Posted On 2015-01-13 In Schoenstatteanos

“Karl Leisner é uma inspiração”

ALEMANHA, mda. O 70o aniversário de ordenação sacerdotal de Karl Leisner não foi comemorado somente em sua cidade natal – Kleve (ver o artigo do pároco Stefan Keller, de 17/12/2014), mas também no monumento comemorativo do campo de concentração de Dachau. Nessa ocasião, o Cardeal Reinhard Marx qualificou como exemplares a vida e o sofrimento do beato Karl Leisner, ordenado sacerdote há 70 anos, no campo de concentração de Dachau. “Karl Leisner é uma inspiração para todos nós”, disse o Arcebispo de Munique e Freising durante a Santa Missa em memória do sacerdote. “Existiram homens que não se calaram diante do poder mais brutal. Pelo contrário, como sinal de protesto, deixaram claro o seguinte: Sereis derrotados, esbirros [N.T.: empregados menores], declarou o cardeal durante a homilia na paróquia de Santa Cruz, em Dachau. Marx lembrou que a comunidade dos religiosos do Movimento de Schoenstatt prisioneiros em Dachau, à qual Leisner pertencia, chamava-se “Victor in vinculis”, “Vencedor em correntes”: “Foi uma ação conjunta de muitos e uma forte profissão de fé no sentido de que Aquele que virá é o vencedor, mesmo que tenha sido acorrentado e pregado na cruz. Isso obriga a todos nós para o futuro”.

A Ir. Elinor Grimm, Kösching, conta: “Na Santa Missa comemorativa, celebrada em 17 de dezembro, na Igreja de Santa Cruz, estavam no altar dois cardeais, nove bispos e cerca de 20 sacerdotes e diáconos. Participaram também muitos Sacerdotes de Schoenstatt e Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt, como concelebrantes ou como assembleia. Com o Bispo Hippolyte Simon, chegou um grupo numeroso de franceses; a maioria, jovens. No final da Santa Missa, cantaram um canto em francês, junto com uma religiosa. A Santa Missa celebrada foi composta em latim pelo Pe. Gregor Schwake OSB, em 1944, no campo de concentração. Os cantos foram solenemente acompanhados por um órgão e outros instrumentos musicais”.

Por que sacerdote?

Segundo o Cardeal Marx, Leisner, procedente da diocese de Münster, mortalmente enfermo e arrancado de sua grande paixão pelo trabalho eclesial com a juventude, perseverou em sua meta durante seu cativeiro: “Ele continuava querendo ser sacerdote, mesmo tendo a clara certeza de que não tinha nenhum futuro na vida terrena”. Segundo Marx: “Então, por que tanto esforço, para que se ordenar sacerdote?”. Leisner tinha trabalhado com entusiasmo “considerando o maior presente que um sacerdote pode oferecer”: “Presidir a Missa, celebrá-la, pregar, vivê-la”. Depois de sua ordenação pelo Bispo de Clermont, Gabriel Piguet, também prisioneiro em Dachau, Leisner presidiu a Santa Missa uma única vez em sua vida, em 26 de dezembro de 1944: “Assim, ele mostrou o que é importante”, disse Marx: “Trata-se de desenvolver uma paixão e não ser cristãos tíbios. Peçamos ao Senhor que a lembrança de Karl Leisner e de seu testemunho, que foi breve, porém forte, nos ajudem a viver, hoje, a fé”.

Durante a Eucaristia, Marx portava o báculo de D. Gabriel Piguet, fabricado no campo de concentração de Dachau, além da casula de Leisner, também bordada no campo de concentração.

Escutar os testemunhos da época

À tarde, alguns schoenstattianos participaram da celebração no monumento comemorativo do campo de concentração, como Ir. Elinor continua a informar: “Começou às 15 horas, com as Nonas, no Carmelo. O Arcebispo de Munique, Cardeal Reinhard Marx, também presidiu essa celebração. Depois, todos se dirigiram à capela da angústia de Cristo. Várias pessoas leram textos de 1944, com testemunhos da época. Assim, foi possível imaginar as terríveis circunstâncias daquele tempo. Em vários barracões, o tifo tinha se instalado. Foi impressionante o relato do Bispo Gabriel Piguet contando como, depois de conseguir a permissão dos bispos responsáveis, um de Munique e outro de Münster, ele estava disposto a ordená-lo clandestinamente. O texto da Ir. Imma Mack SSND foi lido por uma religiosa da congregação das Hermanas Escolares de Nuestra Señora. A então candidata Josefa Mack foi responsável por vários recados para a ordenação sacerdotal clandestina, levando ao campo de concentração através de um caminho secreto por uma plantação, entre outras coisas, os santos óleos, mandados pelo Cardeal de Munique, e os livros do rito. O relato do jesuíta Otto Pies transmitiu a impressionante atmosfera daquele dias e a enorme colaboração dos outros prisioneiros do bloco dos sacerdotes. Depois que teve que compartilhar a prateleira do barracão com Karl Leisner, converteu-se em seu fiel amigo e companheiro espiritual.

Junto ao bloco 26, o dos sacerdotes, os bispos de Münster, Felix Genn, e o Arcebispo de Münster, D. Hippolyte Simon, fizeram uma oração solene. Pediram perdão, mas também agradeceram a Deus “porque resistiram à humilhação desumana no campo de concentração”. Expressaram, também, este pedido: “Queremos ser como os vigilantes das muralhas da cidade, para defendermos uns aos outros. Ajuda-nos, Senhor, a reconhecer todas as pequenas luzes de bondade e de fraternidade que brilham na escuridão, como as primeiras promessas do amanhecer”.

Nesse lugar (onde atualmente está esculpido o número 26), naquela época ficava a base do altar da capela do campo. Ali foi celebrada a ordenação clandestina, no dia 17 de dezembro, e, no dia 26, a primeira missa, primeira e única missa que um Karl Leisner gravemente doente pôde celebrar. O bloco de pedra com o número gravado estava enfeitado com um formoso ramalhete de flores.

O evento terminou diante do monumento internacional.

Devido às baixas temperaturas, todos aceitaram com gratidão o convite para dirigirem-se ao centro de visitantes, para se aqueceram um pouco. Tanto ali, como na casa paroquial da Santa Cruz, à noite, aconteceram encontros internacionais em um ambiente de alegria.

Original em espanhol. Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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