Posted On 2015-02-18 In Schoenstatteanos

“Abençoa também, Senhor, os meus inimigos”

ALEMANHA, mda. “Abençoa também, Senhor, os meus inimigos”. De repente as pessoas que estavam na fila do balcão da estação de correios desviaram toda a sua atenção para uma conversa sobre feridas e reconciliação, rivalidades no trabalho e na família, e na força que é preciso ter para que, quando pensamos em alguém que foi injusto connosco ou nos fez mal, não falemos mal dessa pessoa ou algo pior. “Dê-me mais dez”, disse a jovem mulher que tinha iniciado a conversa, “Nunca tinha visto um selo assim”. Atrás dela alguém comentou: “Creio que vou colocar um no meu escritório”. “Abençoa também, Senhor, os meus inimigos”. Esta semana saiu o selo especial comemorativo dos 100 anos do aniversário do Pe. Karl Leisner. As pessoas comovem-se com a simplicidade e a força da última frase, no dia 25 de julho de 1945, do diário deste jovem originário do Bajo Rin que morreu de tuberculose pouco depois de ser libertado do campo de concentração de Dachau: “Abençoa também, Senhor, os meus inimigos”. O centenário do seu nascimento será celebrado no dia 28 de fevereiro de 2015.

Os artistas gráficos, professores Daniela Hauf e Detlef Fiedler, de Berlim, desenharam o selo especial que custa 62 centavos. Está à venda desde 5 de fevereiro de 2015 e foi apresentado em 9 de fevereiro, ao meio-dia, no salão do Seminário Maior de Munster. Foi oferecido um álbum com os primeiros selos aos Bispo Felix Genn, a Monika Kaiser-Hass, Vice-presidente do Círculo Internacional Karl Leisnr Circle (IKLK) e ao Pe. Benedikt Elshoff, Presidente do IKLK, o qual teve a iniciativa de solicitar um selo especial.

O centenário do nascimento de Karl Leisner, beatificado em 23 de junho de 1996 no Estádio Olímpico de Berlim pelo Papa João Paulo II, não é importante apenas para as pessoas da estação de correios de Lohmar. O Stiftmuseum na cidade de Xanten fará uma exibição sobre Karl Leisner que se prolongará até finais de junho. Uma exibição móvel com cerca de 13 Roll-ups visitará várias cidades alemãs.

Na primavera terá lugar uma conferência sobre Karl Leisner na Franz Hitze Haus em Munster. Foi organizada pelo IKLK, tal como os selos, a exibição em Xanten e a estátua comemorativa em Kleve, que foi inagurada em finais do ano passado para comemorar o septuagésimo aniversário da ordenação de Karl Leisner no campo de concentração de Dachau.

Um schoenstatteano do segundo século de Schoenstatt…

Um jornal de Wurzburg escreveu acerca do “jesuíta Karl Leisner” relativamente ao selo especial e ao centenário do nascimento de Karl Leisner. Na verdade, só o seu amigo e biógrafo, o Pe. Otto Pies, SJ, é jesuíta. Karl Leisner foi um schoesntatteano da cabeça aos pés, mas não de maneira exclusiva, e não era conhecido no campo de concentração com um “representante de Schoenstatt”. Ninguém o era. Ele era simplesmente um schoenstatteano, cuja identidade estava baseada na Aliança de Amor e que exercia um apostolado muito variado de acordo com o seu chamamento pessoal. Aproveitou os seus muitos dons, quando as portas e as pessoas se lhes abriam, para conquistar pessoas para Deus. Schoenstatt levou algum tempo a descobrir o seu primeiro beato, um mártir, cuja primeira preocupação não era fazer crescer Schoenstatt, mas sair do santuário para a periferia da sociedade, para a periferia extrema – o campo de concentração de Dachau. Ele já estava moribundo quando foi ordenado sacerdote ali mesmo, e só celebrou Missa uma vez.

