Posted On 2012-03-04 In Artigos de Opinião

Trata-se de nossa Aliança de Amor vivida fiel e criativamente, que vai amadurecendo e dando frutos na vida diária

Pe. Javier Arteaga. Muitos peregrinos, quando chegam ao Santuário de Schoenstatt, perguntam se Maria Santíssima apareceu alguma vez aí, tal como ocorreu em demais lugares santos, como por exemplo: Lourdes ou Fátima. Não, em Schoenstatt, não houve aparição alguma de Nossa Senhora. Sem embargo, Ela, certamente, manifestou-se e manifesta-se claramente em seu pequeno Santuário, concedendo a todos os peregrinos copiosas graças de Deus, cumprindo-se assim o que disse o Padre Kentenich, em 18 de outubro de 1914: “Todos os que aqui chegarem para rezar, terão de experimentar as magnificências de Maria”. Aí onde se encontra a Santíssima Virgem, surge a vida, refulge a esperança e a paz. E, como toda a boa mãe, fá-lo sempre em prol de todos os filhos seus, preocupando-se de modo particular com aqueles que mais sofrem, com os mais necessitados, com os mais fracos.

Um testemunho de fé viva no atuar de Maria Santíssima no Santuário

Há alguns anos, uma senhora contou-me que, apoquentada por um grande problema familiar, se aproximou do Santuário de Nossa Senhora de Schoenstatt; em seu desespero, apenas encontrava um tanto de tranquilidade, indo ao Santuário, estando uma vez por outra junto de sua “Mãezinha”; pouco depois, seu desconsolo foi-se pacificando, de sorte que foi encontrando novas perspectivas para a sua situação; e assim, pôde enfrentar decisões. O problema não foi resolvido, mas ela havia-se transformado perante o problema; tinha força da vida. Seu relato era mais que meras palavras; era um testemunho de fé viva no atuar de Maria Santíssima no Santuário.

Há muitos e diversos santuários marianos no mundo inteiro, e multíplices são as graças que a Santíssima Virgem neles concede. O Padre Kentenich dizia que “Maria Santíssima quer oferecer-nos aqui (em Schoenstatt) um lar espiritual, uma terra, uma pátria”. (Stuttgart, 1940)

O Padre Kentenich, com uma profética percepção dos problemas da época, detectou que nos encontrávamos ante a mudança radical do mundo; e no centro da problemática encontra-se o homem. Percebeu o enorme desarraigamento e a orfandade existencial, bem como, um crescente processo de massificação e “coisificação” do homem; via a perigosa suplantação de valores culturais e religiosos por um ateísmo prático. Em seu dizer, estes novos tempos requeriam um novo tipo de personalidade que daria respostas novas a estes problemas, afirmando que esta renovação, a partir da alma do homem, só poderá realizá-la a Virgem Santíssima, Mãe e Educadora do homem novo, em Cristo.

A Aliança de Amor

Essa foi a experiência pessoal do Padre Kentenich, no dia 18 de outubro de 1914. Nesse dia, ele, juntamente com um grupo de jovens, selou, na antiga capelinha, uma Aliança de Amor com Maria Santíssima, dizendo-lhes: ”Não seria possível que a Capelinha de nossa Congregação se tornasse nosso Tabor, no qual se manifestem as magnificências de Maria? Sem dúvida, maior ação apostólica não podemos realizar, herança mais preciosa não podemos legar aos nossos sucessores do que mover nossa Senhora e Rainha a estabelecer aqui, de modo especial, o seu trono, distribuir seus tesouros e realizar milagres da graça.”

Poucos meses antes do ocorrido, havia começado a grande guerra na Europa; e assim a propaganda fomentava a euforia bélica no coração desses jovens, de suas famílias, causando certa incerteza e desconsolo na maioria do povo. “Que fazer por esses jovens que logo serão chamados para a frente de combate? Como ajudá-los a manterem-se fortes na fé e nos ideais de santidade no meio da guerra?”

Por aquela Aliança de Amor que selaram os jovens com a Santíssima Virgem, por aquela entrega de amor filial, confiado e heroico, Maria Santíssima tomou posse da capelinha, e esta se converteu em seu Santuário. Para os jovens, o Santuário foi um lar e uma escola de renovação e de santidade; dizia o Padre Kentenich: “Não se trata de um lugar de graças no sentido comum da termo, senão que desde o princípio se tratou, por assim dizer, de um lugar de graças para as almas; não principalmente de curas de enfermidades nem coisas do gênero, senão de graças singulares para a renovação das almas e para a renovação do mundo. Em suma: nossa Mãe do Céu escolheu a Capelinha como seu singular lugar de graças, para, a partir daqui, empreender ou realizar uma parte da renovação do mundo e fazer de nós instrumentos seus nesse empreendimento”.

Frutos de santidade e de renovação social em Cristo

Queridos irmãos, graças a Deus nossa realidade não é a guerra, mas a Argentina encontra-se marcada por grandes problemas que são nosso desafio, hoje: o respeito pela vida humana, a paz social, o desenvolvimento equitativo, o pão e o trabalho em cada lar, a educação, a saúde… Também hoje Maria Santíssima pede-nos que demos frutos de santidade pessoal e de renovação social em Cristo. Trata-se de nossa Aliança vivida fiel e criativamente, que vai amadurecendo e dando frutos na vida diária e que se traduz em gestos, palavras e atitudes, como o diálogo, o encontro, a cordialidade, o respeito, o perdão e a reconciliação, a força para crescer e amar. Para uma mudança tão profunda, o Santuário continua sendo, hoje como ontem, o lugar privilegiado, onde Maria Santíssima educa e gera esta nova cultura, a Cultura da Aliança.

(Carta da Aliança, fevereiro de 2012)

 

Tradução: Abadia da Ressurreição, Ponta Grossa, PR, Brasil

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