorância de não saber como alcançar essa intimidade. O Advento é o tempo ideal para cultivar essa intimidade com nossa Aliada e com seu Filho. Gostaria se sugerir para vocês uma pequena trilha, algo assim como “segredo para a intimidade”. Consiste em escolher uma jaculatória que repetimos muitas vezes ao dia. Nem sempre se consegue no primeiro dia, mas quando alguém se acostuma a repeti-la, e dizê-la do fundo do coração, acaba crescendo em uma “permanente presença de Deus”, como se nos ensinava o catecismo. Uma jaculatória para este tempo pode ser, por exemplo: “Mãe, saúda-me! Faz do meu coração o presépio onde Jesus possa nascer com seu Amor. Amém!”. É algo muito simples, porém infalível, que provoca mudança e favorece uma intimidade especial com a Virgem.

A oração da vida

O missionário sabe que o Santuário é um Belém, onde Maria dá à luz Jesus. Durante o Advento, convido vocês a rezarmos várias vezes em nosso Santuário-Lar, Filial ou de trabalho, a oração da “laudes” do Rumo ao Céu (estrofes 186-189):

Teu santuário é nosso Belém
que, pelo despontar do Sol, agrada a Deus.
Ali, deste virginalmente à luz o Senhor
que te escolheu por Esposa e Mãe;
em tua fecundidade admirável,
nos trouxeste o Sol da Justiça.
Construíste Schoenstatt benignamente,
para que nosso tempo contemple a luz eterna;
como Portadora de Cristo, por Deus enviada,
a partir dali queres percorrer o mundo em trevas.
Com júbilo, imerge novamente o Senhor em minha alma,
para que em tudo, como tu, eu lhe seja
semelhante; torna-me portador de Cristo
para o nosso tempo, a fim de que
resplandeça na mais clara luz do sol.

O tempo do Advento é propício para rezar a partir da vida. Não é fácil: é fim de ano, tempo de exames, de preparar as festas e as férias. Não haverá muito espaço para a oração formal. Porém, sempre podemos rezar a partir da vida: agradecer por tudo de lindo que nos acontece, pedir por alguém ou por algo que nos preocupa, oferecer os contratempos, arrependimentos, sem lastimar com ninguém. Rezar com a vida significa encontrar-se com o Deus que escreve na tela do mundo, no tempo e no coração dos homens.

A unidade

É bom cultivar a unidade, neste tempo de Advento. Há muito que aproveitar para nos aproximarmos dos que estão mais distantes, daqueles por quem temos certo rancor, aqueles que nos causaram algum mal. É tempo de perdão, de antecipar e viver a promessa da véspera do natal: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.

Mais além do puro consumismo, que com certeza podemos limitar também em nossos lares, é muito saudável cultivar a união e sair da crise do egoísmo; mandar um e-mail para alguém a quem não escrevo há muito tempo; ser mais cordial com o cônjuge, com os filhos, com a pessoa que trabalha na minha casa, com o colega, o vizinho; é uma grande oportunidade para que o pai abrace seu filho, para que os filhos manifestem o carinho por seus pais; é tempo para ser solidário com o homem que está só ou vive pelas ruas; levar a alegria a um enfermo e o consolo a quem perdeu um ente querido…

Advento é tempo de humanidade, porque revive o momento de graça em que Deus visitou o ser humano. Hoje, ele quer visitar novamente, por meio de nós. O melhor presente para ser colocado na árvore de Natal é aquele que, com certeza, semeamos com amor.

Resumindo

Cada uma dessas atitudes de Advento começa com uma vogal: “A”, de alegria; “E” de esperança; “I” de intimidade; “O” de oração e “U” de unidade. É bem fácil memorizar assim mas… e vivê-las?

Queridos missionários, compartilho com vocês esse tempo. No Santuário, a Senhora da Expectativa está nos abençoando. Eu me associo a essa bênção.

Pe. Guillermo Carmona,

Diretor Nacional da Campanha da Mãe Peregrina, Argentina

Original em espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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