O lugar teológico dos Movimentos é na rua, disse o Cardeal Jorge Mario Bergoglio em 1999, durante um encontro de Movimentos Eclesiais em Buenos Aires. “Mas que mal nos fazem aqueles que vivem para “olhar o seu umbigo” (olhar para si mesmos) e não saem para missionar. Não saem para dar a herança que receberam gratuitamente por pura graça de Jesus Cristo, por puro amor do Pai em comunhão com o Espírito Santo. Cuidado! Cuidado com as elites. As elites fecham-se numa bolha, perdem o horizonte missionário, perdem o impulso, perdem a coragem. As instituições e movimentos têm que dar a herança. Vocês perguntar-me-ão: Padre onde? Na rua, na rua. Ali onde se vive a vida da nossa cidade. Ali onde se joga a salvação eterna de homens e mulheres. Ali onde se vivem os valores. Ali onde muitos rapazes, desde muito pequenos, podem começar a percorrer um caminho que os vai fazer muito infelizes o resto das suas vidas. A rua é o lugar teológico dos movimentos e das instituições. Ali é onde têm que sacrificar-se, oferecendo o presente recebido, transmitindo a herança que gratuitamente receberam. Como Bispo peço-lhes; Por favor, não guardem a herança na vitrine para mostrarem às visitas- Levem-na para a rua, busquem horizontes missionários, “vivam-na” todos os dias, que esta herança, que tão gratuitamente recebemos, seja fermento desta cidade.” (29.5.1999).

Esta é uma mensagem e um pedido que serve como uma luva a Karl Leisner, com todos os riscos que enfrentou, fortalecido com a sua consagração à Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt, sua amada Mãe e Rainha.

“Uma Igreja que não sai é uma Igreja de `estranhos`. Um movimento eclesial que não sai em missão, é um movimento de ´estranhos`. Em vez de ir buscar ovelhas para ajudar ou dar testemunho, dedicam-se ao grupinho, a pentear ovelhas. Não é? São cabeleireiros espirituais, Não? Assim não dá.” disse Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, 15 anos depois, para a Audiência por ocasião do Jubileu do Movimento de Schoenstatt: “Ou seja sair, sair de nós mesmos. Uma Igreja ou um movimento, uma comunidade fechada adoece. Tem todas as doenças do fechamento. Um movimento, uma Igreja, uma comunidade que sai erra, erra. Mas é tão bonito pedir perdão quando se erra. Por isso não tenham medo”.

Karl Leisner foi um dos muitos schoenstatteanos que saiu, que viveu uma “Aliança de Amor interior”. Na linguagem do Papa, ele ficou ferido de morte ao sair, mas nessa periferia extrema encontrou-se com Jesus, no sentido mais profundo destas palavras “Abençoa também, Senhor, os meus inimigos”.

Schoenstatt celebra o centenário do nascimento de Karl Leisner

De acordo com a informação do Pe. Stefan Keller, do Instituto de Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt, serão realizados vários eventos em Schoenstatt em torno do centenário do nascimento de Karl Leisner. No dia 5 de março pelas 7:30 p.m. celebrar-se-á uma Missa solene com o Arcebispo Emérito Robert Zollitsch na Igreja da Adoração para comemorar o centenário do nascimento de Karl Leisner. O Instituto de Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt organizará a chamada Semana de Moriá de 2 a 8 de agosto deste ano com o tema de Karl Leisner. O Pe. Hans-Karl Seeger (editor dos jornais) e o Pe. J. Schmiedl foram convidados para falar.

Durante a Adoração em Marienau, no carnaval, foram usados textos de Karl Leisner, o Pe. Ernst Gerkens de Kleve, lugar de nascimento de Karl Leisner, em Flandrischen Strasse 11, em Kleve, e Theo Hoffacker (de Xanten-Marienbaum) aceitaram a responsabilidade pelo conteúdo que foi partilhado nesses dias.

Há muito tempo que não escrevo cartas

Neste tempos de correios eletrónicos, Skype, Whatsapp, Twitter e Facebook, escrever cartas passou de moda.

Necessitava de 20 selos de Karl Leisner para a fotografia, por isso comprei-os, E agora? Simplesmente não posso deixar esses selos numa vitrine de cristal ou numa caixa como recordação. Não posso fazer isso de acordo com as palavras de Jorge Mario Bergoglio, nem de acordo com o testemunho de Karl Leisner. Abençoa também, Senhor, os meus inimigos. Os selos têm que ser enviados, e já estou a pensar em alguém…

Original: Alemão – Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa/Portugal

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