Dachau

Posted On 2024-04-12 In Vida em Aliança

Intervenção divina

ALEMANHA, Ir. M. Elinor Grimm •

“As correntes caíram! Há uma resposta mesmo sem milagres – como a minha libertação de Dachau. Rezámos muito. Embora tudo parecesse acontecer naturalmente, foi uma intervenção sobrenatural, divina”. Assim falou o Pe. Kentenich em Ennabeuren, em 1945, quando foi libertado do campo de concentração em 6 de Abril de 1945. —

De facto, entre o final de Março e o início de Abril, por ordem de Heinrich Himmler, foram libertados do campo de concentração alguns dos chamados “clérigos alemães pertencentes ao Reich”. Depois, isto chegou ao fim. O Padre Kentenich foi um dos prisioneiros libertados. De Dachau, ele foi para Ennabeuren, fazendo várias paragens, onde pretendia aguardar o fim iminente da guerra com o Padre Kulmus, um sacerdote de Schönstatt, e depois regressar a Schönstatt.

Agradecimento pela “intervenção divina” e apelo à paz

Quisemos recordar esta “intervenção divina” com uma visita temática ao Memorial do campo de concentração de Dachau. No final, celebrámos uma Missa de Páscoa de Acção de Graças, na qual rezámos também pela grande causa da paz. As pessoas na Ucrânia, em Israel, em Gaza, no Haiti, das muitas zonas de guerra do mundo precisam de uma “intervenção divina”.

Uma mulher de quase 90 anos, membro do Movimento de Schönstatt, foi muito activa e conseguiu que um franciscano polaco da sua paróquia viesse a Dachau. Ele estava muito interessado e até trouxe um visitante: um missionário, professor em Hong Kong.

Alguns participantes estavam a visitar Dachau pela primeira vez. Alguns não puderam ficar até à Santa Missa, outros juntaram-se a eles e muitos ficaram surpreendidos com o grande número de pessoas que assistiram.

Rundgang durch die KZ-Gedenkstätte Dachau, 6.4.2024

Visita ao Memorial do campo de concentração de Dachau, 6 de Abril de 2024 | Foto: A. Pfaffenzeller

Lembrete adicional – não planeado, mas lógico

Na verdade, até nos lembrámos novamente do evento especial: na sexta-feira, 5 de Abril, teve lugar uma visita religiosa guiada, com Missa na Capela das Angústias de Cristo. Um capelão do Norte da Alemanha organizou-a para um grupo de jovens que queriam ser crismados. Também foi incluída uma visita ao Memorial “Weiße Rose” (Rosa Branca) em Munique. Como o dia da libertação do Padre Kentenich, 6 de Abril de 1945, era a Sexta-Feira da Semana Santa, foi um encontro agradável. Durante a visita, pude chamar a atenção dos estudantes para este facto.

Alguns dias antes, na terça-feira de Páscoa, os jovens da Juventude Masculina de Schoenstatt participaram num dia de seminário em Dachau. Também neste dia, 6 de Abril. O título da imagem da Mãe de Deus de Schoenstatt tem a sua origem numa Terça-feira da Semana Santa. Em 6 de Abril de 1604, em Ingolstadt, o Padre Rem SJ teve a experiência religiosa de que Maria era particularmente querida com o título de “Mãe Três Vezes Admirável”. O pároco Otto Maurer (+) recordou sempre este facto com grande dedicação.

É como uma confirmação do céu que o Pe. Kentenich obteve realmente a sua liberdade neste dia. Isto indica a grande protecção que Maria lhe deu durante os anos de cativeiro: Ela estendeu o seu manto protector sobre ele em todas as situações perigosas! Se pensarmos o que o Pe. Kentenich ousou fazer no campo de concentração, muitas vezes colocando a sua vida em perigo!

Como foi o dia 6 de Abril de 1945 e o que aconteceu depois?

Após a sua libertação, o Padre Kentenich foi directamente para a estação de comboios de Dachau com o capelão Kostron para procurar uma ligação para Röhrmoos. Enquanto o capelão viajou para Freising, o Pe. Kentenich foi ter com o Pe. Pfanzelt em St. Jakob, Dachau, para lhe agradecer toda a sua ajuda aos prisioneiros do campo de concentração.

À tarde, viaja para Röhrmoos e, de lá, vai para Schoenbrunn, para o convento das freiras franciscanas. Ali, na oficina de costura, as Irmãs arranjaram-lhe um fato melhor – ainda hoje se fala disso! Em 1923, o Pe. Kentenich já tinha estado em Schoenbrunn para uma conferência. Nessa altura, o Padre Wimmer, SAC, era o director espiritual do convento.

Na verdade, o Pe. Kentenich queria ficar em Schoenbrunn por um tempo para trabalhar em algo. Mas um dos seus companheiros de Dachau, o capelão Dresbach, que também tinha sido libertado, chegou de Freising no final da noite de 6 de Abril para o levar a Freising no dia seguinte. De manhã, ambos celebraram a Santa Missa num altar lateral da basílica. À noite chegaram a Freising, onde o Pe. Quirmbach se encontrava no Vinzentinum. O Pe. Kentenich não se poupou a esforços. Com incrível energia e fervor missionário, encontrou-se com os schoenstatteanos de Freising.

Anos mais tarde, a Sra. Füßl relatou os seus encontros com a Juventude Feminina, à qual pertencia: “No dia 8 de Abril, o padre disse às raparigas na capela de Altötting, entre outras coisas: ‘O campo de concentração e o terror não me tiraram nada, nem mesmo a minha barba, porque está a começar a crescer de novo. – Quando se faz uma viagem, pode contar-se uma história…, pode pensar-se. Mas não queremos olhar para trás, para o horror. Queremos olhar para o futuro. Depois agradeceu-nos os pacotes de amor que alguns de nós levaram para Dachau, elogiou a coragem… Sugeriu: “Não queremos apenas aliviar as dificuldades externas. Queremos sobretudo reavivar no coração das pessoas a fé enterrada e a confiança em Deus. Queremos rezar muito, sacrificar muito, amar muito!

Houve outro encontro com o Vigário Geral e também com o Cardeal Faulhaber. Em seguida, viajou por etapas – ainda havia guerra – para Ennabeuren, nos Alpes Suábios, para a casa do Padre Kulmus, um sacerdote de Schoenstatt. O grande desejo era regressar a casa, a Schoenstatt. Mas isso demorou até ao dia 20 de Maio. O Pe. Kentenich regressa ao Santuário Original no Pentecostes de 1945.

Uma longa sobrevivência

Recentemente, o Memorial tem uma nova e boa oferta online para preparar uma visita: a novela gráfica “Ein Überleben lang” (Uma longa sobrevivência). Trata-se de uma adaptação das notas secretas do prisioneiro Edgar Kupfer-Koberwitz sobre o campo de concentração. Kentenich ou outros prisioneiros também podem ser localizados. Em breve também em inglês.

Ein ÜberLeben lang

Ein Überleben lang

Original: alemão (9/4/2024). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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